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Edital de todos para todos.

Como e quando todos os grupos vão poder ser contemplados? Simples. Simplesmente eu tenho a solução. Leia e comente essa matéria.

O CIDADÃO LIVRE DA REPÚBLICA, MAX MU,  no uso da atribuição que lhe confere o art. 84,caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto JUSTIÇA;

DECRETA:

Max Mu via Jornal Empoderado,  decreta a democratização dos recursos e oportunidades geradas pelo estado;

Parágrafo Primeiro: Todos os artistas terão igualdade de condições de disputar os editais culturais municipais, estaduais ou federais.

Artigo 1: Todas as pessoas poderão replicar esses valores a todos os outros campos da sociedade, universidades, cargos públicos constituindo então a isonomia em todos os processos seletivos públicos.

Artigo 2: Os sorteios relativos aos editais culturais ocorreram conforme detalhado no Capitulo II – Sorteios; deste mesmo decreto.

Artistas disputam editais como gaivotas alvoroçadas sobrevoando barcos pesqueiros. Ambos pela sobrevivência. Um dia uma gaivota percebeu que sempre haverá peixe e portanto poderia ocupar-se com outros planos, outras dimensões da cultura. Livre, voou.

Tornou-se clichê no meio artístico os termos: “ é di tal” , “ é di poucos” “ é di ninguém” ou o jargão “ são sempre os mesmos”.

Esse artigo é alvissareiro em democratizar os recursos públicos para as produções artísticas; e quem sabe para além, muito além disso.

Antes de criticar a atual política de editais, assumo minha parcela de culpa e de fé. Eu era um dos organizadores do Fórum Permanente de Cultura em 2001 +-, onde pensávamos coletivamente como democratizar os recursos públicos de forma mais Republicana contra a política de balcão, no caso, balcão de eventos. Depois viramos a Rede Popular de Cultura.

Pensar eventos é diferente de pensar politicamente o desenvolvimento cultural de um povo. Assim como deixar a mercê do secretário ou assessor a seleção de que arte será subvencionada gera corporativismos, corrupção e ausência total de programas continuados e integrados, com resultados mensuráveis.

Enfim formou-se em 2002/2003 as primeiras políticas de editais do município de São Paulo. Que depois foram replicadas pelo governo federal em 2004 e 2005, e usados como modelos por diversos municípios e estados do país.

A classe artística e suas entidades representativas, fazem um excelente trabalho cívico de fiscalização do erário da Secretaria Municipal de Cultura, fazendo com que os parcos e míseros recursos disponíveis sejam aplicados para os fins que se espera. Talvez, esses menos de 2% do orçamento, seja um dos mais bem fiscalizados, pelo menos em São Paulo.

Peço desde já desculpas, aos sulistas, nortistas e nordestinos, pelo recorte suldestino e paulistano da análise de conjuntura cultural deste artigo. Mas oxalá as soluções expostas aqui sirvam para todos nós, além da arte, inclusive. As outras regiões do país ficam ainda mais precarizadas e com suas produções menos vistas, acabam acessando ainda menos recursos.

Os editais sofreram a contaminação de múltiplos vícios e desequilíbrios; embora tenham aperfeiçoado a distribuição e transparência do dinheiro do contribuinte, ele continua excludente, gerador de “castas”; concentrador de renda e privilégios, e até mesmo a reprodução das desigualdades de raça e gênero existentes em todos setores da sociedade brasileira está presente.

A APAN (Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro) junto a ANCINE em 2018,  revelou que em 2016, dos 142 filmes lançados, foram dirigidos e roteirizados:

97,2% por pessoas brancas.

19,7% por mulheres brancas.

2,1%. Por homens negros

Nenhum filme em 2016 foi dirigido ou roteirizado por uma mulher negra ou por indígenas.

Caso algum leitor não tenha percebido, nenhum filme dirigido ou roteirizado por mulheres negras que enviaram dezenas de projetos, e roteiros, sendo centenas nos anos anteriores.

