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Julho, mês das Mulheres Negras Latina Americana e Caribenha.

Em Julho de 1992, entre os dias 19 e 25, na República Dominicana, mulheres negras na diáspora africana se reuniram para lutarem contra a opressão de gênero e etnia. Dessa reunião surgiu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas que junto com a Organização das Nações Unidas (ONU) lutaram para o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Para escurecermos o assunto antes de prossegui-lo quero informar que (Diáspora) significa dispersão de um povo de seu país em consequência de preconceito ou perseguição política, religiosa ou étnica.

Esse dia virou um marco Internacional da luta das Mulheres Negras da América Latina e Caribenha. Coloca-se Caribenha no título por razão das ilhas do caribe que apesar de estarem localizadas no continente Americano, são ilhas e portanto não pertencente à apenas um continente. Algumas ilhas pertencem à outros países ricos de outros continentes, sim países ricos podem “comprar” ilhas, mas isso é assunto para outra matéria.

Aqui no Brasil no dia 12 de Junho de 2014 foi sancionada a lei nº 12.987/2014 que dispõe sobre a criação do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e é instituído o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, a ser comemorado, anualmente, em 25 de julho.

Em Novembro de 2015, aproximadamente 50 mil mulheres de todo o Brasil se reuniram em Brasília para reivindicar reconhecimento e protagonismo das mulheres negras em uma nova sociedade.

Esse desejo de marchar contra a opressão dirigidas às mulheres negras já era um anseio antigo, desde 2011 em uma outra marcha, Nilma Bentes, uma das idealizadoras da Marcha das Mulheres Negras de 2015 em Brasília, ponderou sobre uma marcha anual das mulheres negras, mas somente após a lei 12.987/2014 que essa vontade foi colocada em prática.

Raimunda Nilma de Melo Bentes
Raimunda Nilma de Melo Bentes, conhecida como Nilma Bentes (Belém, 1948), é uma engenheira agrônoma, escritora e ativista  pelos direitos da mulheres e dos negros, pioneira na criação de entidades e movimentos pelos direitos das minorias em seu estado e no país, iniciados já no final da década de 1970.

Após a Marcha em Brasília, essas mulheres ao voltarem para seus Estados, começarem a se movimentar para as próximas marchas em cada Estado.

Cinthia Gomes
Em São Paulo uma das organizadoras da Marcha das Mulheres Negras é a Cinthia Gomes, jornalista, integrante Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRA) e mestre em Ciência da Comunicação do Programa de Pós-GEm (PPGCOM – USP).

Mulheres pretas de vários movimentos sociais e raciais integram as Marchas das Mulheres Negras em todo o Brasil e todas agradecem as mulheres pretas mais velhas que vieram antes delas e que abriram os caminhos. Caminhos estes ainda não todo percorrido, e que a cada dia precisa de mais braços e coração para que a luta continue e todas sejam protagonistas numa sociedade que as excluem.

UM VIVA À TODAS MULHERES NEGRAS QUE DE FORMA DIRETA OU INDIRETA LUTARAM  CONTRA OPRESÃO E FALTA DE DIREITOS.

ABAIXO SEGUE ALGUMAS DELAS.

TEREZA DE BENGUELA
TEREZA DE BENGUELA, viveu no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu companheiro, José Piolho, morto por soldados. Esse quilombo abrigava mais de 100 pessoas, com aproximadamente 80 negros e 30 indígenas. O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770.

 

DANDARA
DANDARA, heroína, dominava técnicas da capoeira e lutou ao lado de homens e mulheres nas muitas batalhas consequentes a ataques ao Quilombo dos Palmares, em Alagoas. Foi esposa de Zumbi dos Palmares e com ele teve três filhos e ao seu lado ajudou a abrigar mais de 20 mil pessoas, entre eles negros e indígenas. Em 1694 ao ser capturada por soldados, ela se jogou de um precipício para não voltar a condição de escrava.
 
LUISA MAHIM
LUISA MAHIM, mãe de Luís Gama, pertencia à nação nagô-jeje, originária do Golfo do Benin. Era do povo Mahin, daí seu sobrenome. Ela manteve as tradições africanas acima das doutrinas cristãs, portanto não foi batizada. Sua casa teria sido o quartel general da Revolta dos Malês (rebeliões provocadas por pretos escravizados contra a Regência) em 1835.

 

MARIA FELIPA DE OLIVEIRA, foi destaques nas batalhas pela independência ocorridas em Itaparica, é descrita como uma negra alta e audaz, uma mulher marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal. Teria participado da luta da Independência da Bahia em 1823.
 
ANTONIETA DE BARROS, foi professora, jornalista e escritora, destacando-se pela coragem de expressar suas ideias, fundou e dirigiu o jornal “A Semana” (1922 à 1927) em Santa Catarina. Foi uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil e a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular (Deputada estadual, 1935-1937) e lutou por mais direitos ao povo negro.

 

LAUDELINA DE CAMPOS MELO, guerreira nascida em 12 de outubro de 1904, em Poços de Caldas, aos 16 anos foi eleita presidente do “Clube 13 de Maio”, que promovia atividades recreativas e políticas entre a população negra de sua cidade. Defensora dos direitos das mulheres e das empregadas domésticas, fundadora do primeiro sindicato “Associação de Trabalhadores Domésticos” do Brasil, em 1936.
 
CAROLINA MARIA DE JESUS, escritora, compositora e poetisa brasileira, mais conhecida por seu livro Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada, publicado em 1960. Foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras do país, sendo premiada em vários locais, inclusive em Paris, por seus feitos.

 

TIA CIATA, nascida Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata foi uma cozinheira e mãe de santo brasileira, tornou-se um símbolo da resistência negra no Brasil pós-abolição e uma das principais incentivadoras do samba depois de abrir as portas de sua casa em 1876 para reuniões de sambistas pioneiros quando a prática ainda era proibida por lei.
 
LÉLIA GONZALEZ, Intelectual, autora, política, professora, filósofa e antropóloga brasileira. Foi pioneira nos estudos sobre Cultura Negra no Brasil e co-fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro, do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Olodum. Por duas vezes foi suplente de Deputada Federal e Estadual do Rio de Janeiro em 1982.

NOTA

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