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Em minha prática profissional como psicóloga clínica, esbarro diariamente em questões relacionadas ao senso de não pertencimento por parte de pacientes negros, algo que chama a atenção pela minha própria vivência, visto que muitas vezes julguei não pertencer a ambientes e situações que até determinado momento não me eram comuns, mas que hoje fazem parte da minha vida. Foram anos questionando se ocupava os locais certos, afinal me via como minoria quando os meus seguiam sendo minoria populacional, então, o que fazer?

Ser onde não costumava ser e passar a pertencer, mas não sozinha, pois não me basta voar se não puder olhar para o lado e não enxergar os meus voando comigo e foi quando, pensando nisso, pude entender que o pertencimento pode ser conquistado com a presença dos meus, o que me fez enxergar que não precisa resultar na diminuição das minhas vontades e ambições e tampouco na conformidade de me contentar com o que me oferecem apenas, mas sim no aumento de pares semelhantes com vontades iguais as minhas e que, assim como eu, seguem em busca do melhor para si e para seus familiares.

Quisera eu que existisse equidade nesse mundo, mas sabemos que não é assim, assim como sei que não é fácil pertencer quando te dizem por décadas a fio que seu lugar não é ali. Hoje digo que nosso lugar é onde desejamos estar e onde estamos dispostos a lutar para chegar, mas seria ingenuidade supor que essa chegada seria fácil ou livre de olhares questionadores que “gritam” silenciosamente ao nos ver: “O que eles fazem aqui?”

Pois lhes digo então, deixe os olhares de lado e seja o que deseja ser, procure dentre os hostis aqueles que lhe oferecerão incentivo para seguir em frente. Trate do que for preciso tratar, transforme o significado de vivências, ensine aos seus que eles podem muito, tanto quanto quiserem poder, desde que se unam aos seus no crescimento e tenham como objetivo o fortalecimento de elos invisíveis que unem aqueles que outrora foram os oprimidos da história.

Sim, sei que nosso caminhar é longo, que nossa opressão não acabou e que ainda há muito o que se discutir quando o assunto é a ocupação dos espaços dominados originalmente por quem nos colonizou, mas também sei que não é esperando sentada que alcançarei a mudança que desejo ver. Portanto, vamos juntos construir o futuro dos nossos filhos, netos e demais descendentes para que sobre eles não recaia o olhar ou o sentimento do não pertencer.

NOTA

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