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Já fiz parte de tantos mundos, sai e entrei em tantos outros, criei e me fechei em alguns. Ele no mundo da música e da fotografia e eu no mundo da moda e da mídia, a união dos mundos aconteceu e se tornou inevitável não ver, sentir e viver. Viver entre mundos, nos dá a visão a visão além do alcance (lembrei da espada de thundera, risos), mostrando que os mundos se influenciam, se complementam e se fundem, são indissociáveis.

Fabiana Silva (Consultora de Moda e Jornalista) e Fábio Aleixo (Fotógrafo e Produtor Musical)

Essa vivência, remete ao filme Avatar, que me leva a – AVATARES: Digital Influencer na Moda (https://jornalempoderado.com.br/avatar/). Esta aborda a obsessão da tecnologia pela moda e a cascata de eventos ligada diretamente a mudança do mercado, a proliferação tecnológicas e a substituição do contato físico pelas relações digitais. Mudanças que já estavam em curso e foram aceleradas pelo Covid-19.

À medida que o coronavírus avançava, a moda e a música, entraram em colapso, a moda que já estava na UTI, entrou em coma. Desacreditada, quase acendi uma vela para os produtores (mais de 8 mil shows e apresentações foram cancelados ou adiados) e outra para os estilistas, consultores de imagem e personal stylist (diversos eventos cancelados: SXSW, São Paulo Fashion Week edição 49, o desfile da À La Garçonne, dentre outros).

Para além disso, ao invés de apertar o RESET,os estilistas e marcas optaram pelo PLAY, alteraram o calendário dos desfiles, grifes abandonaram o formato tradicional das fashion weeks, os eventos migram para o ambiente on-line e as passarelas virtuais foram concebidas em Abril. Mas a inovação aconteceu em  Maio, onde a cobiçada primeira fila cedeu lugar ao ambiente digital, com o desfile tecnológico (3D) com a etiqueta africana Hanifa, um desfile tecnológico (3D), diante do corpo ausente.

Ranifa/Reprodução

Coleção-cápsula da linha Pink Label Congo

Sendo um divisor de águas, o Covid-19, modifica o conceito de consumo da música e da moda. Transcendendo o ato de transmitir online, através de novas experiências com entrevistas, podcasts, playlists e diferentes maneiras de degustação. As transmissões precisam contar uma história do início ao fim, contextualizar, envolver a audiência e ser capaz de se comunicar, mais do que nunca.

A maratona musical reforça a relação simbiótica entre a música e a moda, uma diz o que se quer ouvir e a outra, aponta o que se deseja ver e vestir. Neste cenário, as propagandas, sejam elas em revistas de moda ou feitas por clipes musicais, tem influência direta na forma de vestir,  agir e consumir.

Pelo simples fato de permanecermos a maior parte do tempo conectados à internet, recebemos informações sobre as tendências de moda e novidades da música o tempo todo, torna-se evidente que cada vez mais ícones e a nova geração da música, migram para as campanhas de moda.

A música apropria-se da moda e inspira o público a seguir tendências. Já a moda apropria-se da música criando simbologias para representar estilos musicais. Um jogo de ganha-ganha. Ganhamos horas de entretenimento, as cantoras se conectam a seu público e atraem patrocínios, as marcas se expõem e se aproximam de milhares de consumidores em potencial.

Muitas marcas usam as cantoras (influenciadoras) como estratégia, para intensificar os investimentos em marketing. Ciente de que “todo artista tem de ir aonde o povo está”, recado de Milton Nascimento, alguns serviços de musica virtual, tornou-se moeda valiosa e sinal de trabalho impulsionado para mais consumidores.

Em Abril, o chinelo Havaianas e vestido preto de malha da Riachuelo, protagonizaram na live de Marília Mendonças, com 3,3 milhões de usuários simultâneos, ou quase 54 milhões visualizações. Game over!. O vestido preto esgotou antes mesmo da live acabar, a atenção coletiva foi direcionada para o consumo.

As cantoras em ascensão também fazem parte deste jogo de ganha-ganha, não estão no pódio do Spotify Brasil e juntas, não são responsáveis por quase 500 milhões de streamings nos últimos anos. Mas, produtoras independentes  como a Dz2 (@dz2producoes), a Solo Fértil Produçoes (@solofertil.producoes), a Produção 4UP (@alcateia.music4up) e a Djembê (@djembeproducoes) tornaram-se incubadoras e dão visibilidade a nova geração, que não são notabilizadas pelo apelo pelo apelo visual. O jogo de sedução fica por conta da voz, como é o caso da Maria Júlia,17 anos, apresentada pela Djembê.

Cantora @maju_cecilio

Que se lança ao mar e se torna a porta bandeira dos mares. Mantendo viva a memória e ecoando os gritos de revolta ao cantar O Mestre-Sala dos Mares, de Aldir Blanc e João Bosco.

Muitos outros artistas realizaram e realizarão shows ao vivo, lives, transmitidos via redes sociais ou plataformas de streaming, tornando evidente que as cantoras são os verdadeiros motores do consumo, quanto mais as elas usam roupas (seja de grife ou não), mais valiosa elas se tornam, assim como as etiquetas aos olhos do consumidor.

