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O SAMBA NÃO TEM FRONTEIRAS E SUA RICA HISTÓRIA

Quando ​o samba foi criado, os afrodescendentes ​vindos da Bahia a partir de 1870 se instalaram no ​centro do Rio de Janeiro região mais tarde denominada de  “Pequena África”.

Os primeiros  baianos que aqui chegaram já eram livres e serviam de referência para que outros viessem ao longo dos anos.

Nos primeiros anos do século ​20, quando a República ainda engatinhava, era muito comum que os negros desta região se confraternizassem​. A forma mais comum desta expressão eram​ os encontros musicais com direito a danças de origem africanas.

Nas casas das mães de santo onde eram praticadas as atividades religiosas do Candomblé, tolerado pela polícia, nos fundo de seus quintais a batucada comia solta e o samba ​trazido pelos baianos predominava.

Era um samba meio maxixe​ – o violão e o cavaquinho não podiam faltar. O batuque que acompanhava era diferente.

As principais  mães baianas que cediam seus espaços para esses encontros eram Tia Ciata, Tia Amélia e ​tia Sidarta.

O destaque ficou com ​Tia Ciata que​ na sua casa reunia músicos do quilate de Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Sinhô e outros. Foi na casa dela  que o samba ganhou fama, rezadeira   e também quituteira, assim como as outras mães baianas, que ​com seus tabuleiro​s​ vendiam​ comidas​, vestindo indumentária​s​totalmente branca​s​.

O​ samba “Pelo Telefone”​, ​o primeiro a ser gravado em 1916​, ​ de autoria de Donga e Mauro de Almeida era o mais cantado lá na ​c​asa da Tia Ciata,​ cuja liderança e  importância era muito grande.

Lá se cantava sambas de Sinhô, de Pixinguinha, de João da Baiana e de outros frequentadores.  

Ismael Silva​,​ morador do Morro do Estácio, bairro próximo a Praça Onze onde ​t​ia Ciata morava e que vez por outra frequentava, sentia que faltava alguma coisa naquele samba​.

Então sugeriu pra seus amigos que queria um samba para marchar e mexer com os braços. Seu companheiro, o Bide, então inventou o surdo.

Nascia assim o samba cadenciado através da marcação do surdo.

O samba proposto por Ismael Silva se solidificou e ele e sua turma começou a levá-lo  para Mangueira, Favela, Oswaldo Cruz e outras regiões onde os afro descendentes viviam em comunidades.

E assim aprendiam os sambas do pessoal do Estácio, a forma de tocar os instrumentos e de dançar o samba.

A casa de seu Napoleão, pai de Natal da Portela em Oswaldo Cruz, assim como no Buraco Quente na Mangueira​, eram redutos onde o pessoal do Estácio  sempre lev​ava o samba.

Já pelos meados dos anos de 1920, havia muitos blocos nessas regiões contempladas com os ensinamentos do samba cadenciado.

A Turma do Estácio liderada por Ismael Silva fundou um bloco e denominou Escola de Samba Deixa Falar, dizia ele que por ensinar o samba em diversas áreas do Rio de Janeiro​. Então eles eram professores de samba e sendo assim o bloco deles era uma Escola de Samba.

A própria  Estação Primeira de Mangueira fundada em 1928 como bloco, mais tarde denominou-se também escola de samba, assim como a Portela e as que vieram depois dessas duas.

Essas escolas de samba eram administradas pelos seus sambistas de origem, mas com o passar dos anos e a evolução do samba e das escolas de samba, cujo primeiro desfile foi em 1932, outras pessoas foram inseridas​.

A partir da  fundação do Sambódromo do Rio de Janeiro​, em 1984. e com a criação da Liesa em 1985, os desfiles tomaram outro vulto virando espetáculo internacional, tornando-se  caro​s  e ​voltados para turistas principalmente, pois o povão não tem poder aquisitivo para a compra do ingresso.

E com o nível dos desfiles de hoje, os detentores originais e seus descendentes, perderam espaços na  própria escola de samba que criaram​, a presidência e os principais cargos de direção estão longe deles que​,  ao abrir suas portas para pessoas estranhas ao meio, foram perdendo espaços.

Este processo praticamente começou quando  os banqueiros do jogo do bicho, viraram patrono​s​ da maioria das escolas de samba.

Com o crescimento delas  e a necessidade de custear seus carnavais cada vez mais caros, outras fontes de recursos começaram a aparecer e com elas pessoas estranhas  se envolvendo na administração.

O perfil dos presidentes das grandes escolas de samba mudou e quase já não se vê um negro comandando aquilo que criou.

Conclusão​. o samba enredo agora não é mais composto pelos compositores da escola e sim por qualquer compositor estranho a esta escola​, mas que entra pra concorrer e para ganhar, gastando fortunas para que seu samba saia vencedor.

O pobre do compositor do morro não ​tem dinheiro  para este investimento que é a disputa do samba enredo.

O carnavalesco contratado faz o que quer, manda e desmanda, descaracteriza e pronto. Hoje a harmonia é desvalorizada através da figura criada de diretor de carnaval que comanda tudo.

Não há mais Xangô da Mangueira, nem Mestre Fuleiro do Império, nem Jaburu da Portela, não há substitutos.

Não há mais ensaios técnicos no Rio de Janeiro e Viva São Paulo cujo Carnaval está dando um exemplo de  organização proporcionando ao seu povo a oportunidade de assistir aos ensaios técnicos de suas escolas de samba.

Ainda bem que o povo do Rio tem os desfiles das escolas de samba da Intendente Magalhães onde o samba autêntico  com  um  desfile que não tem luxo, mas originalidade, parece o carnaval dos anos 60.

Durante três noites​, as escolas de samba dos grupos B, C e D brilham  com as arquibancadas lotadas, onde a mídia não chega,  lá não tem carrões de alegorias e nem luxo, mas a alegria compensa tudo.

E no grupo Especial do Rio de Janeiro a Beija Flor sagrou-se mais uma vez campeã, tendo a Tuiuti   como vice escola de samba que ainda não perdeu suas raízes, sendo comandada pelo pessoal do morro de sua origem.

Em São Paulo, Acadêmicos do Tatuapé  bi campeã, parabéns a todas.

 

NOTA

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