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GOG veio a São Paulo para Show e conversou com o Empoderado

Aproveitamos a vinda a São Paulo de Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, conhecido como o poeta do rap nacional, para um bate-papo sobre música e atitude. GOG esteve na cidade para abrir as atividades do projeto “Sesc Verão: Basquete e Cultura Hip-Hop” neste domingo, às 15h30, no SESC Itaquera, onde apresentou seu mais recente trabalho, Matemática na Prática Parte 2”além de seus clássicos, como Quando o Pai se Vai”, “O Amor Venceu a Guerra” e “É o Terror”.

Um dos maiores personagens da cena hip-hop do Brasil e prestes a comemorar 55 anos, sendo 30 de carreira, GOG segue autônomo, sem engessar suas produções nas fórmulas básicas do rap, mantendo em sua arte a funcionalidade que considera a mais virtuosa: ser uma ferramenta de denúncia, de conscientização e valorização das populações e da produção periférica.

Esta entrevista só foi possível devido a colaboração de Erika Balbino!

 

Jornal Empoderado – Na sua opinião, qual é o papel do rap em um governo como o atual?

Independentemente de ser o governo atual ou o anterior, o rap, como um elemento do hip-hop, que trabalha pelo bem social, pelo bem racial e por um equilíbrio e pela transformação do Estado em algo mais próximo da gente. O papel do rap é ser sempre combativo, não importa o lado do governo, e isso é um fator que não pode afetar o rap. Entre esquerda e direita, você tem que ser periférico, tem que ser negro e tem que ser indígena. Somos a maioria.

Jornal Empoderado – Qual a sua opinião sobre o chamado “Funk Ostentação”?

Acha que essa linha de música e composição gera uma vida de ilusão nos jovens ou os leva a procurar uma vida mais próspera? Algumas pessoas acreditam que as letras podem incentivar o jovem a querer obter bens materiais a qualquer custo.

Eu gosto mais do termo “Funk Sustentação”, a ideia de sustentabilidade, a produção artística que permanece e o que é efêmero. A questão é como a sua crítica ao gênero é colocada. Se for colocada de forma preconceituosa musicalmente, racialmente ou socialmente, eu não concordo. O funk nasce na favela. Acho que existem outros  fatores que poderiam ser discutidos e ficam aquém da pauta da agenda pública, como a programação desinformativa da televisão, a falta de acesso às escolas, a forma de como o governo lida com a situação. São várias violências e acho que falta uma discussão mais profunda. No momento, o funk foi o gênero eleito para essas críticas. No entanto, temos que pensar que o funk é, também, um reflexo da sociedade.

Jornal Empoderado – Você tem um método de criação para as suas músicas ou isso varia?

A arte, a música, a poesia … O método é não ter método. É ter respiração, inspiração. Muitas vezes, a obra nasce do desacerto. Às vezes, surgem letras matemáticas, como o “Brasil com P”. Peguei as palavras iniciadas pela letra “P” e montei algo exato. Uma poesia exata. Gosto muito de trabalhar dessa forma. Já para “O Amor Venceu a Guerra”, o título surgiu antes da letra. O processo criativo é variável, nasce de muitas formas.

Jornal Empoderado – Sei que você já respondeu isso algumas vezes, mas quero perguntar para o nosso leitor: Como é morar na capital do Brasil, em uma cidade satélite. Acha que a população de Brasília fica invisibilizada?

Brasília foi criada pelos sonhos de muitas pessoas, como Missão Cruls, Dom Bosco e JK, com a ideia de “50 anos em 5”. Isso atraiu para esse Plano Piloto todas as atenções. Só que as pessoas não se atentam que apesar de toda essa estrutura do Congresso, a pergunta tem que ser: quem construiu a estrutura? Quem chora na Samambaia não é ouvido no Recanto das Emas. Há rodovias que separam os bairros. Em Brasília vivem mais de 3 milhões de pessoas que, em sua maioria, moram nas cidades satélites.

Jornal Empoderado – O povo fará a revolução ou ficará galgando um status burguês?  Nos tornaremos aquilo que tanto criticamos?

Veja bem. Quando falamos de um Estado burguês, ou temer nos tornarmos o que criticamos, temos que analisar que isso faz parte de uma cartilha. A gente parte para um debate de mundo capitalista, socialista, comunista. Acho que as pessoas querem viver bem dentro de um padrão de dignidade. Agora, a sociedade é meritocrata. Quem chega primeiro é o lembrado. Quem passa em primeiro lugar tem o melhor salário, quem tem o melhor tênis vai ser mais comentado. A questão não é o planeta, mas como as pessoas estão conduzindo o planeta. É uma equação a ser  resolvida.  Talvez eu não resolva, não vejo isso resolvido, não acho que vocês que estão me lendo também não vão ver resolvidos. Mas é aí que eu vejo que o conceito e o instinto revolucionários transformadores têm que estar atentos em ter a certeza de que o grão de areia e o tijolo que ele coloca hoje irão sustentar a estrutura da mudança amanhã.

 

Serviço:

Dia: 5/1/2020

Horário: 15h30

Local: SESC ITAQUERA – Palco da Praça de Eventos

Endereço: Av. Fernando do Espírito Santo Alves de Mattos, 1000 

Ingresso: grátis

Faixa etária: livre

Duração: 1h30

 

Sobre GOG

O “poeta do rap nacional”, como é conhecido, em seus mais de 30 anos de carreira sempre defendeu a produção independente no hip-hop. Inicialmente era B-boy. Sempre politizado. Militante incansável das “causas e das canções” que o comovem. Primeiro cantor de rap nacional a abrir o próprio selo e, por ele, produziu e lançou ótimos trabalhos seus e de outros importantes grupos do Distrito Federal e entorno.

Para além do engajamento social, o compromisso com seu trabalho artístico e com os artistas que colocou no mercado, GOG tem um currículo extenso de estrada, com onze discos lançados e diversos prêmios. Aos 54 anos, tem a mente mais oxigenada e futurista que a de muitos MCs em início de carreira. Um dos resultados da maturidade do ritmo e poesia de Genival Oliveira Gonçalves é o DVD “Cartão-Postal Bomba”, gravado com a banda MPB-Black, com participações especiais do rap, além de artistas consagrados da Música Popular Brasileira, como Paulo Diniz, Lenine, Maria Rita e Gerson King Combo.

Em 2010, mostrou mais resultados de sucesso, como o lançamento do livro “A Rima Denuncia”, em que conta, além da sua história de artista e militante, importantes marcos da cultura hip-hop e algumas composições ainda inéditas. Em 2017, lançou seu 11º trabalho, “Mumm-Ra High Tech”.

Videoclipes recém lançados:

 Matemática na Prática Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=F8-ha2Ycw34

Pais e Trilhos: https://www.youtube.com/watch?v=RdqpS-4qNxQ

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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