Esta equação, está fundamentada no complexo de PETER PAN, medo de envelhecer. A moda é jovem, tem a necessidade de pertencimento, quer fazer parte de uma tribo e quer ser aceita. Estar antenado no mundo da moda, é conseguir ter quarenta anos de idade e, ao mesmo tempo, ser capaz de entender o que passa pela cabeça das gerações X, Y, Z.

A forma como uma empresa é vista no mundo digital pode ter um impacto significativo na reputação geral da marca, particularmente entre jovens clientes digitalmente alfabetizados. Que mesmo fazendo parte de um grupo que adota o mesmo estilo de vida, buscam se diferenciar entre os iguais e criar o seu estilo individual.

A moda é quase anti-natural nesse sentido, ninguém tem direito a envelhecer, mas a verdade é que os hábitos de consumo que vem para ficar são construídos pela juventude, e não ser jovem está fora de cogitação. A moda odeia envelhecer e anseia em ser reinventada constantemente.

Recorro ao complexo de CINDERELA, onde a moda é a mulher que anseia pelo seu príncipe encantado e permanece na corda bamba entre ser independente e agir como manda a sociedade. Mesmo após tantas mudanças, a moda precisa ser alimentada constantemente e é na música que obtêm seu alimento precioso, as cantoras-propagandas, cujo estilo possa traduzir o conceito de suas roupas (marcas).

Desde o surgimento dos videoclipes na década de 1980 e seu ápice na década de 1990 com a criação da MTV36, o mundo da moda e da música estreitaram relações, o mundo fashion e fonográfico passaram a coexistir através das telas. Desde Madonna, que já encarnou tantas mulheres e estilos, há sempre uma nova cantora para estampar uma capa, desenhar uma coleção ou desfilar como garota-propaganda. Assim como haverá sempre espaço para aquelas que já se tornaram ícones se reinventarem por meio da moda.

Uma cartada de sorte para as cantoras da nova geração, em diferentes etapas  de ascensão, (algumas ainda não são tão conhecidas no mainstream, mas muitas já têm trajetórias reconhecidas dentro do mundo da música), são as lives musicais, as exposições nas redes das produtoras independentes como a Djembê,@djembeproducoes, participação em festivais e outras vias que proporcione visibilidade e formação de novos seguidores com o intuito de convertê-los em público. Afinal, “quem não é visto, não é lembrado”.

Estas, se tornaram o “filão” de mercado, por cria um diálogo com o público e gera maior impactação, que vão além do público habitual. As cantoras, são a mina de ouro, indo para além das grandes grifes, buscam looks urbanos ditados pela amálgama de estilos e diversidade, simplesmente por serem as novas capitães.

Elas vão na contramão do mecanismo que dita a fama, como grande força propulsora, deixando de ofuscar o estilista. Busco no google a matéria, Corpos que transitam e transcrevo trechos a seguir:

“As gerações de consumidores Y (nascidos entre 1985 e 1999) e Z (nascidos de 2000 a atual) estão dispostas a participar no processo de criação dos produtos que consomem para dar um novo significado ao próprio ato de consumo.

A geração Y, influenciada por uma série de transformações tecnológicas e sociais possuem mais flexibilidade em aceitar as diferenças, possuem a capacidade em fazer várias coisas ao mesmo tempo e apresentam um desejo constante por novas experiências. A geração Z, influenciada pelas políticas de inclusão digital, possuem maior facilidade de acesso à internet, são imediatista e destacam-se por sua excentricidade.”

Estas gerações seguem a tendência do “faça você mesmo“. Deixando claro que não deve existir hierarquia entre estilistas e elas, as cantoras.

E assim nasce os privilégios, onde estilistas e grifes as cortejam com descontos, emprestam roupa e até presenteiam, uma vez que elas já usam tais vestimentas (fazem propaganda gratuita). Ou deveriam. A nova geração de cantoras, não está a venda, elas demonstram sua inclinação natural para a moda, afiliam-se a marca, grife ou estilista voluntariamente.

Até hoje em dia as grandes como Rihanna, Lady Gaga, Beyoncè, Iza, Liniker, Pabllo Vittar, Anitta, Karol Conká, Preta Gil, Marília Mendonça, colaboram com grifes de moda ou lançam suas próprias. Observe as entre linhas e verá que frequentemente a euforia do público por uma peça de roupa, não está na peça, mas em quem a veste.

Tenho como prova irrefutável o desenrolar de um desfile, onde o “pit dos fotógrafos” acomoda mais de 300 e estimava-se que cerca de 20%, estão atraídos pelas celebridades que se aglutinam e não pela moda. Onde o nível de uma coleção pode ser mensurado pelo nível de celebridades que comparecem ao desfile, do que pelo apelo da roupa.

Nesta cadeia alimentar fica difícil dizer quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, neste caso: São as cantoras que vão atrás dos estilistas ou as marcas é que as procuram?. A verdade é que os responsáveis pelos looks destas, fazem parte de um grupo restrito de stylist e consultores de imagem. E vale ressaltar, que mesmo que a cantora em si não esteja cobrando, seu stylist está, pois faz o meio de campo intermediando acordos entre estilistas e cantoras.

 

NOTA

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6 respostas

  1. Desejo sucesso total pra toda essa produção. Que os espaços estejam sempre acompanhados de oprtunidades para cada dia mais e mais pessoas façam parceria com vcs
    SUCESSO!????

  2. Ótima reflexão! Nunca passou pela minha cabeça a ótica de consumo de moda associada a quem veste ao a invés de o que veste… Desejo muito sucesso!

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