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ERICA MALUNGUINHO FALA COM JE SOBRE SUA CANDIDATURA

Por volta das 16h a assessoria, da campanha de Erica Malunguinho, entrou em contato conosco perguntando se poderíamos entrevistar a Deputada, pois Erica queria primeiro falar com as mídias pretas.

A Equipe, do Jornal Empoderado, que estava no evento da Brasil Game Show se sentiu muito feliz pela lembrança e foi para a casa de Erica.

Erica, sempre gentil, nos recebeu em sua residência na região central de São Paulo. Um apartamento que tem como guarda-costas o seu gato, o Felafanon Benedito Basquiat Xingu da Silva, com seu olhar de protetor e companheiro. Este último adjetivo é uma coincidência, com seu apelido, já que “Malungo“, era um termo utilizado por famílias bantos (povos africanos) para se direcionar aos negros escravizados que conseguiam fazer a travessia marítima e aqui aportavam para renascerem ou viverem.

 

Nasce a Militante 

Antes de falar sobre sua candidatura, Malunguinho, conta sobre sua vida em Pernambuco e o início da sua militância (Erica que todo mundo aprendeu a gostar):

 

“Minha história começa de muito tempo…A gente tem sempre que lembrar aquilo que falamos enquanto coletividade negra, sendo que nossos passos vem de longe.Então este ser que eu sou respeita as lutas históricas do povo preto.  E nesses últimos tempos, nesse tempo de agora, eu posso dizer que agora além de todas essas histórias da coletividade negra, existe uma história que acontece, que é da minha família, dos meus avós. Eu tive uma avó que foi muito militante que sempre envolveu politicamente em diversas coisas. Então este tema político esteve sempre muito atrelado, sempre teve muito a ver em casa. E no decorrer da minha infância convivi com pessoas de Recife, em Pernambuco, que eram muito militantes também, mas… estes já eram militantes que diziam respeito a questão de raça. Então esses dois pólos, tanta minha família que estava ali pensando politicamente no sentido institucional quanto estas pessoas mais próximas   que eram amigas de minha mãe que pensavam mais a política de militância do ponto de vista racial. Então fui crescendo ouvindo isso e vendo isso. Quando eu cresço, quando em torno adolescente eu não enxergava as coisas sem observar estes caminhos e um lugar possível, viável e um campo de disputa necessário. Ai foi se consolidando, se formando, se amalgamando essa figura militante de indignação em relação as opressões, em relação as desigualdades, em relação ao racismo. Enfim, a partir desses dois elementos (referência familiar e de amigas da mãe).”

Sexualidade

Erica sempre foi muito segura em relação a sua sexualidade algo que ela aprendeu lidar tanto em Pernambuco como em São Paulo, ou seja, em todos os lugares sempre esteve em negociação constante com a normatividade imposta pela sociedade. Malunguinho completa: “Ora por uma condição de raça, ora por uma condição de gênero, ora por uma condição de sexualidade, uma vez que teve o processo de transição. Mas  sempre estes temas estavam muito latentes no meu processo de negociação, porque a gente vive numa estrutura normativa que vai  precarizando e fazendo com que  nossos corpos precisem negociar constantemente o pertencimento. Então isso foi constante. Não foi uma relação natural, mas infelizmente a gente aprende desde cedo a ter que lidar com as opressões. Ou seja, isso não é natural e sim foi naturalizado. Não é uma coisa doce, bacana e tranquila. Resistir não é algo que a gente deva romantizar. A resistência ela é necessária enquanto houver opressão. A gente resiste para poder existir.”

Aparelha Luzia

Foto: Alma Preta

Como ela bem define é um QUILOMBO URBANO. Espaço situado no centro de São Paulo. Local onde Erica transformou em pólo de resistência negra, para mulher, para transexuais, vulneráveis, nordestino… Ou seja, um espaço para se resistir, existir, criar, discutir, energizar-se.

Para explicar sobre o Aparelha, Erica volta na história onde nossos passos vem de longe e sua ideia já estava sendo tramada muito antes, lá nos primeiros navios que estavam naquela rota transatlântica rumo ao Brasil, para aqui entre coisas criarem nossos territórios. Ela lembrou das “Abayomis (bonecas negras) feitas dentro dos navios até todos os processos de resistência dessas lutas pretas, até hoje.”. 

