Aluno: – Pesquisas erram?

Professor: – Erram.

Aluno: – Mas erraram nessas eleições?

Professor: – Não. Nem um pouco. Foi uma das mais precisas.

Aluno: – Então qual foi o erro?

Após o diálogo fictício vamos analisar essas eleições.

Pensar que a pesquisa é um Oraculo, Adivinhador, Previsão do Tempo, Previsão do Futuro, Cartomante ou qualquer outra coisa similar é um equivoco.

A pesquisa se faz para descobrir algo. Quando a pesquisa é para detectar comportamentos humanos, ela é frágil e mutável a si mesma, o comportamento poderá se alterar após o dado encontrado. Quando se trata de disputa eleitoral, o comportamento humano, muda podendo alterar a pesquisa numa dinâmica muito grande.

Se você quer ser eleito para Prefeito e vê uma pesquisa onde você está forte na Zona Sul e fraco na Zona Norte, no dia seguinte isso mudará o seu comportamento que irá fazer campanha na Zona Norte. Após a campanha poderá mudar a opinião das pessoas da Z.N., mudando a próxima pesquisa. A pesquisa eleitoral é uma dinâmica de fotografias do comportamento humano, individual naquele momento. Onde cada indivíduo está sendo bombardeado de pressões externas para mudar de comportamento. O conjunto dessas fotografias geram uma série Histórica passível de análises, mas impossível de adivinhações e previsões exatas. Uma fala em um último debate pode mudar o comportamento das pessoas em um outro rumo. Um apoio inesperado de alguma celebridade pode atrair pessoas que não se contabilizaram antes.

Pesquisa não é oráculo e nem cartomante que prevê o futuro, apenas consolida uma sequência de tendência que no caso eleitoral influência.

Vamos as eleições, mas de 2018:

NADA MUDOU DE 2018 PARA CÁ.

Caro leitor peço desculpas por essa parte, mas como as pesquisas estão sendo criminalizadas em um contexto bizarro, é necessário normalizar o que é normal. Por isso para analisar as eleições, precisamos analisar o discurso que tenta criminalizar e descredibilizar a lógica e a ciência.

Em 2018, Lula estava na frente, Ciro estava com 5% dos votos.

 

Lula foi retirado das eleições com aproximadamente 40% das intenções de voto, pelo ex-juiz e atual Senador Moro, e Bolsonaro tomou uma facada, mas Bolsonaro só se mantem a frente quando Lula é proibido de concorrer, pois mesmo na prisão Lula pontuava em primeiro lugar em algumas pesquisas. Já Fernando Haddad ficou sempre em 2o lugar, mas obteve um resultado expressivo em 19 dias de campanha.

Resultado do 1º Turno 2018:

PSL – JAIR MESSIAS BOLSONARO     46,03%                    49.277.01047.21

PT – FERNANDO HADDAD                   29,28%                     31.342.05130.03

PDT – CIRO FERREIRA GOMES                                               13.344.37112.78

PSDB – GERALDO JOSÉ RODRIGUES ALCKMIN FILHO       5.096.3504

NOVO – JOÃO DIONISIO FILGUEIRA BARRETO AMOEDO   2.679.745

Resultado do 1º Turno 2022:

PT –  Lula                                       48,43%       57.258.115

PL- Jair Bolsonaro                      43,20%       51.071.277

MDB- Simone Tebet                      4,16%         4.915.306

PDT- Ciro Gomes                           3,04%         3.599.201

UNIÃO-  Soraya Thronicke           0,51%              600.953

NOVO       Felipe D’Avila                 0,47%            559.680

 

1ª Análise que trago é o tamanho do campo do comportamento eleitoral dos Brasileiros:

Jair Messias Bolsonaro entre o 1º turno de 2018 e o 1º turno de 2022 teve 1.794.267 de votos  a mais vindos provavelmente do Ciro G. e parte da S. Tebet, e apesar disso representa na totalidade uma perda de 3,17%  em adesão. 2018 teve 46,3% e em 2022 43,20%. Sendo o Presidente que gastou o maior Orçamento Secreto da História, fez 4 anos de campanha e motociatas e não conseguiu trazer para o 1º turno  de 2022 os 57.797.847 de votos que recebeu no 2º turno de 2018.

