O Oscar 2019 tem sido bastante comentado, sendo um dos trend topics no twitter. A felicidade de muitos internautas por ver o filme Pantera Negra ganhar dois oscars sendo um por melhor figurino e outro de melhor trilha sonora e também o ator e roteirista Spike Lee, finalmente, ganhar seu primeiríssimo oscar por melhor adaptação de roteiro. Lembrando que Spike Lee é responsável por muitos trabalhos belíssimos como ‘‘She’s gotta have it’’, ‘’Plano Pefeito’’ e outras produções. Mas, o que é felicidade para alguns, é incômodo para outros.
Logo após o discurso de agradecimento de Spike Lee a respeito do seu Oscar, o qual o mesmo conclui:
“As eleições de 2020 estão chegando, vamos pensar nisso. Vamos nos mobilizar, estar do lado certo da história. É uma escolha moral. Do amor sobre ódio. Vamos fazer a coisa certa”.
Donald trump, ofendido, em seu twitter reagiu ao discurso de Spike Lee categorizando como ‘‘racista’’. Parece que a carapuça o serviu bem.
Não só Donald Trump, mas uma onda de comentários a respeito de Spike Lee e o filme Pantera negra também pesou pro lado negativo. São poucos em visto de comentários positivos, mas é inegável que gerou incômodo. Alguns comentários alegando que não foi por mérito e sim por serem negros. Nos levando a pensar que a capacidade dos atores e produtores brancos de Hollywood nunca foram questionadas por serem brancos. É difícil não levantar fator racial quando se diz respeito representatividade e protagonismo de uma população que foi silenciada por anos na história da humanidade.
A conclusão que tiramos desse Oscar 2019 e dos anteriores também é que nunca foi por falta de capacidade que a população negra não esteve no pódio equiparada à população branca, mas por falta de visibilidade. A ascensão é gradual mas contínua.
Discurso histórico do Spike Lee, ao vencer o Oscar com o “Infiltrado na Klan”, por MELHOR ROTEIRO ADAPTADO. Foi uma aula de história e ancestralidade que recebeu apalusos entusiasmados de todos presentes no Osacar 2019. Uma celebração da história negra e sem esquecer que o governo Trump é o retrocesso.
“Certo. Quero agradecer Tonya, Jack e Satchel. A palavra hoje é ‘ironia’, o dia, 24. O mês fevereiro, que também é o mês mais curto do ano, que também é o mês da História Negra. O ano, 2019. O ano, 1619. História. Her story. 1619. 2019. 400 anos.
Quatrocentos anos. Nossos ancestrais foram roubados da Mãe África e trazidos para Jamestown, Virgínia, escravizados. Nossos ancestrais trabalharam na terra de antes do nascer do sol até depois do pôr do sol. Minha avó, [inaudível], que viveu até os 100 anos, se formou no Spellman College apesar de sua mãe ter sido escrava. Minha avó que economizou 50 anos de seguro social para colocar seu primeiro neto – ela me chamava de Spikie-poo – no Morehouse College e na NYU para estudar cinema. NYU! Antes do meu mundo hoje, louvo nossos ancestrais que construíram este país no que ele é hoje e no genocídio de seus povos nativos. Somos todos conectados com nossos ancestrais. Vamos reganhar nosso amor e sabedoria, vamos reganhar nossa humanidade. Vai ser um momento poderoso. A eleição presidencial de 2020 está virando a esquina. Vamos nos mobilizar. Vamos ficar do lado certo da história. Fazer a escolha moral entre amor e ódio. Vamos fazer a coisa certa! Você sabem que eu tinha que falar isso aqui.” (Tradução: Marina Schnoor/www.vice.com)