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Pietro de Moraes Oliveira é um menino de 12 anos, aluno do 7ª do Ensino Fundamental e morador da ZN de São Paulo. Em 2019 ele sofreu racismo na escola na qual estudava. Essa escola é particular e em outros momentos antes deste ocorrido já havia apresentando situações de racismo e discriminação em direção ao Pietro, racismo esse vindo do mesmo colega de classe.

Ressalto que ninguém nasce racista ou com um pré-conceito sobre o diferente, esse indivíduo se transforma no decorrer de seu crescimento através da observação da sociedade que o rodeia. Como o racismo e o machismo é estruturado em nossa sociedade, e esses fenômenos estão imbuídos de tal forma em todos nós, nesse caso estamos sujeitos a cometermos, em algum momento de nossas vidas, essas transgressões.

Portanto como educadores – e a escola em sua totalidade é educadora – necessitamos trazer de forma didática e integradora os temas sobre racismo, machismo, como também homofobia, na educação. Visto que esses temas além de rasgar a alma de quem sofre, é um crime. Outras ocorrências que acontecem no ambiente escolar, inclusive machuca e quebra a alma de quem sofre, entretanto no caso do racismo além de machucar ele é crime e mata, de todas as formas, a quem sofre.

Penso que como educadores carecemos de abordar esses temas no Currículo Escolar, e não apenas com os alunos, mas também com a família e comunidade. Talvez algumas ações em debates ou um projeto escolar que envolvam a família e a comunidade.

“A lei 11.645/08 estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena” . Essa lei da LDB complementa a lei 10.639/03 e nessa alteração acrescenta-se os indígenas. Como está escrito na lei, o mote determina que a História e cultura do povo negro e indígena deve estar incluída no currículo escolar, não apenas em datas comemorativas, como também em todos âmbitos debatidos na escola, principalmente quando ocorre o racismo entre os alunos. Não somente os negros precisam conhecer sua história para saber sua importância na sociedade, como as outras raças precisam conhecer nossa história para nos valorizar e respeitar.

Realizamos uma entrevista com o Pietro e suas conclusões quanto ao sucedido.

JE – Pietro nos conte um pouco sobre sua vida escolar antes do ocorrido.

Pietro – Era tudo normal, no primeiro dia já conheci um amigo e conheci alguns professores e estava conhecendo um pouco da escola.

JE – Relate como tudo aconteceu e o local.

Pietro – Tudo aconteceu quando dois alunos vieram me perturbar, um garoto menor e outro quase do meu tamanho. Durante os 2 anos que eu fiquei na escola, o garoto menor ficou me perturbando mais do que o maior.

Teve uma vez, no meio do ano, durante a aula de Educação Física, a aula tinha acabado e eu fui pegar a bola para o professor para ser guardada. E de repente o garoto menor deu uma rasteira para eu não pegar a bola, enquanto eu estava no chão sem entender nada, ele pegou a bola.  Na hora eu fiquei muito bravo e esperei ele se virar para dar um empurrão nele, e assim eu fiz, mas ele depois disso me deu um soco no olho.

Fomos para a diretoria e ele só recebeu uma bronca, e nada mais foi feito. Em 2019 eu pensei, se ele fica me perturbando eu vou perturbar um pouco ele também e então eu fiquei zoando ele por causa do seu tamanho, fiz isso na aula de Educação Física e ele ficou irritado e me xingou de “seu negro”.

JE Como a escola tratou toda a situação e se você ficou satisfeito de como tudo foi tratado?

Pietro Depois disso ele recebeu só uma bronca de novo mas os pais foram na reunião dele para falar dobre esse assunto.

JE Você acabou saindo da escola, sair da escola foi a melhor escolha para você?

Pietro Não, depois de tudo isso eu ainda fiquei na escola pelos meus amigos e professores que eu adorava, mas eu saí da escola por outro fato.

JE Como foi seu acolhimento na nova escola?

Pietro Infelizmente não fiquei muito tempo lá, por conta da quarentena, mas tive dificuldade de conseguir um amigo de verdade

JE Após passar esse tempo, nos conte como foi sua superação.

Pietro Eu resolvi esquecer um pouco disso, porém do meu jeito e por dentro eu ainda estou irritado.

JE Essa experiência te trouxe algum aprendizado para a vida em relação a conscientizar os colegas de classe?

Pietro Eu nunca pensei que eu ia passar por isso, na outra escola que estudei anteriormente nunca havia passado por isso.

JE Se pudesse rever esse menino que te fez mal, o que você falaria para ele?

Pietro Não iria bater e não faria nada de mal para ele, só falaria para parar e pensar no que as pessoas sentem, para ele se colocar no lugar do outro. Falaria que ele sempre tem uma desculpa de falar que só tá zoando – PARE que você só vai se lascar na vida.

Analisando as respostas de Pietro percebo o quanto o racismo despedaça a alma daqueles que sofrem. Sentimento que guardamos no fundo do coração e por vezes, na fase adulta, relembramos e nos assolamos. Devemos combater o racismo em todos ambientes, principalmente no ambiente escolar, já que na escola o indivíduo desenvolve sua evolução, não somente de conhecimento, como de integração, aceitação, pertencimento à sociedade e como ser existente e importante num todo.

Diga não ao racismo escolar, para que nossas crianças tanto pretas, quanto brancas, amarelas e vermelhas, tenham conhecimento do quanto essa transgressão nos adoece à todos. E para termos um futuro melhor e mais igualitário precisamos nos transformar agora.

Garoto sonhador e deseja que as pessoas respeitem mais uns aos outros.

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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