Texto e imagem: André Augusto
Fui ao cinema para assistir Divertidamente 2, atendendo a um pedido da minha filha Helena. Como esperado, estava cheio. Por sorte, conseguimos duas cadeiras na sessão das 15h20.
Helena é a minha filha caçula e faz 13 anos no próximo dia 17 de agosto. É a mesma idade da Riley, personagem principal do filme, que passa a conviver com novos sentimentos (personagens) Ansiedade, Inveja, Vergonha e Tédio. Eles se juntam com os personagens (sentimentos) da primeira versão de Divertidamente e que já conviviam com a garota: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho.
Quando estávamos indo embora comentei com a minha filha que o grande problema na trama foi deixar a Ansiedade tomar o controle da mente. Antes esse lugar era ocupado pela Alegria, que determinava quando os demais sentimentos deveriam atuar, buscando o equilíbrio.
Senso de Si
O filme até demonstra, já na parte final, que a Ansiedade, de forma bem moderada, pode ter seus benefícios, no que tange ao planejamento de alguns aspectos da vida. Mas é totalmente destrutiva quando a pessoa passa a planejar demais, se preocupar em demasia com o futuro e só toma decisões pensando nesse hipotético amanhã que nunca sabemos se vai chegar.
Outro ponto importante a ser mencionado é que Riley, pensando excessivamente no futuro, planeja entrar no time de hóquei e fazer amizade com uma garota veterana e popular, líder e destaque da equipe. Uma coisa ajudaria a outra.
Para alcançar esse objetivo de qualquer forma, a Ansiedade começa a tomar decisões que vão contra o seu Senso de Si, demonstrado no longa como um objeto cristalizado que recebe as informações de tudo aquilo que a pessoa acredita, nos seus valores, e que foi e é construído ao longo da vida.
Controle
Falei para minha filha que para não deixar a Ansiedade tomar conta devemos ter sempre claro na nossa mente o que está sob nosso controle e aquilo que não está. O que está no nosso controle é aquilo que podemos fazer algo a respeito. Que podemos atuar, intervir.
Não podemos mudar o passado. É algo que está fora do nosso controle. E o nosso futuro depende daquilo que fazemos hoje. Por isso é fundamental viver o presente.
Esse é um princípio da filosofia estóica. Outro aspecto defendido pelo estoicismo é o de que para alcançar a força interior, não devemos fugir da ansiedade, mas acender a luz da sala do medo e ver o que existe ali dentro. Divertidamente 2 aborda isso.
Vivências
Ao conseguir afastar a Ansiedade e retomar o controle, a Alegria tem um flash back e constata que não é certo agir da forma que ela sempre fez durante toda a vida de Riley ao pegar as vivências que não foram positivas e mandar para o inconsciente, ou seja, um lugar do cérebro “reservado” para armazenar essas memórias desagradáveis.
O filme deixa a lição de que nosso Senso de Si – a convicção de quem somos – é forjado no fogo da resistência com alegria, tédio, medo, vergonha, tristeza, ansiedade, raiva e inveja. Todos esses sentimentos precisam coexistir em equilíbrio, aquilo que Aristóteles chamou de virtude, ou seja, a justa medida – nem o excesso nem a falta. Deixe a Alegria no comando.
Revisão e edição: Tatiana Oliveira Botosso