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Por Dani

Um cessar-fogo com direito a troca de reféns pelo Hamas e Israel acontece sob forte tensão e muitas expectativas, após algumas tentativas de resoluções propostas pelo conselho de segurança da Organização das Nações Unidas serem vetadas. O direito de autodefesa de Israel, levantado algumas vezes pelos Estados Unidos por exemplo,fizeram com que a resolução redigida pela diplomacia brasileira que buscava equilibrar visões de vários países no sentido de uma resolução mais consistente do que um cessar fogo, paralisasse o conflito entre Israel e o Hamas que vem escalonando uma grave crise humanitária que pode ser ampliada a outros países do oriente.

O texto brasileiro, cobrava o fim do bloqueio à Faixa de Gaza e condenava os ataques feitos pelo grupo extremista Hamas.

O conflito entre Israel e a Palestina é longo e complexo, envolvendo disputas territoriais, religiosas, políticas e culturais e devemos ressaltar que a causa Palestina tem sido negligenciada em um cenário mundial, propiciando o escalonamento da tensão. Em 1948, houve um profundo combate que reduziu a área ao redor da cidade sob ocupação árabe a uma faixa de território de 40 quilômetros de comprimento e aproximadamente 8 quilômetros de largura, a Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 2,1 milhões de pessoas.

As fronteiras foram demarcadas no acordo de Armistício entre Israel e Egito, em 1949, mas o conflito nunca acabou e vive hoje um dos momentos mais tensos. Em 2007, o grupo extremista Hamas, surgido em 1987, passa a controlar a Faixa de Gaza, não havendo mais eleição na região. No mesmo ano, com apoio do Egito, Israel impôs um bloqueio por terra, ar e mar ao território, alegando ser necessário para a segurança dos israelenses.

O impacto social desse bloqueio vem comprometendo severamente a vida individual e coletiva da população palestina que não possui garantia de acesso a recursos básicos, como água e alimentação adequada, mesmo em períodos menos conflituosos.
Após o terrível ataque do Hamas a Israel no último 7 de outubro, assistimos o que nas favelas do Brasil chamamos de operação vingança, através de diversas violações de direitos e com risco iminente de morte.

Os bloqueios e restrições aos direitos fundamentais, fazem parte das ações punitivistas aplicadas a toda uma população como consequência dos atos de alguns indivíduos.Nas favelas cariocas surgidas no início do século passado em consequência de um projeto de urbanização excludente, elitista e racista que destruiu os cortiços, obrigando a população a migrar e estabelecer residência próximo aos seus trabalhos, iniciando o Morro da Providência, também vivenciamos uma violenta disputa social com inúmeros atores e interesses que criminalizam a população mais pobre.

Por aqui, a herança colonialista, é o pano de fundo imagético que dá o tom da divisão territorial, determinado quem terá seus direitos garantidos e acesso às políticas públicas. O controle dos mais vulnerabilizados, possui viés militarizado e é construído pelo estado por meio de instrumentalidade e resultados tão violentos e impactantes quanto no Oriente Médio. Nas favelas ou na Faixa de Gaza, é difícil encontrar alguém que não tenha perdido um ente querido violentamente, perpetuando conflitos e traumas cada vez mais profundos.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, entre 1 de janeiro e 22 de agosto de 2023, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, pelo menos, 24 crianças e adolescentes foram mortas por armas de fogo.

Zuenir Ventura intitulou seu livro em 1994, como “Cidade Partida”, ao se referir a essa divisão social e as consequências violentas das ações punitivistas e excludentes do estado aos territórios favelados e periféricos.

Monitoramento e controle por parte das policias, é uma realidade dessas localidades que geralmente tem nessa relação, a única ou a mais constante com o estado. Esse apartheid social perpetua a vulnerabilidade nas favelas e decide sobre vida e morte de seus moradores com uma banalização assustadora.

Altos índices de pobreza, falta de infraestrutura adequada, se misturam aos conflitos armados constantes e distanciam tanto a favela no Brasil quanto Gaza do conceito de segurança humana do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que pensa o desenvolvimento e a proteção do indivíduo de forma ampla e inclusiva ressaltando os direitos humanos e as necessidades básicas fundamentais.

