Sobre a violência ou agressão que vem acontecendo nos ambientes escolares pelo Brasil, a culpa não é só da família ou da escola como as grandes mídias tanto falam. Emissoras de televisão, redes sociais e toda mídia existente tentam culpar a escola ou os pais, porém a explicação para esse fenômeno é muito mais complexo. E todos tentam explicar tais fatos com duas únicas palavras: família desestruturada. O que é desestruturado pra uns, pode não ser pra outro. O que é desvio pra uns pode não ser pra outro. Ambiente familiar é muito diverso e para entende-las precisamos de muita pesquisa e estudo.
A culpa ou responsabilidade da violência ou agressão às crianças seja no ambiente familiar, escolar ou social é de todos. É responsabilidade da família, da comunidade, da sociedade, da escola e dos governos. Vivemos num mundo machista que meninos ao nascer já são questionados suas masculinidades. Ao nascimento dos meninos, parentes predizem que ele vai pegar muitas meninas, vai ter muitas namoradas. E se nascem meninas, que ela vai ser uma boa dona de casa e cuidadora da família. Esses meninos e meninas crescem nessa sociedade que pensam assim. E pensam assim no ambiente familiar, depois nas outras famílias sejam comunidades, escolas e sociedade. E governos barram políticas públicas que equilibrariam essa desordem.
Meninos violentos ou agressivos fazem parte de um determinado grupo, e esses meninos crescerá e fará parte do grupo de homens que já passaram pelo que eles estão passando, ou seja, a depressão de não conseguir ser o que a sociedade impõe. Há muitos homens que usam a violência e agressão para colocar pra fora sua frustração de não pertencer a sociedade que dita o que eles devem ser e ao não conseguir se tornam depressivos e violentos. Contudo até chegarem na idade adulta esses meninos passam pela escola, essa escola que é um ambiente educacional e também um ambiente social.
E é nesse ambiente social que meninas e meninos se sentem na obrigação de mostrar a sociedade quem são. Há um sutil conflito entre eles e esses conflitos acabam minando as forças dessas crianças que minadas e sem saber o que fazer diante dos conflitos se tornam violentos. Portanto quando essa violência torna-se tão forte saem da verbalidade e torna-se física. E é somente nesse momento que a sociedade em geral ficam cientes desse fenômeno grave que há no ambiente escolar. Quando esse violência exacerbera e indigna toda uma sociedade que na ânsia de buscar uma explicação dão o nome: tragédia. Não é tragédia é um massacre vindo de todos os lados. E nesse momento, o melhor para toda sociedade é culpar a família. Dói menos a consciência. Sendo que a família não é a única culpada.
Devemos, como professores responsáveis, rever nossos pensamentos. Como se pode fazer isso? Discutindo o assunto mesmo, nas divergências e convergências ir construindo uma solução para o fenômeno que cerca o ambiente escolar assim como toda sociedade. Precisa-se cuidar e proteger mais os alunos, não somente professores e o corpo docente, mas sim toda a sociedade, como a comunidade e os governos. E pelo simples fato de não sermos pais ou mães de uma criança ou outra que não tenhamos responsabilidades sobre eles. E esse não é o dever apenas dos educadores mas de toda a sociedade.
Não nos detemos nas cenas que as mídias sensacionalistas passam a cada minuto, tentando nos enfurecer ao invés de nos alertar sobre o problema ameaçador iminente. Devemos ter mais livros e amor e menos armas. Precisamos de mais educação e menos violência. E essa educação não é apenas nas disciplinas como também na construção de cidadãos éticos e essa construção ética é constituída na família e precisa ser restaurada também nessa sociedade doente que nos tornamos.
Fomos nos transformando em curto tempo, o que éramos nas décadas anteriores. Ainda recordo da minha infância e juventude, quando só se tinha notícias ruins. Havia alguns jornais impressos que tinham fama de serem sangrentos. E responsáveis não permitiam que crianças tivessem acesso a essas notícias ruins. Hoje temos esses mesmos tipos jornais, agora nas telas, de todos os lares. Todos os dias o dia inteiro, só mostrando mortes e assassinatos e induzindo a sermos aquilo que não desejamos ser. Eu sou do tempo que única arma que professor tinha nas mãos eram os gizes e os livros. E nossos olhos brilhavam quando eles nos abriam o mundo. Era como se fôssemos destemidos aventureiros que descobrem segredos mágicos. E professores devem-se continuar sendo dessa mesma maneira.
É maravilhoso ver esses brilhos nos olhinhos de muitos alunos, é tão mágico vê-los descobrindo o mundo. Da mesma forma que é mágico para eles é mágico para nós, professores. Esse discussão precisa continuar, devemos falar e falar muito sobre o assunto, não somente entre nós. Devemos ampliar o debate. Trazer a discussão as comunidades. Além disso devemos ler muito, buscar informações e pesquisar sempre. Os grandes pensadores estão aí para nos ajudar a ver o que não conseguimos ver sozinhos.
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