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Juventude Empreendedora: novo instrumento para desenvolver o empreendedorismo nas favelas e periferias cariocas

Pessoas com idades entre 14 e 29 anos são considerados jovens no Brasil. Na escala da grande mídia a juventude periférica está em alta, seja em folhetim à tarde, seja em telejornal aparecendo em alguma matéria.

No passado, a história era diferente. Nos filmes como Cidade De Deus crianças e adolescentes estavam na margem da sociedade – mostradas em cenas que, frequentemente, evidenciam a violência urbana que assola a cidade do Rio De Janeiro.

Modificando de certo modo, esse quadro com tantas estatísticas reais, os coletivos, atores, agitadores culturais e organizações do terceiro setor mobilizam a população para garantir projetos eficazes.

 CIEDS (Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável)  é uma Organização Não Governamental com experiência em os programas sociais como a Juventude Empreendedora.

O programa busca incentivar e ajudar empreendedores a se desenvolverem, formarem redes colaborativas e prosperarem suas ideias, criando soluções criativas para as demandas do mercado de maneira socialmente responsável.

Em 2019 o programa foi reconhecido como Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil e tem potencial de se aplicar em diferentes localidades. Leandro Silva, assistente de projetos no CIEDs, relata suas experiências no meio social: “com 20 anos de experiência em projetos sociais, tento fazer de tudo para que os jovens das comunidades e periferias do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense possam ter a oportunidade de uma vida digna dentro e fora do seu território, fazendo com que tenham pertencimento de tudo que tenha relevância para o crescimento individual e trabalha com o social, sabemos quanto é importante impactar na vida desses jovens, por isso convido todos vocês que estiverem dentro do perfil para se inscrever e divulgar para amigos e pessoas que possam estar aproveitando a oportunidade de abrir ou desenvolver seu próprio negócio” e nos incentiva com essa fala.

Em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo de Duque de Caxias desde 2018, o programa atua em quatro localidades da região metropolitana do Rio de Janeiro, são elas: Centro, Méier, Nova Iguaçu e Duque de Caxias e conta com o apoio de grandes parceiros, como a Secretaria de Assistência Social.

Andressa Hygino, moradora do Parque Anchieta – bairro periférico da zona norte do Rio de Janeiro – 27 anos e cineasta, participou da Juventude Empreendedora e teve seu projeto selecionado. Ela relata que “foi pura sorte. Recebi pelo Whatsapp a divulgação do Programa Juventude Empreendedora 2018. Não conhecia o projeto nem a instituição, mas quis fazer a inscrição.

Eu já estava na idade limite, visto que o programa é voltado para jovens de 18 a 25 anos, mesmo assim confiei. No dia da entrevista, foram passadas algumas informações sobre o Juventude Empreendedora e o CIEDS pela equipe. Mas ao ser selecionada, eu pude realmente ver o compromisso dessa organização na sua forma de apoiar os jovens de periferia, oferecendo conhecimento sobre empreendedorismo e dando suporte nas questões maiores e menores que nos envolviam, tanto em relação aos negócios como da vida em geral”.

Produzir audiovisual nas favelas e periferias requer empenho e dedicação e foi dessa forma que o projeto CINELAB Infantil da Andressa Higy se destacou durante o Juventude Empreendedora. “O CINELAB Infantil serve como um laboratório itinerante de experimentação do cinema para crianças de periferia de 9 a 14 anos, que tem ali o primeiro contato com essa arte de uma forma lúdica, com liberdade para criação e pensamento através da produção de imagens em movimento.

A ideia é que elas interajam com os equipamentos de filmagem: câmera, luz, som etc. e busquem fazer a sua própria produção artística com ajuda dos facilitadores, que somos Pedro (meu sócio) e eu.” A jovem cineasta não desanima e segue ocupando o espaço através do CINELAB Infantil continua: “o meu projeto tem muito a ver com a minha trajetória de vida. Quando cresci escolhi o cinema como profissão.

Quem mora em periferia sabe o quanto é difícil o nosso contato com certos tipos de arte, a falta de acesso, ainda mais se for mulher negra. Quando me formei em Cinema e Vídeo na Universidade Federal Fluminense, comecei a pensar em como proporcionar essa experiência para pessoas como eu, olhando para a infância como melhor momento para novas descobertas” relata.

Segundo Andressa Higy, o CINELAB Infantil nasceu durante sua participação no Juventude Empreendedora e ela nos conta que “no dia da entrevista, apenas esbocei uma ideia sobre realizar oficinas de cinema para crianças, já que eu era formada na área e tinha vontade de dividir esse conhecimento na região onde moro.

Durante o curso, a equipe maravilhosa do CIEDS foi ampliando a minha visão sobre o impacto social dessa simples iniciativa, que foi se tornando cada vez mais elaborada a cada saber que os professores (altamente qualificados) compartilhavam. Também recebi o reconhecimento dessa instituição através do prêmio final destinado ao Juventude Empreendedora, podendo comprar os primeiros equipamentos do CINELAB e fazê-lo sair do papel.

