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Por Everton  

Motivado pelo conhecimento popular de que Aba, uma cidade localizada no sudeste da Nigéria, é um bom lugar para se fazer compras, decidi ir lá para conseguir algumas lembranças a serem levadas ao Brasil. Curioso para conhecer a cidade da Igbolândia que foi palco da Guerra das Mulheres (insurreição anticolonial planejada e executada por mulheres em oposição à interferência britânica que, entre outros malefícios, inviabilizava o tradicional protagonismo das igbos na vida política) alguns amigos e eu partimos de Umuahia na manhã de uma segunda-feira.

Após nos encontrarmos com Blessing, nosso contato que nos orientaria por Aba, fomos a um shopping center local. Nossa guia, uma igbo muito gentil e simpática, nos recomendou uma loja de tecidos cuja proprietária chama-se Ogechi. A indicação foi certeira, pois o estabelecimento concilia qualidade, quantidade, e preços justos. Com tantas opções, veio a certeza de que as compras demorariam mais do que o previsto.

Poucos depois do começo do óbvio e trivial diálogo entre comprador e vendedora, Ogechi ficou interessada em saber minha nacionalidade assim que percebeu meu sotaque. Como isso aconteceu pela enésima vez comigo na Nigéria, repeti o expediente de pedir a quem pergunta que tente adivinhá-lo para que assim eu possa conhecer sua percepção. Ogechi tentou – “Serra Leoa? Libéria? África do Sul? Algum lugar do Reino Unido? Estados Unidos? Jamaica?” – e ficou ainda mais curiosa por não ter conseguido acertar meu país de origem. Quando lhe informei que nasci no Brasil, fez a mesma cara de espanto que outros(as) compatriotas haviam feito, me disse que fui o primeiro brasileiro com quem conversou na vida, e me pediu para lhe mostrar fotos de meus pais. A cada foto mostrada, o sorriso estampado em seu rosto fez valer a pena minha ida a Aba. Após ter visto minha família, alguns parentes e amigos(as), ela concluiu que “o sangue africano é forte no Brasil”.

 O faro comercial do povo igbo não tardou em aparecer, o que se deu quando Ogechi sugeriu que minha compra se convertesse em uma oportunidade de negócio. Ela se predispôs a me vender unidades de tecido com um desconto camarada para que eu as revendesse no Brasil e dividisse o montante arrecado com ela. Adorei a ideia da Ogechi porque seria uma oportunidade de colocar em prática o conceito de black money de ponta à ponta no Atlântico. Em seguida, definimos os detalhes, e concluímos a transação.

Antes de retornar para Umuahia, agredeci a Blessing por seu apoio e a Ogechi pelo voto de confiança. Gostaria de aproveitar o espaço cedido pelo Jornal Empoderado para agradecer também a todas as pessoas que, ao adquirem os tecidos nigerianos, ajudaram a Ogechi a ter um aumento significativo em sua renda, o que ajuda a fazer a diferença em um país que vive com a contradição de ser rico e socialmente injusto.

NOTA

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3 respostas

  1. Muito legal e necessário conhecer os história do nosso povo. E estar no local
    é melhor ainda, pois sabemos de fato o q é verídico ou não. Parabéns pela reportagem.

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