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Entrevista com a Dra Alessandra Ribeiro

ERIKA BALBINO conversou com a Dra Alessandra Ribeiro é historiadora, doutora em Urbanismo pela PUC – Campinas, tem estudos voltados para temas associados à matriz africana: territórios, memória e representação. É gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira, mestre da Comunidade Jongo Dito Ribeiro (em Campinas), mãe de santo umbandista e consultora especializada  em Estudos e Gestão Cultural de Matriz Africana e Patrimônio Cultural Imaterial. Já participou de diversas palestras, debates e apresentações e é, ainda, conselheira da Comunidade Negra e faz parte de comissão de avaliação em editais voltados para a Comunidade Negra.

Jornal Empoderado – Qual é a sua formação acadêmica e experiência profissional?

Dra Alessandra Ribeiro – Sou historiadora, mestre e doutora em Urbanismo, com estudos voltados para a matriz africana no espaço urbano. Tenho experiência em consultoria em Cultura Negra, Patrimônio Cultural Imaterial , gestão de Casa de Cultura compartilhada entre público/privado, formação de professores em temas étnico-raciais. 

Jornal Empoderado – O que é e o que representa a Casa de Cultura Fazenda Roseira?

Dra Alessandra Ribeiro – Na atualidade, é uma referência em ciência, tecnologia, pesquisa, vivências e práticas culturais voltadas para a matriz africana.

Jornal Empoderado – Quais as principais atividades que a Casa desenvolve?

Dra Alessandra Ribeiro – Segue o link: https://docs.google.com/document/d/1KxanIhSz9-cji2cIFV_4LnS5sejjNNCWWcGwFFOVhGY/edit

Jornal Empoderado – Qual a distinção entre a Casa de Cultura Fazenda Roseira da Comunidade Jongo Dito Ribeiro.

Dra Alessandra Ribeiro – A Casa de Cultura Fazenda Roseira é um espaço público de gestão compartilhada da Comunidade Jongo Dito Ribeiro e Secretaria de Cultura de Campinas.A Casa é o espaço físico, como um corpo que abriga  a comunidade, que é a alma, o coração e o cérebro da Casa. Quase todas as nossas ações acontecem neste lugar.

Jornal Empoderado – O que é ser mestra jongueira?

Dra Alessandra Ribeiro – É um aprendizado permanente, nas culturas tradiconais ser MESTRE, tem haver com tempo, preparo, sapiência e principalmente RECONHECIMENTO, dos mais velhos para com nossa caminhada. Em minha comunidade esse processo se deu muito rápido, tanto no jongo como no terreiro.

Mas ser mestre para mim é ser UMA ETERNA APRENDIZ.

Jornal Empoderado – Como historiadora e doutora em Urbanismo pela PUC, você considera a Fazenda Roseira como um quilombo urbano?

Dra Alessandra Ribeiro – Sim. Minha pesquisa e dissertação de mestrado possibilitou-se essa reflexão e compreensão da perspectiva de quilombo urbano.  SEGUE O LINK: http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/97

Jornal Empoderado – Quais as ferramentas que o espaço utiliza para preservar-se como território, memória e representação do povo preto?

Dra Alessandra Ribeiro – São várias, desde a prática coletiva e comunitária cotidiana, como o desenvolvimento de projetos permanentes dentro dessa perspectiva. O desenvolvimento da tese sobre esse universo nos fundamentou academicamente e fortaleceu a comunidade. Afinal, estudamos as nossas questões, fortalecemos nossos jovens a estudarem e a vivenciarem o que pesquisam. Também valorizamos todas as formas e possibilidades de saberes, sejam os vivenciados, os pesquisados cientificamente e os tradicionais oriundos de nossas tradições ancestrais.

TESE, segue o link: http://tede.bibliotecadigital.puc-campinas.edu.br:8080/jspui/handle/tede/928

Jornal Empoderado – Qual a percepção da população sobre o local e sua atuação?