Isso representa um verdadeiro apartheid na devolutiva do Estado aos seus contribuintes que impede determinado grupo de produzir e ao público deste grupo de ter suas histórias e referenciais exibidos nas produções; ainda mais agravante, impede o Brasil de revisitar-se na sua real pluralidade.

A percepção do racismo e machismo estrutural prejudica e prejudicava de tal forma a Democracia, que para o bem da sociedade foram sendo criados meios de corrigir essa distribuição injusta de oportunidades. Foram os editais setoriais: cultura indígena, negra, LGBTs, Hip Hop e das mais amplas linguagens artísticas, inclusive sarau’s.

“ Até que enfim ele fez um elogio para algo!!! Ufa!”.  Te decepcionarei seu alívio leitor, com virgo rigor.

A pluralidade de temas também dividiu o parco recurso, minimizando os recursos para cada setorial. Lembrando que na cultura mais se cortam as verbas do que se incrementam. Quem ficou com menos e agrupado de forma mais compacta foram as produções não eurocêntricas.

Alguns grupos contemplados no início dos editais passaram a ser mais conhecidos e vistos, por isso recebedores de mais editais, concentrando oportunidades.

Esse vício e corporativismo se dá mesmo sem a política de balcão; pois a seleção dos projetos em última análise estão sob a subjetividade do jurado que tem mais ou menos aderência a um tema.

Jurados. Os jurados dos editais, mesmo quando eleitos pela classe tem dificuldade de dar vazão democrática a todos os projetos. Os jurados tem “ o seu olhar”, carregado em suas subjetividades, teorias e convicções sendo a grande maioria branca, do mitiê acadêmico e passam a se conectar e considerar bom os projetos que lhes encantam os olhos; determinando assim a estética majoritária financiada pelo poder público. Excluindo uma enorme diversidade do pensar e do fazer artístico. Essa não é uma critica pessoal, e sim ao limite humano de estar incumbido de fazer escolhas. Ninguém escolherá algo que não o atrai, e as coisas só se atraem por algumas características especificas que convergem com o seu universo sociocultural.

A academia determinou o modelo de escrita de um projeto artístico, inibindo desde o primórdio na forma o conteúdo da livre expressão; ou melhor dizendo, da apresentação da livre expressão, a expressão é livre sim. Mas a forma de apresenta-la é rígida, dura e estanque. Limitando o pensar e excluindo quem não tem habilidades para essa escrita. Embora o formato rígido facilite a noção de critérios, avaliação, comparação e de mensurar erros, falhas e distorção de avaliações. Há excelentes projetos escritos que na ribalta nem brilham, e há artistas que mal sabem escrever um projeto que nos palcos fazem muita falta. Esse é um dos limites que pretendemos resolver agora.

Como consertar esses vícios e dar mais oportunidades a mais grupos?

Como todos os grupos vão poder ser contemplados?

Simples. Simplesmente eu tenho a solução.

Basta africanizar o cérebro e indianizar o pensamento.

Sorteio! ????

Sim.

Como o Eugênio Lima fez em 2015 no evento sobre Black face no Itaú Cultural, ele sorteou as falas da mesa, gerando uma ruptura do protocolo acadêmico:  JORNAL EL PAÍS:  https://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/25/opinion/1432564283_075923.html

Como fazemos justiça na escassez quebrando privilégios?  Que mãe justa e amorosa dará um pão para um filho deixando seis com vontade?

Desenvolvi um método perfeito para que todos os editais de São Paulo torne-se mais democrático e atenda todo mundo, observando os índios e as bases de matriz africana; é tão perfeito que pode ser aperfeiçoado com a colaboração de mais pessoas, pois é um sistema aberto.

Capítulo II – Sorteios:

  1. Mantém os cronogramas e Editais Setoriais como estão, Fomentos, PROAC, VAI´s, FUNARTE, ANCINE e etc.
  2. Abre a inscrição para o edital
  3. Escolhem analistas técnicos, indicado por coletivos, entidades e grupos que representam a diversidade Cultural de seu Município ou Estado.
  4. Os grupos se inscrevem e ganham um número de protocolo.
  5. Os analistas técnicos vão observar

a – se o inscrito é da área que diz ser.

b – se o currículo é condizente ao edital e se são verdadeiras aquelas informações.

c – se o projeto é coerente com as premissas do edital.

d. Os analistas técnicos julgaram quem poderá participar do edital, e não quem pode receber pelo seu trabalho.

