A arqueologia é uma das ciências mais fascinantes. Quando pensamos na arqueologia como ciência, tendemos a imaginar as pesquisas do Velho Mundo, recordando de povos de origem milenar, como os egípcios. Embora os templários já procurassem sítios sagrados nos arredores de Jerusalém, há mais de seis séculos atrás, a ciência surgiu oficialmente com as descobertas arqueológicas na Itália. Pouco depois, valiosas descobertas aconteceram em outros países. E é interessante que, condicionados pela tendência histórica de valorizar a Europa, África e Oriente Médio, por muito tempo não consideramos a possibilidade de que também tivéssemos achados a apresentar. Fazia sentido, segundo as teorias da época. Esse tempo, porém, mudou, e hoje temos sítios arqueológicos em todo o país, de inestimável valor histórico.
Segundo os conceitos mais arraigados, os primeiros “americanos” teriam chegado ao continente pelo Estreito de Bering há doze mil anos. A descoberta do crânio de Luzia por uma equipe francesa veio trazer outras luzes ao conhecimento da nossa pré história. Segundo estudos com o material genético de Lagoa Santa (MG), realizados por uma equipe internacional, a povoação das Américas ocorreu por um único grupo populacional, que teria atravessado o Estreito de Bering, começando ha aproximadamente vinte mil anos atrás. Eles teriam chegado à América do Sul através do Canal do Panamá em três grandes migrações, sendo que a última teria ocorrido há aproximadamente quatro mil anos, desta vez ocupando o território dos Andes.
Tendemos a valorar tantos outros povos, denegrindo nossa própria terra. O que acontece com a sociedade contemporânea se repete a respeito da impressão sobre os nossos antepassados. Os antropólogos elevavam os incas, denegrindo os primeiros ” brasileiros”. No entanto, é tempo de rever os próprios conceitos. Paralelamente às descobertas, nossos arqueólogos, em parceria com os americanos, descobriram que o povoamento do Brasil se deu através do Xingu, onde os povos originários construíram cidades repletas de enormes pomares. A floresta se conectava a esse pomar. Esses povoamentos eram ligados através de estradas. O cenário em nada se assemelha à aquele que imaginavamos. Em algum momento, os povos originários teriam migrado para a costa, espalhando- se por todo o Brasil, com o amplo povoamento Tupy Guarani do território.
Tudo isso já era conhecido pelos nossos cientistas, mas recentemente, na Serra da Capivara, fora encontrado o registro artístico daquele que teria sido o primeiro beijo registrado pela humanidade. A publicação foi feita pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a partir de pinturas rupestres em uma caverna na Serra da Capivara. O local reúne a maior concentração de sítios pré-históricos da América Latina, com os mais antigos exemplares de arte rupestre do continente. O Parque Nacional da Serra da Capivara é reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO. Nesse tempo, nossos ancestrais do Pleistoceno habitavam o continente junto com a megafauna, formada por tatus e preguiças gigantes.
Com todos esses achados, nós só temos que comemorar, agradecendo aos cientistas por conhecer um pouco mais sobre as nossas origens.
Revisão e edição: Tatiana Oliveira Botosso