Dra Alessandra Ribeiro – Uau, é bem diverso. Temos como público direto escolas, universidades, instituições e ONGs como pesquisadores que buscam a temática. De modo geral, respeitam, apoiam e valorizam nossas ações.

Jornal Empoderado – Em 2018 você conseguiu, junto à UNISAL – Campus Liceu Salesiano, (ou foi convidada?) criar um curso de Extensão em Historia e Cultura Negra. Como surgiu a ideia e como você conseguiu levar esse curso para fora das paredes da Academia, retomando o protagonismo do curso para um espaço, de fato, negro?

Dra Alessandra Ribeiro – Dei aula como professora convidada na Unisal em 2012. Depois, em 2017, após o término de minha tese, recebi convite para apresentar minha pesquisa de doutorado na Cidade do Cabo (África do Sul) e em Moçambique. Retornei decidida a divulgar minha pesquisa e encontrar mais parceiros que vivem esse desafio de serem acadêmicos e, ao mesmo tempo,comprometidos com comunidades. Toda minha pesquisa e meu interesse acadêmico são resultados dos meus desafios comunitários, de reflexões vindas do meu cotidiano em comunidade. Comecei a verificar a possibilidades de criar uma pós-graduação sobre Matriz Africana e acabei me encontrando com a Univida/Facibra, que já faziam um trabalho sobre contação de história, entre outros temas. Daí em diante fizemos uma parceria e começamos a estruturar. Sou a coordenadora dessa pós e tem sido uma excelente experiência unir os saberes científicos e ancestrais dentro de uma pós-graduação.

Como me sentia incomodada de ver nossas temáticas nas margens da academia, como extensão universitária, na pós nossas temáticas são pauta com reconhecimento e certificação do MEC. Isso só nos anima nessa continuidade e, por isso, estamos abrindo vagas para uma segunda turma para ampliar os diálogos entre acadêmicos comprometidos com essas questões. O curso tem duração de 18 meses, com carga horária de 400 horas.Acontece na Casa de Cultura Fazenda Roseira e na Casa Aquarela, ambos espaços de resistência, representação, memória e compromisso com a comunidade. As mensalidades com 40% de desconto saem por um valor acessível, em torno de R$ 312, e as inscrições vão até 15 de março.

Jornal Empoderado – Quais as pautas abordadas na extensão?

Dra Alessandra Ribeiro – Segue o link para inscrição e informações sobre a grade curricular do curso: https://unividaeducacao.com.br/loja/inscricao-pos-graduacao-lato-sensu-matriz-africana/

Jornal Empoderado – A primeira turma teve quantos alunos?

A primeira turma ainda está em processo. Tivemos 19 inscritos e temos 13 cursando. Temos vagas para 25 alunos nessa segunda turma.

 https://unividaeducacao.com.br/loja/inscricao-pos-graduacao-lato-sensu-matriz-africana/

Jornal Empoderado – Vi que haverá uma segunda turma, com inscrições que acabam agora em março. Você esperava que teria esse resultado tão positivo?

Dra Alessandra Ribeiro – Acredito em nossa ciência, em nossa capacidade intelectual e, principalmente, em nossa força quando juntos nos propomos a fazer qualquer coisa.Ainda queremos mais alunos, mais turmas e mais acadêmicos e referências tradicionais para compor esse projeto. Temos mais desejos, faremos uma escola desde a creche até a graduação. A pós é apenas uma etapa. Muitas outras coisas estão em andamento e acontecendo. Aguardem.

Jornal Empoderado – Qual o seu balanço dessa primeira fase e quais são as suas expectativas para a nova turma?

Minhas expectativas são as melhores e contamos com o apoio de todos na divulgação, como na consciência da importância de fazerem parte dessa história. Afinal, somos a primeira pós-graduação em Matriz Africana no Brasil. Somos vanguarda e todos que estão conosco fazem parte dessa história.

 

 

 

NOTA

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6 respostas

  1. Parabéns Erika e Doutora Alessandra, muito boas as abordagens dos temas tratados com explicações e ensinamentos aos assuntos abordados com links de excelente qualidade para consulta.

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