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Entrevista com Fernando Alabê um dos idealizadores do Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã e irmão da Presidente do Bloco Fefê camilo

No último dia 25 de fevereiro o Jornal Empoderado acompanhou o cortejo do bloco afirmativo Ilu Inã que saiu do Quilombo Urbano “Aparelha Luzia”, de Erica Malunguinho e percorreu algumas ruas da região. O cortejo belo e bem organizado reuniu pessoas de religiões de matrizes africanas e amantes da cultura afro brasileira.

O cortejo teve de idealizadores a componentes do bloco, além de se ver um esbanjar de representatividade, união e empenho em toda estrutura do evento.

O Bloco na rua

O Ilu Inã foi fundado por dois irmão negros: Fefê Camilo e Fernando Alabê, em 2016. E tem em suas raízes a representatividade e protagonismo negro e negra.

Esse foi o terceiro cortejo do bloco Afro Afirmativo Ilu Inã. Nas contas dos idealizadores a primeira edição e a segunda chegou a atrair em torno de 3000 pessoas, sendo que o bloco começou com 70 componentes e hoje tem em torno de 135. Por causa da chuvas que assolaram São Paulo, e não foi diferente no Carnaval, estimasse que foram acompanhar o cortejo, do Ilu Inã, cerca de 2000 pessoas.

Curiosidade

Diferentes dos grêmios recreativos autorais o bloco afro afirmativo Ilu Inã se encaixa na categoria de “Startup*”. Além de Pois desta iniciativa congregar tecnologia artística e culturais presentes nas matrizes africanas que embasam essa estética em arte.

NOTA: *Startup é uma empresa jovem com um modelo de negócios repetível e escalável, em um cenário de incertezas e soluções a serem desenvolvidas. Embora não se limite apenas a negócios digitais, uma startup necessita de inovação para não ser considerada uma empresa de modelo tradicional.

Religiosidade

O bloco Ilu Inã tem seus caminhos abertos pelo seu patrono Exú, um orixá que abre caminhos e que em Iorubá é chamado de “Èsù”, a entidade do movimento. Tudo a ver com o bloco que movimenta centenas de pessoas em busca de confraternização, harmonia e axé.

O Jornal Empoderado esteve conversando com Fernando Alabê que prontamente respondeu nossas perguntas sobre: o bloco e seus outros projetos. Ou seja, compartilhou um  pouco de sua rotina e trajetória artística.

Foto de capa: Aloysio Letra 

Fernando Alabê e Fefê Camilo (irmãos e idealizadores do bloco Ilu Inã)

Jornal Empoderado: Qual a diferença entre bloco afro e afro afirmativo?
Fernando Alabê: Na verdade buscamos esta expressão para marcar nossa representatividade no âmbito das entidades que aglutinam através dos sons dos tambores, dos movimentos e dos cantos que bebem na essência dos terreiros, e que tem como base o samba, o afroxé, os toques candomblé.

Todos são blocos ou blocos pretos, nós somos afro afirmativo. Assim, cada integrante precisa para além de se auto declarar, se afirmar como tal: como negro ou negra.

Jornal Empoderado: Fale um pouco de você.
Fernando Alabê: (Sou) músico desde 1996, Ogan desde os 11 anos de idade e trabalhei como percussionista em bandas como: Guerreiros de Zumbi, como compositor também; Jualês, como ritimista do Vai-Vai e tive a oportunidade de tocar com os grandes artistas como Beth Carvalho, João Nogueira, Fundo de Quintal, The Doors 21th Century, Seu Jorge, Jorge Benjor entre outros.

Como educador musical trabalhei junto as pastas públicas de Cultura e Educação do Estado e da Prefeitura,. E também em grandes Entidades do 3° setor, como: “Instituto Criança Cidadã”, “Instituto Alana”, “UNAS Heliópolis” e entre outras.

Nota: Em sociedade com Fefê Camilo, sua irmã, nasce o “Bloco Afro Afirmativo Ilu Inã” a partir da empresa  “Inã Projetos em cultura e Educação”, visando protagonismo negro.

Jornal Empoderado: Nos fale um pouco de seu trabalho na comunidade Heliópolis e a importância de ter um trabalho afro afirmativo dentro de comunidades periféricas.
Fernando Alabê: sou músico, percursionista desde 1999, passando por diversos trabalhos em muitos bairros de São Paulo, em outras cidades e dentre eles Heliópolis, onde fui um dos criadores do evento do carnaval das crianças dos CCA – Centro Da Criança E Do Adolescente e setores do UNAS Heliópolis.

O Foliópolis, carnaval de rua do bairro de Heliópolis, já tem 10 anos e surgiu como extensão de um trabalho com jovens cumprindo media sócio-educativa de liberdade assistida e se ampliou para todo bairro. Este ano levamos o Ilu Inã para participar junto com a molecada.

Somos habitantes das bordas, desta forma toda ação positiva nossa se contrapõem aos baixos IHds e vulnerabilidades gerais as quais a população das comunidades periféricas estão expostas, ou seja, somos pela arte que é instrumento de transformação social.

Nota: Fernando Alabê Fernando Alabê complementou ao Empoderado, citando o trabalho e atuação da UNAS- Heliópolis e Região, nas palavras dele “uma ONG muito séria atuando com 14 CCAs, 40 creches e diversos núcleos, projetos e ações no bairro de Heliópolis e região, como Jardim São Savério e Jardim Maristela, entre outros.”

Jornal Empoderado: O UNAS abrange projeto de moradia?
Fernando Alabê: Sim e com muita força. Os movimentos sociais no Heliópolis com a luta pela moradia chegaram a por o choque** para fora nos anos de 1980, na época do (Paulo) Maluf (ex-prefeito de São Paulo). A principal força das mulheres. Complementa Fernando Alabê com admiração e respeito pelo UNAS.

**Nota: A polícia de choque é uma unidade ou corpo policial especializado em controlar e dispersar multidões em manifestações constitucionais. Outra função da tropa de choque é fazer cumprir mandados de reintegração de posse de imóveis ocupados.

Jornal Empoderado: Quando começou a idéia de ajudar o próximo?
Fernando Alabê:Não se trata de ajudar próximo e sim do reconhecimento da função transformadora da arte, com recorte e viés social e uma inscrição de ações e movimentos que sabemos reparadores, bem como transformadores de aspectos sociais e que atingem o desenvolvimento das pessoas.

A arte tem poder de cura pessoal e social, tem como estabelecer diálogos que a educação e a assistência social não estabelecem, pois coloca o indivíduo, influenciado por esta, como autor e agente de suas transformações. “A ARTE TRANSFORMA VIDAS!!!”

E assim terminamos essa aula de conhecimento social e consciência ancestral.

Fotos: Viviane Souza e Jesus dos Santos

 

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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