Hoje, dia 21 de março, às 20h, acontece o debate “Pelo fim da violência de gêneros”, da série “Megafone de Lutas” produzidos por Patricia Magno, Defensora Pública do RJ.
Além dela, mais duas convidadas estarão na live para o bate-papo sobre o assunto.
“O debate pretende pautar de modo construtivo e crítico a institucionalização do patriarcalismo dentro da Defensoria Pública. A Defensora Camille Vieira da Costa foi candidata à DP Geral e precisamos aprender com o que passou a colega e militante dos direitos humanos. A convidada Roberta Eugênio foi assessora da Mandata da Marielle Franco. A dissertação de mestrado dela foi muito atravessada pela execução de Marielle e Anderson e, por isso, escreveu sobre Violência Política de Gênero. Assim, a ideia é olhar para dentro, para nossa instituição Defensoria Pública como locus a ser democratizado na mesma medida em que somos instrumento e expressão do regime democrático para fora”, esclarece Patricia.
Segundo Magno, as violências políticas se tornaram uma questão circular, visto que as violências políticas mais comuns acabam sendo tão naturalizadas como não violências que as mulheres não percebem que a sofrem.
“Por exemplo, tenho um ‘Google Fotos’ no meu celular. Todo dia recebo uma memória do que fazia naquele dia, há anos. Uma vez, vieram fotos de um super evento que organizei sobre litigância estratégica e carreguei um piano pesadíssimo para sair. Cheguei a antecipar pagamento de passagem internacional com o meu cartão de crédito, por conta do prazo. E, na solene mesa de abertura, eu não tive assento, porque não integrava a gestão. A questão é que esse fato somente me incomodou esse ano. Mais de 10 anos depois do evento. Só me toquei com o que acumulei de aprendizados e leituras e trocas hoje. Daí, a importância da promoção de discussões como essa, do Megafone de Lutas, para que as pessoas possam receber informações e propor reflexões”, pontua.
Violência de gêneros e o tokenismo
Um ponto a ser ressaltado nesse mês de março, que também é considerado o “Mês das Mulheres”, é o tokenismo.
Em poucas palavras, seria a mulher estar em alguma colocação apenas para “não dar brechas para falatórios”.
Então, indo além, Patricia explica o termo com mais clareza.
“Entendendo o tokenismo como uma prática de se colocar uma mulher cis ou trans, indígena/negra/ou não como se as questões estruturais de gênero e raça pudessem ser resolvidas com uma figura que representa o grupo sem que essa pessoa tenha possibilidade concreta de incidência nas decisões políticas e gerenciais. A pessoa nessa situação pode perceber que está se prestando a esse papel quando só é convocada para posar para fotos e não é consultada para tomada de decisões”, alerta.
Por fim, assim como a live de hoje, que é uma maneira de mandar um recado às mulheres, a Defensora Pública do RJ deixa algumas palavras não só por ser março, mas para que o público feminino reflita sempre.
“Viver é um ato político. Que a cada dia de nossas vidas, mas principalmente, durante todo o mês de março, possamos refletir sobre o peso do patriarcalismo na vida das mulheres e dos homens. Não somos somente nós quem sofremos com uma cultura misógina. E é preciso entender os feminismos na sua radicalidade (que vem de raiz) epistêmica (que tem que ver com produção de saber) para forjar um novo pacto civilizatório inclusivo de todas as mulheres, de todos os homens, de todos os pertencimentos étnico raciais, de todas as identidades de gênero e orientações sexuais, de todas as idades, de todas as religiões, de todas as classes sociais. Um pacto civilizatório antimanicomial, antipatriarcalista, antirracista, anticapacitista, antilesbotransfobica, anticlassista. Um pacto civilizatório feminista”, finaliza.