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Unidos do Canindé, um projeto de futuro pelo esporte

Alunos que treinam na quadra da EMEF Infnate Dom Henrique/Espaço de Bitita

Alunos que treinam na quadra da EMEF Infante Dom Henrique/Espaço de Bitita

O Projeto Unidos do Canindé, que ensina futebol para crianças e jovens, foi criado em 2010 por Leandro Barbosa Pinto. “O que me motivou a criar o projeto foi a situação de muita pobreza no bairro. Não haviam projetos esportivos nem de lazer para as crianças, então eu vi essa necessidade criar o projeto para as crianças e jovens do bairro terem a oportunidade de aprender a jogar futebol”.

Somente em 2019, o Projeto Unidos do Canindé foi registrado oficialmente como uma ONG – Organização Não Governamental. Leandro disse que: “para regularizar a ONG tivemos muitas dificuldades, como a falta de apoio e de recursos. Fizemos até uma vaquinha entre as mães dos alunos para o pagamento dos documentos necessários”.

Nossa reportagem acompanhou uma das aulas de futebol realizada na EMEF Infante Dom Henrique/Espaço de Bitita. E conversamos com o professor Alex dos Santos Passos, conhecido como Kekão. Ele nos contou que está no projeto desde 2017, pois mora na Vila Santo Antônio, que fica bem próxima a escola: “eu via aquela movimentação dos treinos aos sábados e me aproximei por curiosidade, comecei a levar meu sobrinho para as aulas, daí passei a assistir aos jogos e torcer para time. Depois eu decidi participar do projeto e estou aqui até hoje”.

Kekão conta com muito orgulho que foi graças ao professor Leandro que ele fez o curso de Auxiliar Esportivo em 2018. Hoje ele é Secretário da ONG e Auxiliar Técnico do time. “Devido a falta de recursos, eu também lavo o uniforme dos jogadores, e faço isso com muito orgulho”, relata, com um tom emocionado.

Sobre os desafios que enfrentam para manter o projeto, Kekão nos conta que muitas crianças e jovens vêm de outros bairros para as aulas, e muitas vezes eles não têm o dinheiro da passagem e precisam pedir para o motorista pra passar debaixo da catraca. Depois do treino, eles ficam monitorando o retorno desses jovens para casa, via whatsapp: “A gente também fez uma camiseta do projeto para a segurança dos alunos. Assim quando estão no trajeto de ida ou de volta, eles ficam identificados como integrantes do projeto e são tratados com mais respeito.”

Na quadra da EMEF Infante Dom Henrique/Espaço de Bitita, que fica no bairro do Canindé, as aulas são as quartas, sextas e domingos, com um total de 65 crianças e jovens, da Vila Santo Antônio, Canindé, Pari e da Celso Garcia. Os alunos são divididos em três turmas, de acordo com a idade: as 19h treinam as crianças de 5 a 11 anos; as 20h os jovens de 12 a 13 anos e as 21 os jovens de 14 a 15 anos.

Para participar das aulas, os alunos preenchem uma ficha de inscrição e também uma autorização de uso de imagem, assinada pelos responsáveis, para as fotos que são publicadas na página do Facebook:  Projeto Unidos do Canindé
“Participar desse projeto é uma alegria imensa, é uma terapia para mim, um espaço onde as crianças e jovens podem se desenvolver no futebol, e dividir suas experiências, mesmo com todas as dificuldades. Nossa meta é conseguir arrecadar recursos para compra de mais uniformes e materiais esportivos, além de conseguir uma sede própria, para melhorar a estrutura dos treinos para os alunos”, finaliza Kekão.

Alunos, Professores na quadra da EMEF Infnate Dom Henrique/Espaço de Bitita
Alunos, Professores e Mães na quadra da EMEF Infante Dom Henrique/Espaço de Bitita

Desde fevereiro desse ano, o projeto também atua em Osasco, com o time Arte da Bola, na EMEF General Antônio Sampaio, lá os treinos ocorrem as terças e quintas as 18:30h. O professor Leandro conta que: “a primeira ideia era atuar em Carapicuíba, por ser uma região bem precária. A convite de um morador, viemos no bairro de Quitaúna, em Osasco, para conhecer um condomínio vizinho da escola Antônio Sampaio, que tem umas quadras improvisadas bem pequenas aonde as crianças e jovens jogavam por lazer. E constatamos que aqui havia essa necessidade de ter uma escolinha para a prática do futebol. Então, nos convidaram para dar aulas na quadra da Escola”.