E continua: ” Então o Aparelha é o resultado, uma continuidade desses tempos e eventos históricos. Dessa luta histórica. Então ela vai se construindo nessa mesma toada. Porque uma vez que há a necessidade, a urgência da resistência a gente sempre irá resistir, buscando nossa existência.  Buscar nossos lugares de confortos, nossos lugares de tranquilidade, nossos lugares de acessibilidade, enfim, é criar outra republica. Outra forma de sociabilidade e de sociedade que seja adequada aos nossos anseios enquanto povo negro da Diáspora. Então ela, o Aparelha, nasce de uma continuidade que diz respeito a isso, ela acontece nesse sentido.”. 

A Aparelha tem uma característica que é ser um local para política negra para negros e não negros que quando ali dentro estiverem aprendem sobre cultura negra respeitando o espaço.  Erica disse que projetou o local para ser político e pedagógico, sendo um espaço de arte, cultura, educação e política. Sendo que tudo ali dentro acontece de forma pensada e articulada para que as pessoas saiam dali transformadas. Erica nos fala da necessidade de se existir lugares como a Aparelha, que é resultado de um conflito racial que sempre esteve posto na nossa sociedade. O levante de lugares como a Aparelha faz com que as pessoas que passam por lá consigam enxergar e ver materialmente como esses conflitos raciais se deram no decorrer da história, reforça a Deputada. 

Primeira Deputada Transgênera de São Paulo – Desafios e Expectativas

Eleita com mais de 50 mil votos, a pernambucana, mestra em Estética e História da Arte e idealizadora do Aparelha Luzia é mais uma semente deixada por Marielle Franco e que já milita há muitos anos. Sempre participando de atos públicos (ou não) de embate. Além de passar muito tempo trabalhando com educação, sempre pensando politicamente raça, género, ela afirmou que o Aparelha é mais um espaço de atuação.

A Deputada Erica Malunguinho falou como foi ser candidata em período tão conservador. Ela espera colocar em prática dentro da instituição, a Assembleia Legislativa, tudo isso que ela vem construindo em termos de militância negra nesses períodos históricos. E ela disse que vai exercer a luta histórica política do povo preto e preta dentro desse espaço institucional. É o que ela e o povo negro e negra esperam enquanto mandato QUILOMBO. E isso diz respeito a pensar a negritude e raça enquanto fundamento para elaborar políticas, campos de atuação, projetos e ancorar tudo que for necessário baseado no fundamento racial.

Esse fundamento racial, disse a deputada é pensar diversos elementos como: género, a luta da mulher negra, da população trans, dos LGBTs, moradia de rua, a própria questão habitacional, sistema de saúde, educação, indígena, mobilidade, vida no campo, espiritualidade, religiões de matrizes africanas, enfim, é pensar uma gama de coisas que baseada nesse fundamento. E levando isto em conta, vai ressoar como um salto qualitativo em termos de sociedade para todo mundo. Uma vez que o povo negro é o que mais depende, ainda, das políticas públicas, das esferas públicas de poder. E continuou falando que uma vez que ela estará tensionando esse campo e trazendo a possibilidade de movimentar e mexer esse campo da esfera pública vai ajudar e pensar em um todo melhor para todo mundo.

A Deputada disse que todas estas e mais um monte de pautas de um povo historicamente alijado de acesso e do bem comum, sociais, materiais são prioritárias para ela.

Erica disse ainda que assim que soube da notícia e após receber felicitações de eleitores e eleitoras, partido, a primeira pessoa que ligou foi para sua mãe que deu conselho, depois seu pai e a mãe de santo.

A Deputada deixou um recado para nossos leitores e leitoras: “A mensagem que deixo é que estamos juntxs. Isso que acontece agora é uma responsabilidade coletiva e responsabilidade de todxs.  E estarei lá sim, como uma representante possível e viável, mas que nós temos muitas demandas e que nós precisamos enquanto Mandato Quilombo nos apoiar a partir dessas demandas. E será um mandato aberto, transparente e isso significa que as escutas estarão a disposição para gente pensar em rumos e decidir nossas demandas. E quero dizer também que é só o começo para muitas coisas que devem estar em curso nesse projeto político de alternância de poder”.

Malunguinho sabe que terá muitas responsabilidades, mas não está sozinha. Ela contará com apoio de milhares de pessoas que estarão a ajudando e sabe que poderá contar com a mídia alternativa e preta, principalmente o Jornal Empoderado. Boa Sorte, Preeeeettaaa!

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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