Hoje, ele é sim uma realidade! Para mim, é inacreditável a confiança que essa instituição deposita nos jovens investindo tempo e dinheiro nas suas ideias”.

A cineasta deixa uma mensagem para os jovens que também pensam em ingressar no mundo do empreendedorismo, “os primeiros passos são sempre difíceis, porque nunca temos certeza do futuro. Por isso, se você empreende por sonho ou por necessidade, é importante que a sua trajetória envolve planejamento.

Busque as oportunidades que são possíveis para você, encontre formações gratuitas (como o Juventude Empreendedora) ou até mesmo em plataformas on-line. No âmbito pessoal, crie uma rede de pessoas que te apoiem e que estejam com você nos momentos bons e ruins. E acredite no seu propósito de vida” finaliza.

A área alimentícia sempre é uma boa aposta para quem deseja empreender e garantir uma grana no final do mês. Trabalhando com trufas e bombons artesanais, Fabrício Luminato de 22 anos e formado em gastronomia pela UNISUAM participou da Juventude Empreendedora no ano de 2019 e nos revela: “conheci através de um amigo David Smith, ele tem um projeto voltado para arte urbana e me indicou o programa. Ele participou no processo anterior e me mandou o link da inscrição”.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates Cacau e Amendoim, o brasileiro consome em média 3 quilos de chocolate por ano, a maioria dos consumidores é da classe C. Luminato Chocolates tem o objetivo de resistência e proporcionar chocolate de qualidade para pessoas da periferia e em sua fala descreve: “bem eu sou um jovem grafiteiro, confeiteiro e negro. Morador de comunidade.

Meu projeto é a Luminato chocolates. Uma empresa que busca a valorização de um cacau livre de mão de obra escrava. Buscando a capacitação de jovens de comunidade. Com a meta de em três anos produzirem seu próprio chocolate e vender para a comunidade de forma mais fácil e uma matéria prima com qualidade”.

A micro empresa do jovem confeiteiro tem um grande potencial para o sucesso e o CIEDS ajudou nessa descoberta, “O CIEDS mudou meu jeito. Antes do programa eu era um menino que não entendia nada sobre projetos. Como falar em alguma reunião ou até mesmo entender o linguajar usado.

O CIEDS abriu uma porta muito grande de conhecimento na minha vida. Com o programa eu consegui me preparar e me capacitar muito para ter meu próprio empreendimento” relembra.

Rede de contatos e planejamento é essencial para quem está começando a caminhada ao abrir seu próprio negócio social, são essas ‘palavras-chave’ que estão levando Fabrício Luminato a incentivar a juventude favelada: “Networking. A palavra que resume, pois através do networking vem grandes oportunidades e com isso você precisa estar preparado para o que vier” finaliza.

A fase juvenil sempre é marcada por transformações constantes, está preparada e preparado ao ouvir não faz parte do aprendizado. Algo parecido aconteceu com Ana Luiza Carvalho de 22 anos, estudante de administração e que participou da Juventude Empreendedora após uma postagem em rede social: “Eu conheci o CIEDS numa postagem da Emanoela Tomaz que também participou do programa, foi uma surpresa terem me chamado para o processo seletivo” resume.

Ana Luiza Carvalho comenta sobre como esteve envolvida em tantos projetos diferentes e potentes: “eu me senti muito realizada. A maneira que me trataram foi linda, valeu muito a pena está com tantas gente cheia de vontade de crescer” revela. A futura administradora não passou para ter sua produtora Virará sendo apoiada pelo CIEDS: “mesmo não passando eu estou muito feliz. Foi gratificante conviver e minha produtora cultural a Virará cresceu bastante com os toques da banca avaliadora” finaliza.

Jovens empreendedores do Rio de Janeiro podem inscrever suas ideias ou negócios no programa de empreendedorismo Juventude Empreendedora. Para participar da seleção, que escolherá 80 candidatos para as turmas que começam em abril, é preciso ter entre 18 e 25 anos e morar em comunidades ou regiões periféricas.

As inscrições devem ser feitas através do link: bit.ly/InscriçãoJE2020. Inscrições abertas para o Juventude Empreendedora 2020 Interessados em participar desta edição devem se candidatar até 15 de março.

Acreditar em um futuro igualitária para toda a população jovem, negra, periférica, favelada e empreendedora são políticas públicas que devemos reivindicar para governantes. Importante saber nossos direitos e como exercer.

 

 

Texto por: Beatriz Carvalho, jornalista e coordenadora do empreendimento Mulheres De Frente.

Revisão textual: Nlaisa Luciano, graduanda em Letras/Literatura – UFRJ

 

 

NOTA

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