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A professora Adrienne Kátia Savazoni Morelato explicou como nasceu o conto “Dor infernal”, do Gustavo Rocha Gomes, de 13 anos.

O conto foi produzido durante uma avaliação bimestral de Português como fechamento de um projeto de música que estou realizando com os sétimos anos. O projeto viaja para a Idade Média para resgatar a sonoridade das cantigas, as certidões de nascimento e batismo de nossa língua, e tenta traçar uma comparação entre a poesia e a múscia do Medievo com a música brasileira.Um dia, neste pobre terreno, cheio de tristeza e escuridão, eu, como uma mulher normal, acordo e arrumo minha humilde casa, sem o menor pingo de determinação.

Ao mesmo tempo, trabalhamos no bimestre o Conto ” O Poço e o Pendulo!” de Edgar Allan Poe como exemplo de narrativa psicológica e de suspense e as poesias de Cecília Meireles como uma das obras que foram influenciadas pelas cantigas.

Na parte de gramática, os alunos conheceram as figuras de linguagem.

Como avaliação, fora proposto que os alunos criassem um conto que reunisse todos esses elementos: os temas do cancioneiro medieval, a técnica de narração de Edgar AllanPoe, a linguagem poética de Cecília e as figuras de linguagem, Gustavo Rocha Gomes deixou o seu lado escritor e poeta falar e descobriu o seu verdadeiro talento.

O conto do Gustavo

Eu saio de casa para tentar encontrar um homem incrível. Chego neste parque cinzento, onde fico algum tempo. Eu, já determinada, vou embora, até que olho para um grandioso cavaleiro, de repente, o parque ganha cor, os céus ficam limpamente brilhantes, e meus olhos se arregalam! Eu vou a sua direção, e tento puxar assunto, nós conversamos tantas coisas e o tempo passou tão rápido quanto normalmente passa. Pela primeira vez, em minha vida, sinto como se uma luz viesse em meu interior, esquentando o meu coração como um enorme Sol.

Eu volto ao meu e, nossa! Nunca notei essas lindas flores de cor rosada!

Vários e vários dias se passam, eu estou cada dia mais feliz conversando com este grandioso cavaleiro. Mas… Hoje tem algo estranho, ele está meio desanimado. Ele me diz claramente:

 – Eu terei de sair para as Cruzadas. Não sei dizer o que acontecerá, mas saiba que eu voltarei, por ti.

Meses se passam e eu estou ansiosa para a sua volta, eu penso que vou para o parque ver se ele chegou. Vejo vários “cavaleiros”, porém, não o vejo. Eu pergunto a um desses cavaleiros:

– Você poderia me dizer onde aquele “grande cavaleiro” está?

Ele responde:

_Ele? Ele acabou partindo aos céus…

Ele morreu…? De forma repentina, tudo escureceu e encobriu-se pelo tom cinza da morte. Eu não consigo mais ouvir este homem e corro para minha casa em prantos, sentindo a escuridão e a solidão me puxando, eu chego a minha casa, vazia e fragmentada, vendo estas flores banhadas em sangue. Deito em minha cama “alagando” o cômodo com lágrimas, onde está aquele sol em meu interior?

O escuro do meu quarto entra em meu interior, apagando aquele brilho. Está escuro, escuro…

Cada vez mais escuro, um escuro ecoante e deprimente…

Um escuro que perfura… Lentamente, o meu cérebro.

Esse escuro formando um inferno, completamente solitário em meu coração. De forma fria, eu vejo algo longe. Isso seria uma lápide?

“Aqui jaz um grande cavaleiro que morreu por um nojento traidor”.

 Eu acordo de repente, “ então era um sonho?”

Talvez só a lápide… Eu saio de casa, mas não vejo os rostos das pessoas. Esta rua é vazia e completamente fria que acaba incendiando o inferno em minha cabeça.

Este ciclo permanece em muitas e muitas noites. Sem família, sem amigos. Eu então, me ajoelho em frente ao rio, perto de uma árvore… Grito:

_Deus, por que fez isso? Seu falso!Você tirou tudo de mim! Você tirou-o de mim! Como vai aí em cima? Rindo da cara de nós idiotas?

_ Estás triste com algo?

_ Quem disse isso?

_ Eu!  Ouço essa voz vinda da água, que sobe aos céus – não é necessária tamanha tristeza…

Eu converso com “ele” e só sinto dor ao ouvir a sua voz. Eu abro meus olhos, observando as nuvens e percebo que era tudo um sonho. Eu já não aguento mais…

Talvez o “outro lado” seja melhor. Eu fico em frente às águas e digo:

_ Adeus…

 

Autor: Gustavo Rocha Gomes , de 13 anos. Do 7º ano B, da E.E Jardim dos Oitis.

 

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