6. Quando um projeto tecnicamente for inadequado receberá um parecer e até orientação de correção.

7. Não se julga o mérito do projeto; só se analisa se: “o ator é do teatro”, e, se o projeto é das artes cênicas, mas sem nenhum juízo de valor, estético ou de afinidades.

8. Exemplo: Os projetos da área de teatro, escrito por atores, inscrito no edital para teatro vão para o sorteio. (quem definirá sua excelência é o público).

  1. No dia marcado para sortear, cada grupo irá pessoalmente a Secretária de Cultura, ou mandará um representante.
  1. O grupo levará seu protocolo de inscrição e entregará para recepcionista.
  2. A recepcionista anotará numa lista: o nome do representante, nome do projeto, o número do protocolo e o número das etiquetas numeradas de presença. (Uma etiqueta para o cartão e uma para o representante).
  1. Os candidatos só podem entrar pela catraca 01.
  2. O representante do grupo cola a etiqueta no cartão de visitante eletrônico, insere na catraca 01. A catraca 01 fica exclusiva para os inscritos no edital.
  3. O cartão fica depositado na caixa da catraca. O representante fica com o seu número em mãos. Até a hora limite de espera dos inscritos.
  4. A caixa da catraca cheia de cartões de visitantes numerados será levada ao centro da roda dos inscritos.
  5. Todos os cartões são jogados em outro saco preto. [Neste momento pode se contar a quantidade de pessoas presentes e de cartões para garantir que não houve nenhuma perda antes do sorteio].
  6. O primeiro que chegou descrito na lista de presença da recepcionista é o primeiro a sortear. O terceiro será o segundo a sortear; e o 5o o 4o a sortear. Sempre os ímpares primeiro, e se for necessários os pares depois. Ou seja depois que todos ímpares da lista de chegada sortearem um grupo, os pares passam a sortear; e o ciclo se mantém assim até a disponibilidade máxima dos “prêmios”.
  7. Para projetos onde os valores podem ser diferentes, os analistas estarão presentes observando e controlando o valor disponível para o edital que está sendo preenchido por cada projeto sorteado até o limite orçamentário disponível.
  8. Cada sorteado saí da sala, e assinará um documento na hora; de grupo contemplado. Até todos serem contemplados. Mais 5 suplentes pela ordem do sorteio, caso haja inabilidade, recursos ou desistências.
  9. Todos cartões são retirados pelos não contemplados e devolvidos na recepção. A ausência de um, invalidará o processo.
  10. Na quinta edição faz-se a repescagem: apenas os projetos que entraram 3x com o mesmo título, objeto, objetivo e tema serão sorteados.
  11. Repetir o rito de sorteio, primeiro os ímpares da lista de chegada na recepção e depois os pares.
  12. Toda edição ímpar após a 5ª- 7, 9, 11, 13. É repescagem dos projetos que entraram 3x com mesmo título, objeto, objetivo e tema.
  13. Repescagem da repescagem: Na terceira repescagem; 9º sorteio, se observado um número de repetições de projetos não contemplados, fazer o sorteio dos que mais tiveram inscrições no edital, com o mesmo título, objeto, objetivo e tema; podendo complementar com os de no mínimo três tentativas. Essa repescagem se justifica, por considerar empenho, foco e consistente a persistência de uma pesquisa ou ideia. Alguém ou grupo que aplica diversas vezes a mesma coisa, poderá ser considerado merecedor dessa oportunidade.
  14. Cada grupo sorteado/contemplado não poderá concorrer ao mesmo edital por 18 meses após a finalização da prestação de contas. [Projetos já contemplados deverão ser analisadas as carreiras, se estiverem com geração de renda por outras fontes ficam na lista de espera, caso exista falta de projetos para o sorteio poderão entrar].
  15. No dia do sorteio quem faltou, atrasou e não mandou representantes perdeu, não cabendo recurso.
  16. Grupos/Projetos já aprovados duas vezes pelos analistas técnicos, ficam certificados por 24 meses sem precisar de nova análise técnica.
  17. O grupo poderá fazer e escrever o projeto no formato que quiser. Porém depois de sorteado se for necessário precisará ajustar o projeto para que o cronograma, as metas e os orçamentos possam ser conferidos devidamente pelos órgãos competentes.