Restrições de movimento, demolição de casas, deslocamento forçado, detenções arbitrárias, violações dos direitos humanos, silenciamento e invisibilidade não são punições coletivas restritas a Gaza. Atuações semelhantes frequentemente justificadas pelo estado como consequência de ações de “segurança” pública, são cotidianamente vivenciadas, por exemplo, por quem mora em alguma favela do Rio de Janeiro ou de outra região do país.

Cercos militares nas entradas e saídas das favelas, veículos e aeronaves blindados, violência policial, execuções extrajudiciais, abusos de poder, discriminação, falta de acesso a serviços básicos como saúde e educação e a falta de monitoramento externo das policias na perpectiva abolicionista dessas instituições, modelam uma “guerra” as drogas que nunca existiu de fato e nos transporta a Palestina no que tange a experiência de viver com um constante alvo na testa desde a infância, independente do que se faça.

O aparato de segurança pública brasileiro está desde a colonização estruturalmente pautado na criminalização de moradores de territórios vulnerabilizados. A distância geográfica e cultural entre Brasil e Palestina nos faz pensar que as similaridades no que se refere a militarização de territórios são apenas coincidências mas há uma consistente relação militar entre Israel e o Brasil, desenvolvida e aprofundada ao longo dos anos que dão consistência às semelhanças metodológicas e em equipamentos, já que ambos os países têm cooperado no que tange treinamento militar, intercâmbio de informações e tecnologia de defesa e segurança cibernética.

Enquanto palestinos vivem uma crise humanitária das mais graves dos últimos tempos, no Complexo da Maré, operações policiais se estendem por dias consecutivos, no Complexo da Mangueirinha em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, ocorre há mais de 1 mês uma ocupação permanente pela polícia militar e as forças nacionais ocupam as vias federais sem câmeras nos uniformes e com temor de possíveis ações nas favelas. Por decisão do ministro Edson Fachin do Supremo Tribunal Federal, o estado do Rio de Janeiro é obrigado, desde 2022, a instalar câmeras corporais em todos os agentes policiais do estado.
Fora os mísseis que aqui não caem, entendemos a exclusão permanente, os bloqueios, as incertezas e nos perguntamos em um grito que cruza oceanos e continentes, a paz é direito de quem? Este artigo aborda semelhanças nas vivências da favela e da Faixa de Gaza sem a pretensão de comparação simplista, respeitando as especificidades sociais e culturais óbvias. Nos solidarizamos com todas as vítimas desse conflito também em Israel.

Desejamos a paz, sem distinção, para todos nós.


https://exame.com/mundo/israel-palestina-entenda-como-comecou-este-conflito-historico-centenario/

https://nosmulheresdaperiferia.com.br/do-rio-de-janeiro-a-palestina-a-militarizacao-dos-territorios/

https://www.anf.org.br/a-favela-e-expressao-de-direitos-humanos/

https://www.brasildefators.com.br/2023/10/09/so-pode-haver-paz-com-justica-para-o-povo-palestino
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/o-que-e-a-faixa-de-gaza-entenda-o-que-e-o-territorio-motiv o-de-disputa-entre-israel-e-hamas/
https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/rio-450-anos/noticia/2015/01/conheca-historia-da-1-favela-do-rio-criada-ha-quase-120-anos.html
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2023/08/22/rj-contabiliza-24-menores-mortos-por-arma-d e-fogo-em-2023-segundo-fogo-cruzado.ghtml

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/10/18/conselho-de-seguranca-da-onu-texto-do-brasil.ghtml

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/fachin-mantem-decisao-para-instalacao-de-cameras-nas-fardasde-policiais-do-j/#:~:text=O%20ministro%20Edson%20Fachin%2C%20do,os%20agentes%20policiai
s%20do%20estado.


https://fpabramo.org.br/focusbrasil/2023/10/16/80-de-gaza-depende-da-ajuda-para-sobreviver/#:~:text =Desde%202007%2C%20a%20Faixa%20de,mar%20na%20Faixa%20de%20Gaza.

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