Na história das eleições Brasileiras com 2 turnos é a primeira vez que um Presidente começa e termina uma eleição em 2º lugar do 1o turno, e que seu capital de votos diminuiu.

2º Turno 2018:

Jair Bolsonaro          PSL    55,13%                   57.797.847

Fernando Haddad     PT      44,87%                 47.040.906

1º Turno em 2022:

Lula teve  57.258.115 de votos, com 48,43%. Mais do que tinha antes de ser retirado das eleições quando atingia 39%.

Lula cresceu 9% em relação a sua intenção de voto. Antes de sair das eleições de 2018 pontuava 40% e Marina Silva 8%, somando os dois, temos os 48% que teve agora em 2022 (Demarcando assim um dos Campos Majoritários), conquistando a maior votação de um candidato no 2º turno.

Por isso entre 2018 e 2022 afirmo que os Campos ficaram iguais, conferir:

PT X BOLSONARO – Disputando o Campo Majoritário

Potenciais Candidatos a ocupar uma vaga no 2º Turno
2018	2022	Comportamento
Ciro – PDT	Simone Tebet – MDB	Buscando uma 3ª via
Alckmin – PSDB	Ciro Gomes – PDT	Centro Direita
Amoedo – Novo	Soraya Thronicke – UNIÃO	Liberal Armamentista (Não necessariamente de costumes)
Cabo Dacciolo – Patriota	Padre Kelmon – PTB	(Em nome de Deus – A Fé como politica, com toque cômico)
Outros	outros	Continuam outros

 

Nessa análise apresento um comportamento constante nesses quatro anos. E a mesma constância está nas crenças de que: um lado, o Bolsonaro representa uma Extrema Direita que deseja dar um Golpe de Estado contra a democracia; e de outro que Lula é comunista e faria uma venezualização do Brasil gerando medo, muito medo, e reações defensivas rápidas como por exemplo: tentar resolver o 2º Turno no 1º Turno, desidratando os potenciais candidatos a ocupar uma vaga no 2º Turno, chamado voto útil. E a crença de Bolsonaro que após vencer em 2018 alegava fraude por achar que tinha recebido muito mais votos do que o que o elegeu. Em 2022 Bolsonaro dizia que ganharia com 60% dos votos em primeiro turno, por isso essa parte da análise chama-se: NADA MUDOU DE 2018 PARA CÁ. Inclusive as legendas do atual Presidente PSL-17, PL-22 são “alugadas” nas vesperas das eleições no limite da decisão e se inflam como foi com o PSL que depois implodiu, e o Presidente do PSL faleceu.

Nessa perspectiva escolhendo a pesquisa que mais vem sendo questionada, temos:

Fotografia da Pesquisa:

*Data Folha

51%  – Lula (49% a 53%)

37%  – Bolsonaro (35% a 39%)

6%    –  Ciro (4% a 8%)

6%    –  Tebet (4% a 8%)

? % Abstenção

Resultado com o comportamento do eleitorado

Lula: 48% margem de erro -1 (provavelmente abstenção)

Bolsonaro: 39% + [voto útil: 3% do Ciro + 2% da Tebet] = 43%

Tebet: 4,2%

Ciro: 3,09%

Abstenção: 21% de onde não veio votos esperados pelo PT para vencer no 1º turno.

Lula ficou por um fio de vencer no primeiro turno como apontavam as pesquisas. Mais uma vez, desculpe parar a análise para dizer que a Terra é redonda. e que a pesquisa acerta no que ela se propõe a acertar, pois não se propõe a fazer previsões, e sim a identificar o agora, e, quando vemos o agora reagimos alterando o comportamento no momento seguinte, alterando o futuro. Por isso, considero errado dizer que uma pesquisa honesta e com uma metodologia transparente ‘errou’.