Assim todos terão direito em todos os editais que convergem com sua produção. Sendo apenas uma questão de tempo para todos terem suas chances.

Amigos artistas; o que acham da inserção desse método no Brasil?  Todos os editais para todos os artistas.

Comentem aqui no jornal compartilhem….

Mande essa matéria para os e-mails dos secretários de cultura de sua Cidade e Estado!

Todos os editais para todos os artistas!

Vamos libertar-se dessas censuras.

Será que nossa sociedade está preparada para incorporar algo realmente avançado e democrático?

Um salve para o Ator e Geógrafo Pedro Carignato, que numa conversa provocou essa dimensão africana da horizontalidade circular para os processos de democratização dos bens, chamado por aqui e agora de sorteio.

Outras matérias deste autor:

A Malandragem na Arte de Anitta.

“I love quebrada”

NEGRAS SIM! COM AMOR ALÉM.

Amém, Justiça de Xangô, no TRF3 de SP

ZUMBI NÃO TINHA ESCRAVOS? ZUMBI TINHA ESCRAVOS ??

NOTA

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9 respostas

  1. Muito axé!!! Matéria esclarecedora. Ela resgata o passado e aponta os erros q não se imaginava na época q foram construídas as políticas de fomento a cultura. Além disso propõe uma forma antiga/inovadora para uma nova etapa de nossa democracia!!!! Parabéns!!!

  2. È muito intressante mais para quebrar tudo o que foi comentado esta dificil ,ningem quer discutir sobre os Editaes; durante o tempo que estão ganhando esta tudo bem ,so persevem da realidade quando não ganham mais editaes então … Qual e a solução ?

    1. Estamos na luta de horizontalizar, democratizar de forma impessoal, aleatória, alternada e justa. É tem bastante desafio pela frente. Esse é o começo divulgando a ideia. Multiplique para os seus contatos e faça o debate. Assim que começa luzir a justiça através da arte.

  3. Salve querido Max,

    Excelente, devemos lutar e começar o mais rápido possível, é justo, é um resgaste, mas vivemos em período delicado, onde ninguém quer discutir edital e cada um olhando somente para o seu umbigo, mas vamos a luta, pois ela continua, acredito que poucos ajustes, estará pronta e poderemos lutar objetivamente por isso, e somente a partir de nós, por que Funarte ou Cooperativa não vão se mexer, neste momento. Vamos falando! Grande Abraço!

  4. Do autor, não citei o “Movimento Arte Contra Barbárie”, imprescindível para criação da Lei do Fomento e da organização e unidade da categoria teatral naquele momento. Nesse momento eu era apenas ouvinte, observador e ainda sim apoiador. Cabe mais essa minha mea-culpa. E justamente por isso proponho um sistema aberto com Justiça, por ouvir, observar e acompanhar tanto os bônus para arte e para a cidade, quanto o ônus dos editais, talvez o maior ônus seja a fragmentação que dificilmente hoje faria uma movimento tão espetacular e grandioso como o inicio do “Arte contra a Barbárie” .

  5. Genteeeee! Este pais ta baixando o nivel ,mas o nosso amado Darci Ribeiro ja sabia disso. No seu livro” O povo brasileiro” ele dis que:” essa camada de gringos acaboclados, assim como os demais contingentes marginais do pais, constitui uma reserva de mão-de-obra que opera como uma classe infra baixa,… abaixo dos integrados à força de trabalho…” assim como a historia tragica do atual representante do povo , falando de banho de xixi…coisa que nao deveria ser assunto de interesse do governo,se tornou cômica ,blá! Melhor seria que tratassem o sexo e os profissionais do sexo com respeito como o Grande e honesto Kid bengala.

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