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O samba não tem fronteiras

Salve leitores,

Olha eu novamente, agora falando de uma mangueirense radicada em São Paulo desde os anos 70:

Nanana da Mangueira.

Em 1960, com dezesseis anos, começou a desfilar como baiana na Estação Primeira de Mangueira.No ano seguinte já desfilava como uma das principais passistas da escola.

Nesta época já morava com o compositor Ivan Meirelles e tinha com ele a filha Waninha (então com dois anos idade), quando engravidounovamente e em 1962 deu luz a um menino batizado com o nome de Ivo Meirelles.

Do seu brilho como passista nos desfiles de carnaval da Mangueirasurgiu o convite do empresário Carlos Machado para integrar o elenco do musical “O teu cabelo não nega” . Com o empresário Marcos Lázaro fez a sua primeira viagem internacional, indo ao México onde participou de vários shows juntamente com vários sambistas brasileiros, dentre eles Carlinhos, passista da Mangueira que mais tarde iria fundar o conjunto “Originais do Samba” e ganhar o apelido que lhe deu fama, Mussum.

Continuando a trabalhar com Marcos Lázaro viajou por mais 16 países espalhados pelos três continentes.Nanana fazia parte do grupo folclórico “Os Batucajés”, do qual era solista.

Ponte aérea

No inicio dos anos 70 já separada de Ivan, Nanana da Mangueira foi morar definitivamente em São Paulo. De lá, quando necessário, partia para a Europa. Durante muitos anos assim o fez. Isso não a impedia de voltar para o Brasil na época de carnaval e desfilar pela sua Mangueira e depois voltar para o trabalho internacional.

Se não trabalhasse neste período, ficar em casa era impossível. Moravano bairro da Bela Vista, em São Paulo, pegava a ponte aérea rumo ao Rio de Janeiro e na Estação Primeira de Mangueira já tinha roupa pronta a sua espera.

Em 1972, na véspera do carnaval pisou numa gilete em casa, quando estava descalça, e foi parar no hospital, levando quatro pontos.Aí sofreu nos dois sentidos: fisicamente pela dor e psicologicamente porque não poderia ir para o Rio de Janeiro desfilar pela sua Mangueira.

Pois bem: domingo e segunda-feira de Carnaval ela ainda suportou o sofrimento. Na terça-feira, contudo, meteu-se num biquíni de fio dental, um escândalo naquela época, calçou uma sandália dourada e pediu vaga na Mocidade Alegre, que se preparava para entrar na pista de desfile da Avenida Tiradentes, a passarela da pauliceia.

Estava preocupada com o corte no pé, mas mesmo assim arranjou um tamborim e postou-se à frente da bateria.Achava que ali se movimentaria pouco. Resultado: tanto fez como ritmista e como passista (esqueceu até a dor) ,que acabou recebendo o título de Rainha das Baterias, dado pela Prefeitura de São Paulo.

A partir daí passou a desfilar nas duas escolas, uma no Rio, Mangueira, e outra em São Paulo, Mocidade Alegre.

Através dos anos, e sucessivamente até 1981, foi sendo reeleita (outras escolas já a imitavam) até que as autoridades paulistanas decidiram encerrar a premiação e lhe dar o título de Eterna Rainha das Baterias.

Em 1985, um ano após a construção do Sambódromo do Rio de Janeiro, a modelo Monique Evans desfilou à frente da bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel como rainha de bateria da escola.No ano seguinte, as outras escolas de samba do Rio de Janeiro também começaram a ter suas rainhas de bateria, função que começou com uma carioca numa escola de samba de ponta em São Paulo.

Profissionalmente Nanana da Mangueira canta há mais de 40 anos principalmente na noite paulista. Participou de programas na Record News, na TV Brasil (no programa Samba na Gamboa comandado por Diogo Nogueira) e cantou em várias rodas de samba tradicionais da capital paulista, como o Samba da Vela. Fez shows no Sesc Campinas e continua brindando o seu publico cantando  por aí.

Há três anos lançou o CD Caminho das Rosas, com excelentes sambas, prevalecendo os de autoria de compositores paulistas.Mas uma das suas grandes alegrias foi ter interpretado sambas de autoria de Carlos Cachaça, no Sacrilégio na Lapa (centro do Rio), em homenagem aos 100 anos que o poeta completaria se estivesse vivo.

De São Paulo para o Rio e do Rio para São Paulo. O samba não tem fronteiras.

17 de setembro de 2016

Onesio Meirelles

 

ERRATA: O samba-enredo de 2014 do GRES Estação Primeira de Mangueira não tem o sambista paulista Alemão do Cavaco como foi citado no artigo publicado na primeira edição deste jornal.

NOTA

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