O TAMANHO DOS CANDIDATOS E SEUS CAMPOS:

Voltando a análise, temos agora pela primeira vez na história do Brasil um 2º líder para disputar esse espaço com Lula na política. Bolsonaro é menor, alcança menos votos, tem menos história e legados, mas é a 2º maior liderança eleitoral capaz de intervir nos rumos do país. Caso a tendência de derrota dele se confirme, veremos se sem caneta e sem cadeira essa liderança se sustenta. Lula é a 1ª liderança, a maior e mais antiga influenciando a politica mesmo sem ter cargo eletivo. Agora essas forças disputam e poderão definir o destino do país, apenas um vencerá.

A Extrema Direita esta muito afinada internacionalmente, inclusive estratégicamente. Se Bolsonaro perder poderá desaparecer politicamente além de perder sigilos e terminar preso.

Lula se não ganhar; seu lugar na história do Brasil e do mundo já está inscrito e sua influência muito provavelmente continuará. Parece que Bolsonaro chegou em um teto intransponível recebendo os votos de Ciro e Tebet no primeiro Turno, colocando toda a máquina do governo em função de sua campanha. A campanha de Bolsonaro, esperava vencer com 70.000.000 de votos ou 60% do votos como diziam. Como erraram as contas agora precisam culpar as pesquisas.

O QUE REPRESNETA CADA UM:

– Bolsonaro  representa risco de rupturas institucionais, ou de desvirtuar os fins das instituições. Seu Vice é um General da Ativa, Braga Neto: Interventor do Rio de Janeiro. Marielle foi assassinada sob sua intervenção e ele não descobriu quem mandou matá-la, mesmo sendo Pós-graduação no Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (2006). Segue o link para o currículo do General candidato a Vice Presidente: https://www.gov.br/defesa/pt-br/arquivos/lai/institucional/curriculo/cerimonial/cv_walter_souza_braga_netto.pdf

Ter um general como vice, define desde já como um Governo Civil Militar, pois coloca as forças Armadas como uma instituição superior as demais. Assim verificamos quando ele respondeu a um jornalista que sobre os resultados da eleição esperaria a confirmação das Forças Armadas, deixando o TSE – Triunal Superior Eleitoral sem legitimidade, ou por exemplo, quando procurou e prometeu um Ministro do STF-Supremo Tribunal Federal “terrivelmente evangélico”. Para ser um bom Ministro do STF, a religião, a orientação sexual, a opção de alimentação e a música preferida dele não importa nem para o bem e nem para o mal. Essa e outras falas corrompem o princípio da imparcialidade democrática e independência das instituições.    Ao desejar acabar com STF é uma fala não republicana pois um Presidente alinhado com o Congresso pode propor melhorias e não o fim das instituições.  Assim como querer criminalizar as pesquisas em conjunto com todas as demais, o define como  um autocrata, ou seja, uma pessoa que quer impor o que sente e o que vê, a sua percepção pessoal sobre as outras pessoas, estudos e análises. É a incapacidade de refletir o mundo com o mundo dentro, e de só refletir sobre o próprio nariz. Se as pesquisas estão estáveis e coerente, mas não o agrada quer acabar com as pesquisas. E aqui vamos colocar alguns limites. Candidatos pequenos usam como tática descredibilizar as pesquisas, mas ameaçar uma CPI para criminalizar os institutos que deram certo porque desagradou é um impulso autoritário e ignorante, pois acha que se ele não entende ou não agrada é crime.

Nessas alas não existe o moderado, o consenso, e o acolhimento ao contraditório. São adeptos a verdade única, a confusão entre fé e ciência, valorizando a crença pessoal sobre uma razão acadêmica, e por isso questionar as pesquisas faz parte de uma narrativa contra a ciência, não republicana, negacionista e conspiratória.

