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O QUE VOCÊ TEM COM ISSO?               

 

Há muito tempo, desde época da ditadura, nunca senti o que sinto agora e sei que não sou o único. É um sentimento de que posso ser agredido a qualquer momento por pertencer a um grupo quantitativamente maior, mas minoria em poder de decisão, respeito e por pensar diferente como ser humano.

Este sentimento se instalou em mim ao descobrir que faço parte de um dos possíveis alvos emparedados para averiguação, com ordem de matar se necessário for, ou se por alguma dedução pessoal e sem a menor necessidade de se auto justificar caso entendam que o melhor é atirar e depois verificar se a suspeita tinha alguma procedência.

Qual é a real função das nossas forças de segurança?

Agora lhe será oficialmente outorgada o direito de matar em nome da felicidade geral do Estado. Será agora alterado o seu estatuto com a inclusão do direito de matar sem justificar, por uma simples dedução particular de cada atirador?

Missão da PM Paulista diz: Proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater o crime e preservar a ordem pública

Missão da PM Paranaense diz: entre outras ordens: a fim de assegurar o cumprimento da Lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos.

Onde me encaixo para me tranquilizar e deixar de ser alvo?

Pesquisei estas duas polícias por estarmos regionalmente entre elas, e nenhuma delas contém a palavra MATAR em suas missões, e mesmo assim, as estatísticas apontam uma grande tendência étnica, até ao ponto de ser chamada pela imprensa como genocídio étnico.

No dia 5 de outubro, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – Dados 2016″. Segundo este relatório foram 118 mortes, 106 suicídios e 735 casos de mortalidade infantil. Segundo Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi, estes números são explicados pelas estratégias voltadas para a expropriação das terras indígenas”.

O Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, constata que a população de baixa escolaridade é o principal alvo destas ações violentas no país. O documento revela que a cada 100 pessoas assassinadas, em 2017, 71 eram negras. Em sua grande maioria mulheres e jovens. No geral, cerca de 92% dos homicídios no país, acometem essa parcela da população.

Regina Lúcia, militante do Movimento Negro Unificado (MNU), afirma que esse processo genocida da população negra é histórico. “O projeto genocida da população negra está em vigor desde o dia 14 de maio de 1888 […]” e diversas são as armas utilizadas, não nos enganemos, pois estas estatísticas apenas apontam os homicídios, mas existem dezenas de outras formas de se eliminar a autoestima, a lamentável dependência da saúde pública, a esperança das pessoas, etc.

E quem serão seus principais alvos para consumo de estoques envelhecidos de balas e armamentos? Justificando assim a compra de novas armas e munições por um processo licitatório que deve estar muito triste por esta possibilidade de abertura de mercado, e com certeza dispostos a colaborar intensamente com a nossa segurança. Os alvos já estão definidos e quem irá atirar também.

Talvez eu não tenha tempo para saber, mas me preocupo porque os meus familiares que ainda sonham com um futuro de liberdade.

Liberdade, faz apenas 130 anos que o sabemos em papel, mas que em tão pouco tempo nos sentimos livres em processo gradual de conquistas lentas e sofridas, vislumbro a possibilidade de um retrocesso imenso pelas pequenas e irrisórias conquistas, que num piscar de olhos serão demolidas como se derruba um muro recém-levantado.

Gostaria de ter o direito de por mais tempo ainda continuar sentindo o prazer de ser livre, de poder dizer o que penso da forma do meu entendimento, por mais esdrúxula que possa parecer a minha interpretação. Não nos tirem por favor este direito de falar, pois já passamos por esta situação e não queremos voltar, e creio que não sou o único a pensar na necessidade de não ser tirado o direito sagrado de ir e vir, de falar e expressar o que pensa de forma tranquila sem a necessidade de verificarmos quem está à nossas costas, disfarçado olhando ao redor. Estas preocupações são dos alvos já definidos, mas deveriam ser de todos, mesmo que ainda não constem das listas.

Violência gera Violência, e toda a população sairá derrotada uns mais, outros menos, uns agora outros depois.

