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Tiago Leifert e seu gramado da fantasia

Nesta semana, o apresentador da TV Globo Tiago Leifert foi protagonista da novela mais cruel do momento, aquela que versa sobre a ignorância acerca do que é solidariedade e representatividade.

Sim, vamos dizer a verdade logo de cara. Trata-se de um menino mimado e, mesmo que não saiba, praticante do infame higienismo social.

Criticou uma participante do BBB, aquele programa de confinamento global, e disse que representatividade não é importante.

MESMO QUE APENAS QUISESSE EXPLICAR a “regra do jogo”, mostrou despreparo e falta de conhecimento. Se o tema está fora de sua caixinha de cereal, ele tropeça.

Agora, surgiu um artigo do menino global em que ele diz que “dá ruim misturar política e esporte”. Aí, percebemos a qual senhor ele se curva.

Pois a emissora para qual trabalha é a mesma que tem nome citado em CPIs do futebol e vende nosso amado futebol ao diabo enquanto dá migalhas aos clubes participantes do seu “espetáculo”. Fantástico. 

Tiago, que tem familiar na dita casa global e não precisou de esforço para conseguir seu emprego, não sabe o que é lutar por algo. Portanto, nada mais previsível em sua conduta. Não quer mesmo estabelecer a inevitável conexão entre política, futebol e representatividade.

É o resultado da falsa meritocracia calhorda usada para justificar desigualdades e exclusões.

Vamos lembrar alguns momentos históricos do esporte e decida você de que lado pretende cerrar fileiras.

1) O FC Start e sua coragem de desafiar o nazismo.

2) A luta de Muhammad Ali, que se negou a ingressar no exército opressor dos Estados Unidos da América.

3) Punhos cerrados e luvas pretas durante a Olimpíada de 1968, contra o racismo e a opressão.

4) O Corinthians levanta a faixa pela Anistia, em 1979.

5) A Democracia Corinthiana colabora para eliminar a Ditadura que tanto censurou, torturou e assassinou em nosso país.

6) O corinthiano Sócrates e o atleticano Reinaldo, também de punhos cerrados, pela liberdade e pela democracia.

7) As faixas contra o racismo, exibidas nos estádios por diversas torcidas brasileiras.

8) A luta contra o golpe desfechado pelo delinquentes tucano-temeristas. Os protestos legítimos do Coletivo Democracia Corinthiana, do Porcomunas e de tantos outros torcedores, do Inter, do Grêmio, do Vasco, do Botafogo, do Flamengo, do Santa Cruz, do Bahia e do Ferroviário, chamaram a atenção da comunidade do futebol para o crime cometido contra a nossa democracia.

9) A ação cidadã de grupos como o Toda Poderosa Corinthiana, o Futebol Mídia e Democracia, o Arquibancada Ampla Geral e Irrestrita (AGIR) e o Respeito Futebol Clube.

10) O protesto de Colin Rand Kaepernick, jogador de futebol americano, contra o racismo.

11) A corajosa ação de uma torcida organizada para denunciar o roubo da merenda na gestão da “gente de bem” tucana.

12) Afonsinho e sua vitória nos tribunais contra o trabalho escravo no futebol: a conquista do Passe Livre.

Talvez o Thiago Leifert não conheça a história, do mundo e do esporte, o que é constrangedor. É provável que nunca tenha ouvido falar do futebol primitivo que rompeu a infelicidade feudal e contribuiu para pulverizar a Idade Média.

Mas, talvez, conheça, o que é mais grave. Neste caso, propõe a alienação para blindar a empresa para a qual presta serviços, envolvida em tremendas irregularidades na gestão de competições e eventos esportivos.

Seu lugar de fala é do homem privilegiado, branco, de berço dourado e provedor. Leifert nunca precisou esfolar-se para comer, vestir-se e ter um teto. Nunca precisou superar obstáculos históricos, enfrentar a discriminação ou vencer as resistências do sistema.

Por isso, desvaloriza a representatividade e o contrato social que regula o avanço das sociedades humanas. Por este motivo, não vê virtude na luta dos excluídos que se manifestam por meio do esporte.

Thiago Leifert, nossa mensagem é a seguinte: vá estudar a história e, assim, torne-se coerente com sua defesa do mérito. Pesquise, aprenda, transforme-se.

Depois, se tiver empenho, procure educar-se para a solidariedade e a luta pela justiça. Exercite a empatia, porque seu egoísmo alienante só comove aqueles desconectados do processo da mudança.

Reflita sobre o esporte que você tenta nos vender, raso, distante da realidade social, surdo, mudo e imbecilizado.

Não é este o esporte que serve como fator de debate sobre o aprimoramento da vida em sociedade. Futebol é práxis de vivência, é laboratório do aperfeiçoamento das relações humanas. Não está descolado do ambiente de contradições que o sustenta.

Lembre-se de que o futebol, este mesmo que alavancou sua carreira, é o mesmo dos pretos marginalizados, dos que viram a última luz desde os porões da repressão, das mulheres vítimas do preconceito, do povo LGBT perseguido, dos migrantes e imigrantes explorados, das religiões proscritas, dos pais e mães que assistem a volta do fantasma da fome a suas casas.

Esporte é só entretenimento? Não, Thiago Leifert, esse gramado asséptico de fantasias, pixelizado, vale apenas para os torneios de videogame.

Aqui fora, a vida é dura, ralada, plena de contradições; e se entretece de forma integral, holística, tramando seus fios, de alegria e sofrimento, por todas as bandeiras, dentro e fora dos estádios.

Acorda, menino, porque o placar não é teu.

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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2 respostas

  1. Amei o texto!

    Por mais Casagrandes, por mais Ana Mosers, por mais Sócrates!

    Eu que sempre fui preconceituosa com o Corinthians, passei por uma das experiências mais lindas da minha vida, quando no 1º de Maio de 2016, em meio a tanta tristeza, a Democracia Corinthiana chegou empunhando uma faixa escrito “Democracia Corinthiana contra o golpe”. Ali passei a entender tanta coisa e a repeitar o Corinthians! Neste dia também havia integrantes da torcida do Palmeiras contra o golpe. Todo lugar é lugar de política! Salve esportistas guerreiros!

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