– Lula não é oposto ao Bolsonaro e não prega o Comunismo, Lula iguala o Brasil a Social-Democracia Europeia, classificada também como Estado de Bem-estar Social, onde o liberalismo se equilibra com o desenvolvimento humano e a dignidade humana. Lula governa além das suas vontades com consenso entre pessoas técnicas e especialistas de cada área, desenvolvendo a economia com desenvolvimento humano. Lula é maior que o Bolsonaro em votos, em prestígio internacional, e em respeito a democracia e as instituições. Lula é maior que o PT, mas tem um teto na atração de votos que agora precisará crescer para vencer.

SENADOR:

Marcio França

2018 – 1º Turno: 4.358.998 – votos Para Governador

2018 – 2º Turno: 10.248.740- votos Para Governador

2022 – 1º Turno:  7.822.51- votos Para Senador

Astronauta Marcos Pontes

2022 – 10.714.668- votos

Logo na primeira semana as pesquisas apontavam para um crescimento de Marcos Pontes. Sobre o efeito de votação surpresa falaremos no próximo artigo o que batizei de Efeito “Witzel“. Contudo Marcio França recebeu a média de votos que já havia recebido quando candidato apra governador.

Com certeza deve haver como melhorar as metodologias das pesquisas, mas isso não justifica condena-la ao crime ou tolher suas divulgações.

Quem Ganhou esse Primeiro Turno:

Inegavelmente Lula e o PT são os maiores ganhadores, vem de 4 anos de destruição de sua imagem, de um afastamento das pessoas do PT e agora consegue fazer 80 cadeiras no Congresso Federal , amplia a bancada do PT em vários Estados, em SP tem o Deputado mais votado e tem uma votação superior a 2018 quase liquidando no 1o Turno. A expectativa de vencer no primeiro turno foi uma perda emocional, mas avança politica e eleitoralmente com muitas chances de voltar ao Governo Federal.

Simone Tebet empata com Lula, que cresceu 500% nas intenções de voto, se colocou como uma possibilidade futura com carisma a esquerda e a direita.

Kassab – PSD – Articulou o Vice de Tarcisio em SP e coordenou uma campanha de centro silenciosa pelo Brasil, conquistando 44 cadeiras no congresso Federal, 2a maior bancada do Senado, 11. Elegeu um Governador em 1o turno, e é vice de alguns no 2o truno. Consolidando Kassab como um grande engenheior politico e o PSD como um partido cada vez mais estruturado.

Valdemar Costa Neto – Presidente do PL, tornou-se o novo PMDB, o grande partido ônibus, com as maiores bancadas, Senadores e Governadores.

PSOL – Cresceu e ampliou a diversidade no legislativo emplacando entre as maiores votações das casas do povo.

                                                                Quem Perdeu esse Primeiro Turno:

O maior perdedor foi Bolsonaro, se olhar as porcentagens do 1º truno de 2018 – 46,3% – para o 1º turno de 2022 – 43,20%. Enquanto Bolsonaro pensa que elegeu muita gente, Kassab e Valdemar Costa Neto brindam o fortalecimento dos seus partidos, usando o Bolsonaro como isca. *Ver matéria.  Os filhos perderam votos em relação a eleição anterior, sua expectativa de vitória se frustrou, suas estratégias deram errado.

O 2º pior resultado foi de Ciro Gomes, que se manteve o maior tempo disputando o espaço no Campo Majoritário e acabou regredindo e perdendo algum prestigio diante de parte do seu eleitorado.

O PSDB perdeu muito, entrou para o 2º Turno no Rio Grande do Sul por só 2.000 votos, e precisará do PT para vencer, e se não vencer será o nanico da vez.

OBS: Kassab e Valdemar Costa Neto, estão hoje com Bolsonaro mas já foram muito amigos, muito aliados e por muito tempo de Lula.

 

https://veja.abril.com.br/coluna/radar/os-encontros-de-kassab-e-valdemar-costa-neto-em-brasilia/

 

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