 

Luiz Antonio

Articulador do Coletivo

Poder Negro Vale

Contato:

Cel.: 011-99638-8087

Email.: podernegrovale.pnv@gmail.com

https://www.facebook.com/podernegrovale/

Há muito tempo, desde época da ditadura, nunca senti o que sinto agora e sei que não sou o único. É um sentimento de que posso ser agredido a qualquer momento por pertencer a um grupo quantitativamente maior, mas minoria em poder de decisão, respeito e por pensar diferente como ser humano.

Este sentimento se instalou em mim ao descobrir que faço parte de um dos possíveis alvos emparedados para averiguação, com ordem de matar se necessário for, ou se por alguma dedução pessoal e sem a menor necessidade de se auto justificar caso entendam que o melhor é atirar e depois verificar se a suspeita tinha alguma procedência.

Qual é a real função das nossas forças de segurança?

Agora lhe será oficialmente outorgada o direito de matar em nome da felicidade geral do Estado. Será agora alterado o seu estatuto com a inclusão do direito de matar sem justificar, por uma simples dedução particular de cada atirador?

Missão da PM Paulista diz: Proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater o crime e preservar a ordem pública

Missão da PM Paranaense diz: entre outras ordens: a fim de assegurar o cumprimento da Lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos.

Onde me encaixo para me tranquilizar e deixar de ser alvo?

Pesquisei estas duas polícias por estarmos regionalmente entre elas, e nenhuma delas contém a palavra MATAR em suas missões, e mesmo assim, as estatísticas apontam uma grande tendência étnica, até ao ponto de ser chamada pela imprensa como genocídio étnico.

No dia 5 de outubro, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil – Dados 2016″. Segundo este relatório foram 118 mortes, 106 suicídios e 735 casos de mortalidade infantil. Segundo Dom Roque Paloschi, presidente do Cimi, estes números são explicados pelas estratégias voltadas para a expropriação das terras indígenas”.

O Atlas da Violência 2017, lançado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, constata que a população de baixa escolaridade é o principal alvo destas ações violentas no país. O documento revela que a cada 100 pessoas assassinadas, em 2017, 71 eram negras. Em sua grande maioria mulheres e jovens. No geral, cerca de 92% dos homicídios no país, acometem essa parcela da população.

Regina Lúcia, militante do Movimento Negro Unificado (MNU), afirma que esse processo genocida da população negra é histórico. “O projeto genocida da população negra está em vigor desde o dia 14 de maio de 1888 […]” e diversas são as armas utilizadas, não nos enganemos, pois estas estatísticas apenas apontam os homicídios, mas existem dezenas de outras formas de se eliminar a autoestima, a lamentável dependência da saúde pública, a esperança das pessoas, etc.

E quem serão seus principais alvos para consumo de estoques envelhecidos de balas e armamentos? Justificando assim a compra de novas armas e munições por um processo licitatório que deve estar muito triste por esta possibilidade de abertura de mercado, e com certeza dispostos a colaborar intensamente com a nossa segurança. Os alvos já estão definidos e quem irá atirar também.

Talvez eu não tenha tempo para saber, mas me preocupo por que os meus familiares que ainda sonham com um futuro de liberdade.

Liberdade, faz apenas 130 anos que o sabemos em papel, mas que em tão pouco tempo nos sentimos livres em processo gradual de conquistas lentas e sofridas, vislumbro a possibilidade de um retrocesso imenso pelas pequenas e irrisórias conquistas, que num piscar de olhos serão demolidas como se derruba um muro recém-levantado.

Gostaria de ter o direito de por mais tempo ainda continuar sentindo o prazer de ser livre, de poder dizer o que penso da forma do meu entendimento, por mais esdrúxula que possa parecer a minha interpretação. Não nos tirem por favor este direito de falar, pois já passamos por esta situação e não queremos voltar, e creio que não sou o único a pensar na necessidade de não ser tirado o direito sagrado de ir e vir, de falar e expressar o que pensa de forma tranquila sem a necessidade de verificarmos quem está à nossas costas, disfarçado olhando ao redor. Estas preocupações são dos alvos já definidos, mas deveriam ser de todos, mesmo que ainda não constem das listas.

Violência gera Violência, e toda a população sairá derrotada uns mais, outros menos, uns agora outros depois.

 

Registro, 18 de outubro de 2018.

Luiz Antonio

Articulador do Coletivo

Poder Negro Vale

Contato:

Cel.: 011-99638-8087

Email.: podernegrovale.pnv@gmail.com

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