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O que os heróis de 58 tem a ensinar à Neymar

Não cabe aqui uma crítica vasta sobre o atual camisa 10 da seleção ou mesmo um estudo detalhado sobre cada erro de Tite ou de sua comissão. Apenas se propõe a realização de um resgate no tempo. Olhando o passado, desvelamos a disparidade que nos separam do futuro.

Os contextos são muito diversos. Hoje somos pentacampeões. Nossos atletas são venerados. Marcelo por exemplo recebeu menção em toda a Costa Rica porque “ humildemende” apresentou-se ao jornalista desse país como se esse não o conhecesse: “ Bom dia, meu nome é Marcelo”. Realmente construiu-se um abismo em relação ao que fomos, muito antes. Não é possível repetir o passado exatamente como ele foi escritos, mas vamos lá…

Voltemos no tempo.

1958,  ano do primeiro mundial do Brasil. Por estes tempos o futebol começava a profissionalizar-se. Há poucas décadas atrás, muitos clubes evitavam liberar seus jogadores para a Copa. 1958, quem diria… Por esses tempos o Mundo não conhecia esse país enorme abaixo da linha do Equador que ficaria famoso… por causa do futebol.

Pelé: Brasil x País de Gales. Fonte: https://cbf.com.br/selecao-brasileira/noticias/selecao-masculina/brasil-vence-1

1958, o país tinha ganas de ganhar uma copa, mas tudo o que fizera fora morrer na praia, em casa, em 1950. O evento, de enormes proporções no país, acabou como uma grande depressão popular. Muitos jogadores foram perseguidos, criticados por meses. Por estes tempos o Brasil tinha o status de uma Croácia. Alcançara no máximo a final do campeonato. A seleção poderia para todo sempre estar marcada, estigmatizada na história do futebol. “ Ah, esses são bons mas nunca ganham… “ etc, etc…

1958, por esses tempos não éramos badalados. Não havia contratos milionários. Muitos jogadores da época morreram anônimos e com poucos recursos. A Nike não estava relacionada ao agenciamento ou ao contrato dos jogadores. Nossos atletas não levavam cabeleireiro para a copa. Não tinham páginas no facebook ou instagram. Não eram seguidos e venerados por milhões.

Pois então, 1958: finalíssima contra a Suécia. Os anfitriões, grandes favoritos, abriam o placar. Seria um novo Maracanazzo? A derrota do país pobre, subdesenvolvido, pela república rica e próspera? Tudo falava contra nós, principalmente o eterno complexo de vira-lata tupiniquim. Vasta comemoração se dava nas arquibancadas. O herói Didi recolhe a bola das redes e caminha, brioso, até o meio do campo. Didi não se curvou, seguiu orgulhoso encabeçando o time. No canto dos lábios guardava um meio sorriso de confiança. O príncipe etíope, como mais tarde o chamara Nelson Rodrígues, talvez não estivesse tão seguro de sí, mas era esse o seu papel ou obrigação, fingir que estava. Aquela atitude era o divisor de águas. Dizia, em gestos, aos colegas: “ Calma, está tudo sobre controle, hoje é dia de Brasil”. O Botafogo de Didi tinha, anteriormente, goleado a seleção sueca, e nosso herói bem sabia disso. O empate e a virada se deram nos pés de Vavá, ambos com passe de Mané Garrincha. À essa altura nossa seleção mostrava sua magia. Garrincha entortava os marcadores como sempre fez. Então, Pelé calou o estádio. Nosso herói negro, ícone do futebol, chapelou o marcador para depois botar a bola nas redes num dos gols mais emblemáticos da história. Os adversários perceberam não um rival, mas um grupo de talentos inigualáveis Mais tarde Zagalo e de novo Pelé marcavam na ampla goleada. 5  a 2.

“ Os brasileiros não eram jogadores, mas artistas”, é o que comentou um dos jogadores súecos.

O avião da delegação brasileira, já em território nacional, foi recebido por caças militares. Nas ruas, milhares caminhavam em direção ao aeroporto. Todo mundo parava para acompanhar a seleção. Não há como não se emocionar com as cenas. Os nossos heróis provavam que o Brasil, a despeito do subdesenvolvimento e do estigma de colonizado, podia ir muito além.

Verdade que somos muito mais do que isso. Até hoje o país procura desvencilhar-se desse estigma, mas em 1958 o Mundo descobria o Brasil através do futebol.

Olhando o passado, não é difícil imaginar soluções para que se construa um caminho melhor para a nossa seleção. Talvez a história nos ensine o papel, principalmente, da humildade e da responsabilidade. Outras são as lições, basta ver o passado. Não adianta apenas sermos os melhores, é preciso muito mais do que isso para se ganhar uma copa do mundo.

Grande parte dos dados do artigo estão disponíveis no longa metragem “ 1958: o ano em que o Mundo descobriu o Brasil”.

NOTA

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