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“ Onde estarão os poetas negros

Que não os ouço cantar nessa odisseia?

Estão dormindo no plano das idéias

Velados por poéticos segredos?

Onde andarão nossos poetas negros?”

É a pergunta que o provocador Nei Lopes nos faz em Ágrafo. É a fala de quem pode ser o maior intelectual brasileiro da atualidade, figura que se destacou e esteve sempre presente em qualquer discussão sobre a cultura ou a arte negra no país.

Brilhante como Machado de Assis, Milton Santos e tantos outros negros do Brasil, Nei Braz Lopes notabilizou-se cedo por sua relação de amor com o samba. Mais do que isso, Nei é cantor, compositor, poeta, escritor e ensaísta.

Nascido em Irajá, no Rio de Janeiro, como décimo terceiro filho da dona de casa Eurydice de Mendonça Lopes e do pedreiro Luiz Braz Lopes, logo o menino tem contato com a música. A primeira influência artística é a mãe, que cantava os sambas de Sinhô. Neste sentido, o pequeno Nei foi agraciado. Tinha ainda como referência o tio flautista, o padrinho violonista e Zeca, irmão que trabalhava como crooner de orquestra e tantas outras pessoas chegadas.

Muito jovem ainda, passa a participar de montagens teatrais, rodas de choro, saraus e shows no Grêmio Recreativo Pau- Ferro. Olavo Bilac é a sua primeira referência literária. A primeira obra que recebe de seu tio Manuel. Depois desta leitura, o menino transforma-se em leitor voraz.

Ainda jovem, Nei forma se em direito. Exerce a profissão por cinco anos. Trabalha depois com publicidade, mas em 1972 grava seu primeiro samba, Figa de Guiné. A música logo lhe parece a opção mais acertada. Com Wilson Moreira, seu maior parceiro, funda o Grêmio Recreativo de Artes Negras e lança seu primeiro disco, premiado com o Troféu Villa Lobos.

Depois deste muitos outros prémios viriam. Muitos sambas, composições para o teatro, poemas. Nei Lopes enveredou-se por todas as artes. Até livros infantis chegou a publicar.

Idealista e erudito, nosso sambista interessou-se mais tarde pelo o estudo da cultura afro-brasileira. Foi o autor de trinta e cinco livros sobre o assunto.

O Arnaudo, o senhor sabe como é, né? A gente chega lá, ele vai logo pegando banjo, repique, pandeiro, tam-tam e aí o pagode da formado. E joje foi demais: estavam lá o McCov, o Bonsucesso, o Tupanzinho e o Neuci; o prato do dia era rabada, doutor. Aí, a gente foi ficando,  um pagode daqui, pagode dali; chega um, chega outro…

E aí o senhor viu né?  

A volta do velho

Nei brinca com as palavras da mesma forma que o faz com as notas musicais. Sua prosa tem musicalidade profunda, sem no entanto se esquivar de assuntos pertinentes como a corrupção e a cultura negra.

Por estas e por tantas outras razões o filho de Irajá é hoje uma das maiores referências artísticas e culturais do país.

NOTA

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