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Por Denise Fernandes

Se a vida fosse simples, o contrário do amor seria o ódio. Despretensiosamente, diríamos “eu te amo” e “eu te odeio” com a mesma frequência e intensidade.

Cristalino, também, seria agrupar as coisas no seu devido campo semântico. E, por óbvio, mal e ódio estariam lado a lado.

Não haveria problemas em externar esse tipo de sentimento: “você é mal, eu te odeio, você merece desprezo e eu vou festejar o teu sofrimento.”

A questão é que a vida é como ela é: cheia de reviravoltas, carregada de imprevistos, permeada por ineditismos, lotada de subjetividades. Enfim, complexa!

Uma das consequências da complexidade da vida é a de que “o contrário do amor é a indiferença”.

E, se para amarmos e sermos amados, devemos semear amor; completem: “para odiar e sermos odiados, nós devemos…”

Dizem que a vida ensina, mas, uma coisa é verdade, a gente só aprende se quiser.

E, nesse exato momento, nós insistimos em recusar ensinamentos. Triste sinal dos tempos.

Dito isto, espanta-me sobremaneira que pessoas, mesmo aquelas que nem possuem amigos, acreditarem piamente que estejam cercadas por inimigos.

Torcedor rival é inimigo; estudante de outra escola/universidade é inimigo; morador de bairro diferente é inimigo; adversário político é inimigo; quem dá unfollow é inimigo; quem é saudosista é inimigo; amante da tecnologia é inimigo; quem come carne é inimigo; quem não come carne é inimigo; quem faz cesária é inimigo; ambientalista é inimigo; religioso é inimigo; preto é inimigo; branco é inimigo; homem é inimigo; mulher é inimiga; gente é inimiga! Isso é assustador!

A popularidade de camisetas com os dizeres “ranço”; “não apague meu brilho”; “recalque”; “beijo nas inimigas” etc denunciam o apreço não só à cultura do ódio, mas, principalmente, da indiferença ao sentimento do outro.

Parafraseando uma colega, não se nasce odiando, pela força do desamor, transforma-se num ser indiferente a dor alheia e, evidentemente, capaz de só odiar.

Fala-se, por aí, que o nascimento de um filho é a materialização do amor sem medidas.

Se isso é verdade, causa-me extrema estranheza ver pais defendendo luta armada. Estamos semeando exércitos de seres incapazes de compaixão, de gestos de humanidade.

Amor gera amor! Guerra gera guerra. Às vezes, as lições da vida são contraditoriamente simples.

E depois de todo nossa conversa, respondam-me, o que gera um massacre como o ocorrido em Suzano?

Enquanto refletem, deixem-me fazer alguns apontamentos.

Suzano, nos primeiros segundos para quem é de SP, é intragável. Lá, parece que o tempo parou. Ninguém tem pressa. As pessoas param seus carros no meio da rua para cumprimentar umas as outras. Os solícitos motoristas de ônibus param em qualquer lugar para receber os passageiros e, mesmo que estejam atrasados para o trabalho, ninguém implica com a atitude solidária do “moto.” Lá, as buzinas só servem para dar um olá para o amigo do outro lado da rua. As crianças são simpáticas e educadas. Amáveis com os idosos. Suzano, a despeito da pobreza econômica, é uma pérola da amabilidade.

Suzano, essa cidadezinha perdida no extremo leste da zona leste (a mais maltrada de SP), acorda sempre muito cedo ( 80% acorda antes das 6h da manhã) mas, até ontem, sempre acordou feliz.

Hoje, não havia o brilho nos olhos do suzanense. O bom dia do “moto” foi sem sorriso, ninguém buzinou para ninguém para dizer olá e não havia carros parados no meio da rua para o típico abraço de vizinhos. Que dia triste, meu Deus.

Por favor, parem, crianças morreram, parem.

Vamos voltar a nos amar. É urgente!

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