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Racismo estrutural – Já ouviu falar disso?

Quem já não ouviu relatos sobre dúvidas sobre a humanidade dos negros ou da excelência e evolução das comunidades europeias em detrimento das outras regiões ou continente Africano, ou ainda sobre a inferioridade dos negros em função dos brancos europeus. Até mesmo sobre a inferioridade das mulheres em função dos homens. Tudo isso, se deveu a um comparativismo histórico social feito de maneira distorcida e assinado pelos maiores historiadores, sociólogos e filósofos de todos os tempos.
 
Até hoje é comum passar por um rapaz de canela fina, negro, cabelos desarrumados e de chinelo e ser induzido (a) a pensar que ele possa te assaltar, ou que foi ele quem roubou aquela bicicleta elétrica, e ainda que uma mulher negra seja menos capacitada ao mesmo trabalho exercido por um homem e mesmo quando se descobre que ela não é, ainda assim o seu pagamento é menor por conta das despesas que ela apresenta para a empresa, como licença maternidade, salário família, plano de saúde, etc.
 
Nada pior do que tentar comparar outras histórias às suas próprias e achar que a sua é mais importante que as outras e que se pode comparar realidades tão distintas e inseri-las no mesmo patamar diacrônico. Mesmo que muitos acreditem ser possível, vale ressaltar, que não existe verdade absoluta e cada realidade tem a sua verdade e o seu tempo e espaço.
 
Mas o rumo da história começou mudar a partir do século XIX com o revolucionário método do comparativismo histórico lançado por Marc Bloch. Quando ele publicou há 80 anos o seu artigo (Histórica Comparada 1928), o método foi bastante criticado e até os dias atuais, ainda o é, mas foi um caminho sem volta para o iluminismo histórico.
 
No entanto, para começar a entender e trabalhar com as perspectivas do comparativismo histórico, com base na metodologia da História Comparada é preciso repensar a ciência histórica, como alerta o autor do livro `História Comparada` de José D`Assunção Barros (2014). Sendo necessário ficar ainda mais atento às semelhanças e diferenças, para não cair no diacronismo que pode e comprometer todo um projeto de pesquisa.
 
A pré-história da história comparada trata da evolução do método de se pesquisar a história através do comparativismo. Neste caso, o iluminismo vai estar sempre como um ponto de referência para a utilização desse método, se diferenciando do antigo método de comparação muito utilizado pelos antigos historiadores que utilizavam o método comparativo (diferente do comparativismo histórico proposto pela História Comparada de Marc Bloch) como uma forma de revelar que a sua sociedade européia seria a melhor ou mais evoluída do que as outras sociedades. Era um processo comparativo com vistas ao depreciativo. A História Comparada aceita as diferenças e não mede as mesmas. Este é o grande diferencial.
 
Temos exemplos das civilizações que serviram de modelo para a evolução citada como parâmetro de comparação destes autores que antecedem à História Comparada, como a Grécia Clássica, a Civilização Romana dos períodos de Luiz XIV, a Renascença, entre outras. Uma sociedade não é superior a outra como destaca Barros (2021):
 
                                                                                                 [Um ponto delicado é que não devemos considerar a monarquia europeia como superior ao                                                                                                             modo de vista indígena. São apenas sociedades diferentes, mas é sempre importante frisar que                                                                                                       uma não é inferior à outra].
 
A Escola dos Annales, chega nessa evolução do fazer histórico, para dizer que sem problema não há história, contrariando os antigos historiadores que diziam que sem documentos não havia história. Essa relação do historiador com suas fontes constitui uma grande evolução do fazer histórico, partindo do ponto de vista da Escola dos Annales, que abre novas possibilidades de se lidar com os indícios históricos.
 
No entanto, quais seriam os riscos da história comparada? Esperar ou fazer com que os documentos digam o que se espera ouvir? Os perigos do diacronismo histórico? O importante é não fazer a leitura de uma civilização a partir de outra. Este é o grande mote da história comparada, comparar o incomparável através de uma história-problema. Em tempo: vale ressaltar que os campos históricos estão e devem estar interconectados, ou seja, história social, cultural, política, entre outras, apresentam uma conexão imprescindível para descortinar um campo repleto de possibilidades.
 
A história comparada não admite cercas
Barros (2014)
 
 
Dentro do campo de história comparada, trabalhar a história individualizadora nos leva a revelar os aspectos históricos de modo mais meticuloso e singular, investindo no cuidado ao examinar semelhanças e especificidades de cada caso, como fenômenos urbanos, sociais, políticos, etc.
 
Entrando na metodologia de história diferenciadora, que remete à história individualizadora, a primeira tem a função primordial de estabelecer um princípio de diferenciação entre as sociedades, identificando os pontos que diferenciam os grupos a partir de novas variáveis. Essa abordagem se completa à universalizadora que pretende encontrar elementos comuns aos casos examinados. No entanto, a abordagem globalizadora chega para examinar diversos casos com a intenção de incluí-los em um contexto global, a exemplo do materialismo histórico.
 
Em suma: a história comparada não tem a intenção de encontrar similitudes históricas, mas identificá-las para entender o processo histórico das evoluções respeitando o espaço e o tempo de cada uma. Ou seja, é preciso se distanciar dos processos históricos para comparar o incomparável.
 

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