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Parlamentares negras sofrem racismo

O Brasil está às portas de mais um 20 de novembro, dia Nacional da Consciência Negra,  que lembra a luta e resistência de Zumbi dos Palmares.  E mesmo assim, mais uma vez o racismo se fez presente, agora contra parlamentares negras: a vereadora da cidade paulista de Campinas, de São Paulo, a Paolla Miguel (PT) e a deputada federal Andrea de Jesus (PSOL/MG).

Em ambos os casos o que chama a atenção é o aumento da violência contra a população negra, após a eleição de Jair Messias Bolsonaro (sem partido). O mesmo que ainda, em pré-campanha,  falou que “QUILOMBOLA NÃO SERVE NEM PARA PROCRIAR”. 

Nunca o racismo foi tão estruturado e institucional como no atual governo.

No dia último 07/11, o programa Fórum 11h30, recebeu a vereadora Paolla Miguel (PT) para falar dos desafios de ser parlamentar negro e negra. No fim do programa foi mencionado o caso da deputada Andreia de Jesus que tinha sofrido ataques racistas nas redes. E agora, a própria vereadora Paolla, sofreu ataques da turma bolsonarista e antivacina. Reveja a participação da Paolla no programa:

O Caso da Vereadora Paolla Miguel (PT/Campinas-SP)

Paolla (30 anos) foi eleita a vereadora mais nova de Campinas, em São Paulo, com 2728. E ainda é a única mulher LGBTQIA+ a ocupar o cargo na cidade. Miguel é feminista e engenheira formada pela PUC/Campinas. Filiada ao Partido dos Trabalhadores desde os 16 anos de idade, ela se tornou Secretária da Juventude do PT, de Campinas, em 2017. Hoje é  dirigente nacional do partido, desde 2019. É também fundadora do coletivo de mídia alternativa Bonde Mídia, que atua na região de Campinas desde 2016.

Paolla nos falou que a sessão foi bastante tumultuada porque o pequeno expediente que acontece, na Câmara Legislativa, de Campinas, em São Paulo (08) das 18h00 até às 19h30 não aconteceu porque apoiadoras do vereador Nelson Hossri (PSD) e que estavam desde cedo ali “lutando” contra o passaporte da vacina estavam tumultuando desde o início. Então, o presidente da casa legislativa, pediu um intervalo regimental para que recomeçasse a sessão direto sem comentários dos (as) vereadores (as) para não gerar mais “stress”.

A vereadora disse que todo mundo de oposição, inclusive ela, que subia na tribuna era xingada ou ofendida, mas tudo com cunho político. Quando a Paolla subiu pela terceira vez para defender suas propostas (o Conselho Municipal da Comunidade Negra e um Fundo Municipal de Valorização da Comunidade Negra), ela percebeu que o tom da multidão mudou. Passou de xingamento político para ofensas pessoais.

Percebendo que as ofensas estavam tomando um cunho pessoal contra a vereadora, o presidente da casa, o vereador Zé Carlos (PSB), interrompe, percebe que teve as ofensas raciais e já de forma assertiva pede para separar as imagens para identificar os autores das agressões verbais  racistas. As vereadoras presentes ficaram ali na frente da tribuna, protegendo a Paolla para que ela não desistisse de falar / para ela garantir sua fala.

No mesmo dia, as pessoas, parlamentares, movimentos sociais e os partidos, inclusive seu partido, o PT (Partido dos Trabalhadores), mandaram mensagens de apoio e solidariedade à vereadora. Até partidos de oposição como ela nos informaram.

E já na terça-feira (09) Paolla realizou o “Boletim de Ocorrência” com vereadores (as) como testemunhas. A vereadora iria depor novamente e dizem que já podem ter a identificação de quem proferiu as falas racistas. E espera que haja justiça, que os autores desse ato criminoso sejam culpados, e que isso seja exemplo, pois diferente do que falaram o que aconteceu naquela sessão foi um crime e não liberdade de expressão.

Paolla Miguel lembrou que racismo e injúria racial são crimes inafiançáveis e não prescrevem. Punir quem fez o ato serve para constranger quem pense em repetir as falas racistas e quem sofrer (vítimas) denunciem sim para que a justiça seja feita. E continua dizendo que esse acontecido serve também para se discutir políticas públicas de combate ao racismo.

E por fim, ela disse que seu sentimento é uma mistura de raiva, frustração, medo… E assistir o vídeo do que aconteceu ainda dói bastante nela, pois é uma aberta que ainda está aberta. Mas ela finaliza dizendo que os atos de solidariedade a ela ajudaram muito e que ela vai superar, pois tem muita coisa para fazer e vai transformar a dor em luta.

https://www.instagram.com/p/CWDnsnLIzSk/?utm_source=ig_web_copy_link

 Deputada estadual sofre com agressões, em Minas Gerais

A deputada estadual Andréia de Jesus (PSOL), que está até sendo escoltada pelo BOPE como forma de proteção pessoal, foi alvo de agressões violentas e racistas. Andreia é presidenta da Comissão de Direitos Humanos, Vice-presidenta da Comissão de Mulheres da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), advogada popular, educadora infantil, feminista e mãe solo. Já em seu primeiro mandato, se tornou a primeira mulher negra a presidir a ALMG.

Jornal Empoderado – Como aconteceram os ataques racistas. (Em quais circunstâncias)?

Tudo começou com uma publicação nas minhas redes sociais. Meu apoio para mães que choraram a morte de seus filhos se tornou uma chuva de ataques e racismo nas minhas redes. Depois disso, chegaram ameaças contra minha vida também pelas redes sociais. Disseram que iriam fazer comigo o mesmo que fizeram com Marielle Franco.

Jornal Empoderado – A deputada teve apoio do partido?

O Psol sempre esteve ao meu lado. A líder da Câmara dos Deputados, Talita Petrone, por meio da Comissão de Direitos Humanos, acionou o Governo do Estado de Minas Gerais e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais pedindo minha escolta e cuidados pela minha segurança. Além disso, lideranças estaduais e municipais estiveram no ato em apoio a mim, realizado dia 09/11, e entregaram um documento contra violência política para o presidente da casa, Agostinho Patrus.

Além disso, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) na Câmara dos Deputados cobrou providências do governador Romeu Zema para investigar as ameaças contra minha integridade física e vida.

Jornal Empoderado – Quais medidas a deputada tem tomado?

Assim que percebemos a situação, fizemos o Boletim de Ocorrência. Minha segurança foi reforçada e estou tomando todos os cuidados para proteger a mim e minha família.

Jornal Empoderado – Qual o sentimento seu em relação ao ocorrido, ainda mais sendo mês da Consciência Negra?

Apesar do abalo inicial, isso só mostra o quanto não estou só nessa caminhada, não vão me calar. Além das minhas ancestrais que estão comigo e minha espiritualidade, eu represento mulheres e povos que estão nessa comigo. Faço parte de um coletivo, de um todo que vai ocupar a política sim e vai garantir todos os direitos para aqueles que mais precisam.

Essa violência política e racista é apenas a prova de que precisamos ocupar nossos espaços e é isso que vamos fazer.

 

NOTA

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