Felipe Borges de Oliveira, 26 anos, aluno do Centro de Educação Especial e Ensino Fundamental Egydio Pedreschi, que fica localizado no bairro Ribeirânia em Ribeirão Preto (SP), foi convocado para a Seleção Brasileira de Futsal Down e já se apresentou no mês de setembro em Piracicaba e treina com a Seleção para o 2 Campeonato Mundial de Futsal Down, que será sediado em Ribeirão no ano de 2019.
A equipe de Felipe é composta por estudante que possuem deficiência mental e Síndrome de Down, o grupo conquistou os terceiros lugares na 1 Copa Brasil de Futsal Down, com apenas três meses de treinamento e na Copa Magnus de Futsal Down.
Segundo a diretora da Escola Municipal, Raquel Fortes, o time de Futsal Down surgiu em agosto de 2017 e divide-se em duas equipes. “Os estudantes com deficiência intelectual e Síndrome de Down compõem um time, enquanto os alunos com deficiência intelectual e sem Síndrome de Down formam o outro grupo”, comentou a diretora da escola.
Convocação de Felipe
A convocação do Felipe emocionou sua mãe, Alessandra Oliveira Sousa. Ela conta que logo ao nascer, os médicos o levaram para uma série de exames. “Eu não entendia o que estava acontecendo, apenas queria meu filho em meus braços. Na época, a doutora de genética hesitou em me dizer que ele tinha Síndrome de Down. