Domingo, dia 19 de março, estive na reunião geral da EDUCAFRO a convite da amiga Andrea Oliveira para o almoço mensal com o Frei David.
EDUCAFRO é uma rede comunitária de Pré-Vestibulares, bolsas de estudos em Graduação e Pós-Graduação. Ou seja, focada em educação para afrodescendentes e carentes, tornando-se um espaço socialmente responsável por formação de jovens e preparo para a universidade “SAIBA MAIS AQUI”
*Sugiro que coloque o “SAIBA MAIS AQUI” dentro dos parênteses com o link direto para o site da Educafro, fazendo aquela conexão de trocas de links que te sugeri pelo Facebook quando estava fazendo o curso de produção de textos para web. Isso ajuda muito no ranking do Google.
A dinâmica do almoço foi um misto de congregação religiosa (onde o Frei abriu antes do almoço que todas as denominações religiosas poderiam orar pelo alimento), dicas de boa convivência (todos devem saber que não se fala perto da mesa dos alimentos e depois de comer devem por seus pratos e talhares nas bacias com água e sabão) e, por fim, um papo filosófico e militante (onde cada participante colocou um tema e todos debaterem).
Sobre o bate-papo, o que chamou a atenção foi a forma em que o Frei sabidamente conduziu a roda de conversa. Ele apresentou cada pessoa e pediu que colocasse sua pergunta ou o porquê de estar ali no almoço. E para cada momento onde o debate tinha caminhos, éramos interpelados pelo Frei que disparava um som como se dissesse “Isto eu gostei ou este é o caminho”.
Foi convidado o Lucas, um coaching que mostrou interesse em passar o que aprendeu para os alunos da EDUCAFRO, algo que é permanentemente corriqueiro. Muitas pessoas tem prazer em serem voluntárias e ajudarem aos alunos com o que aprenderam na própria instituição ou trazendo experiências que possam vir a ser valiosas a quem ainda procura um lugar ao Sol no mundo universitário e de mercado.
O Jornal Empoderado pôs em debate o tema sobre “Empoderamento financeiro negro” e questionou sobre o projeto que já está sendo conversado: “Empréstimos para negros vindos de parceiros negros”. De pronto, a advogada Roseli, que sempre participa destas reuniões, expôs sua visão técnica e jurídica ao que chamou de uma proposta de apresentação de possibilidade de crédito entre negros, Ou seja, seriam grupos que financiariam outros negros e seus empreendimentos. Não se tratando de um banco para negros, mas empréstimos de grupos negros com juros menores e com o aval do Banco Central. Seriam fomentados empréstimos para negros que possuem uma estrutura mínima e capacitados, além de o projeto querer beneficiar outros negros (as).
Este tema suscitou em um bom debate, expondo as dificuldades que a comunidade negra tem mesmo sendo 54% da população e, juntamente à periferia, ter um potencial de consumo na casa de Um Trilhão de Reais, dados vindos da FGV e do IBGE. Entretanto, não detém os meios de produção. Assim não seria melhor continuar buscando estes empréstimos pelos bancos oficiais já existentes? Roseli continuou falando da importância dos negros (as) em ocuparem espaços de decisões políticas (onde se assinam e onde elas são determinadas) e financeiras. E que a ideia não é criar guetos e muros, mas sim alavancar muitos que estão na periferia. O conceito é que só se muda o sistema se estivermos nele. Mais detalhes em breve no “JE”, que trará uma abordagem detalhada sobre este projeto tão audacioso.
Perguntado sobre a ida a Brasília, foi explicado que a juíza Carmem Lúcia receberá a EDUCAFRO para ouvir as defesas de pautas para a Comunidade Negra (mais detalhes no site). Outro tema foi a “EDUCAFRO NA USP”, um ato que pede cotas na USP já.
Ou seja, um domingo de boa comida, bom papo e militância. Se você ainda tem dúvidas de que religião, política e futebol (só faltou este tema) não se discutem, é porque ainda não conhece a EDUCAFRO. Parabéns ao Frei David pela colhida e recepção, assim como ao Luís, à Andrea Oliveira e todos os envolvidos.
