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UMA HISTORIA DIFERENTE DA DONA IVONE LARA

UMA HISTÓRIA DIFERENTE DA DONA IVONE LARA

Salve leitores,

No mês de abril, Dona Ivone Lara nos deixou. Mas como eu já tinha uma matéria sobre o mestre Casquinha da Portela resolvi deixar esta matéria para o mês de maio que é o mês das mães.

E também diante da comoção que se instalou no meio dos sambistas, toda a imprensa divulgou o falecimento da compositora, contando a mesma história sobre ela.

Iria eu ser o único a contar uma história diferente sobre Dona Ivone, coisa que faço agora. Morou durante muitos anos com seu filho Odir no Conjunto União, tendo como vizinhos os condomínios da Light, dos Comerciários, dos Gráficos na Estrada Adhemar Bebiano 4341, Engenho da Rainha, Rio de Janeiro. Era próximo também do Condomínio dos Músicos onde morou Pixinguinha, Mestre Marçal, Zé Ketti, Darcy da Mangueira, Baianinho da Em Cima da Hora, Mussum, Dominguinhos do Acordeom, Oberdan da Banda Black Rio, Almir Guineto, Lourenço e outras bambas.

Seu outro filho chamado Alfredo é oficial reformado do Exército, pai de André Lara, morador de Oswaldo Cruz e sempre presente na casa da mãe.

Ali no Engenho da Rainha onde morava, Dona Ivone sempre que precisava de legumes, verduras ou frutas ia a Barraca do Chuchu em frente a padaria Verão Vermelho.

Com um pano amarrado na cabeça Dona Ivone se sentia uma mulher comum e dizia que ali ela era a dona de casa Ivone.

Naquela barraca escolhia suas frutas, seus legumes e suas verduras na maior naturalidade, sem ser incomodada por quem quer que seja.

Sua irmã Elza, baiana da antiga do Império Serrano, morava também no mesmo condomínio com seu esposo Hélio, outro imperiano da antiga.

Eles costumavam dar uma força com suas presenças na escola de samba do bairro, Boêmios de Inhaúma, presidida por Luizinho do Valle.

O Condomínio que Dona Ivone morava com seu filho Odir fica próximo a Estação do Metrô do Engenho da Rainha e isso de certa forma facilitava o deslocamento de Delcio Carvalho seu parceiro maior, vindo da Estação do Largo do Machado.

Vez por outra eu o encontrava por lá no bairro…

Com ela, Delcio explodiu com os sucessos “Sonho meu e Acreditar.”

Sempre que surgia a possibilidade de nova parceria, o Delcio visitava Dona Ivone. Uma dupla de respeito com muitos sucessos gravados por grandes nomes do samba.

Em vários encontros musicais pelos bairros do Rio de Janeiro lá estava Dona Ivone Lara com Zé Ketti, Nelson Sargento, Monarco, Noca, Wilson Moreira, Delcio Carvalho, Guilherme de Brito, Roberto Serrão e outros nomes representativos na luta pelo engrandecimento da Bandeira do Samba. 

Num determinado momento de sua vida, Dona Ivone Lara perdeu seu filho Odir.

Sua dor foi muito grande, a perda de um filho é uma coisa cruel para qualquer mãe e ela ficou um bom tempo engolindo esta dor.

E agora como viver sozinha e já com idade avançada. Foi aí que entrou em cena seu outro filho o Alfredo, pai de André Lara que a levou para morar com ele.

Dona Ivone depois de tantos anos como moradora do Engenho da Rainha foi morar em Oswaldo Cruz onde sua dor foi amenizada com a presença constante de seu outro filho. Uma imperiana de fé morando no bairro reduto da Portela.

Como o show tem que continuar Dona Ivone Lara não parava, era show aqui, show ali, sua presença era muito solicitada em vários eventos de samba.

Já com a idade avançada e dependendo de uma cadeira de roda ela não tinha como parar as suas conquista. Não lhe permitiam.

Querida demais no meio dos sambistas, respeitada e até idolatrada ela era a sambista mais festejada das escolas de samba. Dona Ivone foi baiana e compositora de seu querido Império Serrano que lhe prestou uma linda homenagem em vida quando, em 2012 a teve como enredo em seu desfile pelo grupo A, pertencente a LIERJ.

O Tema foi “Dona Ivone, Enredo do meu samba”. O Império apresentou um excelente carnaval ficando em segundo lugar, com a Escola de Samba Inocentes de Belford Roxo sagrando-se campeã.

Em 1999 a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira teve como tema “O Século do Samba” e Dona Ivone desfilou num carro alegórico composto por Moreira da Silva, Zé Ketti, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho, uma linda imagem.

Vai ser difícil surgir outra Ivone Lara. As escolas de samba estão valorizando menos sua ala de compositores. Exemplo disso é o Império Serrano ao escolher o samba de Gonzaguinha “O que é o que é” como samba de enredo e a partir dele desenvolver a história a ser contada na avenida.

Tristeza, quem conhece o samba “Os Cinco Bailes da História do Rio”, com Dona Ivone Lara como parceira de Silas de Oliveira e Bacalhau devem estar se perguntando: O que é que é isso?  

Tie Tie. Dona Ivone o seu canto nunca esqueceremos, está no ar.

 

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