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Sobrevivemos até a última semana de 2020, dormimos na quinta-feira (31/12) e acordamos na sexta (01/01), chegamos em 2021 dentro de um octógono aguardando sinal de mudança e uma oportunidade para o golpe certeiro na indústria da moda. A pandemia mudou nossas vidas, o consumo e alimenta uma mudança cultural diante dos diferentes contextos de moda, o amor pelo novo.  Este é o ponto, a efemeridade da moda.

Seria tão injusto falhar agora, morrer na praia, diante dos golpes certeiros na indústria da moda, 2020 mostrou que trancados em casa. precisamos cada vez menos da moda.  Viver a história é bem diferente de contá-la, a visão distorcida influencia nossa interpretação, como descrever 2020?. 2021 vem mostrar que nem tudo é perda ou atraso, não se trata apenas do “ponto de partida” ou “de chegada” ou ainda entender o momento seguinte, pois a régua passou a ser a iniciativa.

Não apertei o botão reset e nem zerei a máquina, a vida segue e o mês de Fevereiro já começou, antes mesmo da folia do carnaval. Já é carnaval e ainda não tivemos a demonstração de equidade mundial em respostas à pandemia de Covid-19. Porém já evidenciamos uma espécie de “salve-se quem puder”, a solidariedade vai até a terceira página e dá espaço ao individualismo.

Caímos na conta de quanto ainda precisamos avançar na superação do preconceito, racismo, injustiças, violências primitivas e entender que a vacina não é uma “bala de prata”. A expressão “bala de prata” é uma metáfora que designa uma realidade que constitui uma solução simples e acessível para resolver um problema difícil.

Ao contrário do previsto, a moda não entrou em coma, permaneceu dias na UTI numa luta permanente que provoca revoluções e tensões no processo de reinventar-se, adaptar-se e absorver, mas sem abolir o jogo. Muito se diz que a moda é uma fábrica criadora de desejos. As contestações da moda nos levam a buscar por princípios genuínos com base em causas sociais, ambientais e espaço para novas experiências que vão desde a produção até o consumo.

Independente da geração que pertencemos, buscamos a virada de chave, achar um limiar entre criar desejo e alimentar devaneios. Somos ou deveríamos ser protagonistas de nossas escolhas, reconhecer e reivindicar nossa individualidade, pois somos agentes transformadores a partir do nosso ato de consumo. Esse é o segredo.

A efemeridade da moda funciona como antídoto para curar a ansiedade e saciar a nossa sede de emoções. Procuramos o novo a todo o momento e a qualquer custo. A cada semana, uma nova coleção na vitrine, a cada dia um novo capítulo na novela das oito, a cada seis meses a nova versão do carro do ano, um novo restaurante imperdível é inaugurado. Sem qualquer margem de dúvida, somos atores no “teatro” do consumo, consumimos e somos consumidos por não conseguirmos em algum momento saciar o desejo de desejar.

A palavra “moda”, não está restrita apenas aos tecidos (roupas) que cobrem o corpo: inclui bolsas, brincos, anéis, pulseiras, sapatos, véus, enfim, tudo o que é denominado “indumentária”. A moda é muito mais do que vemos nas passarelas, ela traduz modos e não se resume a roupa, por si só, não define o consumo, mas é a mola propulsora deste.

 

Reitero que moda vem do latim modus, modo, conheço dois modos de vestir o corpo nu. No primeiro, um não anula o outro. A roupa ao cair sobre o corpo segue o seu talhe, ajeita-se a ele, ao mesmo tempo em que o corpo ajeita-se à roupa, sem imposições, um é partícipe do outro. No segundo, vestimos os atributos da roupa, da marca, do nome do estilista, a roupa é o objeto de valor. A roupa se sobrepõe ao corpo e o olhar vai da roupa para o corpo.

A medida que redijo essa matéria, meus pensamentos se organizam, se dividem, se reorganizam e se desorganizam na velocidade de um stories de Instagram, quando o assunto é o consumo. Consumo que se baseia em sair e estar na moda, em ser aceita no grupo social ou alcançar um status maior. Neste momento, o produto deixou de ser necessidade e tornou-se vontade, prevalece o conceito grife e exibicionismo, eis o consumo ostentatório, alimentado pela lei do “CONSUMO, LOGO EXISTO”. Ao ostentar uma roupa, você declara que pertence à determinada classe e/ou tribo e faz dela  um manto da salvação.

O que se percebe é que não se consome apenas o produto, se consome a imagem, afinal “uma imagem vale mais que mil palavras“, a roupa fala através do emaranhado de signos e exercita sua retroalimentação para a renovação da moda e do status.

Se constrói e destrói ao mesmo tempo, já não dá para reescrever e inserir previsão de início e término. Nunca será demais rememorar que “VOCÊ NÃO PRECISA, VOCÊ QUER”, quer um milagre, através do consumo e das motivações criadas, como as promoções ou os botões de “compra num só click” em muitos sites. À medida que colocamos nossas emoções nos produtos de consumo, conquistamos uma felicidade efêmera: ao comprá-lo estamos felizes, mas logo precisamos comprar novos produtos/objetos/signos, pois os nossos já são obsoletos.

Neste processo, da alta costura até as redes de fast-fashion, do grande player da moda até o pequeno empresário, continuam inovando, reinventando-se e reaprendendo, proporcionando novas experiências aos consumidores, nós. A régua passou a ser a sustentabilidade, um desafio de modo a repensar a necessidade de consumir, reduzir na fonte e não apenas, reciclar. É necessário pensar não apenas na sustentabilidade de cada componente, mas na sustentabilidade do modelo de negócio como um todo.

Extinguir o consumo não é uma possibilidade, mas é possível sim, consumir com mais inteligência, nasce a eco fashion (moda sustentável), ou seja, uma produção voltada para a criação de roupas de materiais sustentáveis e que não apresentam riscos ao planeta.

Rabisquei inúmeras folhas na tentativa de trazer novas perspectivas, ideias e desvendar o que seria o “novo normal”, dentro do guarda chuva da moda.  Quando me releio, percebo que não esgoto o assunto e que nenhum assunto tem a perenidade do esquecimento. Descobri quantas vezes morri e ressuscitei, ou melhor, pari a mim mesma por meio de palavras. Anseio sempre explorar e desmembrar sobre as questões da moda sustentável, do descarte excessivo, da discussão do que comprar, do conhecimento do que a roupa é e o que ela significa para os consumidores, criadores, formadores de opinião e para você.

 

 

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