Além das aulas, os alunos que treinam nas duas escolas também participam de campeonatos de várzea. No jogo de hoje (21/5), as 14h, o time Arte da Bola enfrenta o Kuma pelas categorias sub 08 a 14. A partida será realizada na Rua Geraldo Honório da Silva, bairro Parque Grajaú, São Paulo.

Perfil dos alunos

Felipe Gabriel da Silva
Felipe Gabriel da Silva

Felipe Gabriel da Silva, tem 11 anos, e treina desde os 5 anos de idade. Ele quer jogar profissionalmente no Corinthians (seu time do coração) ou no Santos Futebol Clube. Sobre o projeto Unidos do Canindé, ele disse: “o que eu mais gosto é que aqui a gente é um coletivo, todo mundo conta, aprendemos a ter mais respeito o respeito com os pais, amigos e colegas.”

Marcelo Bordin Lopes
Marcelo Bordin Lopes

Marcelo Bordin Lopes, tem 12 anos e treina desde os 9 anos. “Eu vim pro projeto porque achei legal e queria aprender a jogar futebol. Eu também aprendi a não fazer bagunça, ter mais respeito com meu pai e minha mãe. Torço pro Corinthians, e quando crescer quero ser jogador profissional no time que me der oportunidade.” Ele também manda um recado para quem está interessado em entrar para o projeto: “pode vim treinar com a gente que você vai gostar muito e não vai querer faltar em nenhuma das aulas!”

Carlos Henrique Alves de Caldas
Carlos Henrique Alves de Caldas

Carlos Henrique Alves de Caldas, de 13 anos, começou treinar em janeiro de 2022. Ele diz que se inscreveu no projeto porque queria entrar em um time para “colocar a cabeça no lugar” e “se divertir”: “eu admiro muito os professores, eles são legais e muito educados, é uma grande aprendizagem.” Ele ainda não pensou no que quer ser quando crescer, pois primeiro precisa descobrir de qual é a profissão que gostaria de seguir.

Yuri Sousa dos Santos
Yuri Sousa dos Santos

Yuri Sousa dos Santos tem 13 anos e treina desde 2021. Ele diz que o projeto ajuda os alunos a crescerem no futebol. “Eu aprendi a respeitar os mais velhos, a focar e me dedicar aos estudos. Quero ser goleiro, sou torcedor do Palmeiras, mas também gostaria de jogar no Paris San Germain ou no Santos”.

Cassius Pablo Santana da Silva
Cassius Pablo Santana da Silva

Cassius Pablo Santana da Silva, de 13 anos, entrou pro projeto com 10 anos. Ele conta que veio treinar porque os amigos o chamaram, e ele gostou muito. “Aprendo passe, chute, drible e também a ser responsável.” Quer ser jogador de futebol no time que tiver oportunidade, e é torcedor do Flamengo.

Além dos alunos, ouvimos também algumas mães que estavam acompanhando os filhos nas aulas. A Miríade Cancela de Toledo é mãe do Kauê, de 5 anos, que estuda na EMEI: “ele treina há uns três meses porque o pai já conhecia o Leandro, eu sempre estou nos treinos quando posso vir. Acho que o projeto é muito bom e acolhedor para as crianças”.

Mãe do Ruan, de 9 anos, Sandra Ferreira de Santana, afirma: “meu filho começou a frequentar as aulas há uns dois meses e ficou muito feliz. Eu acho que o projeto é uma oportunidade muito boa, para ele, que sempre gostou de jogar.”

Vanessa Miguel dos Santos é mãe do Murilo, de 9 anos, ele começou a treinar em março e estava ansioso pra fazer as aulas. Ela disse que no projeto tem bastante incentivo e que seu filho se tornou mais responsável, aprendeu a respeitar os horários, melhorou na alimentação, e no asseio com o uniforme. “Eu quero o melhor pro Murilo, que ele chegue aonde ele quer chegar. Ele quer ser jogador do Corinthians, que é o time que ele torce.”

Vanessa também mandou um recado para as famílias da região: “Coloquem seus filhos no projeto que vocês não vão se arrepender, eles vão criar responsabilidade e desenvolver uma oportunidade para o futuro.”

Texto e fotos: Tatiana Oliveira

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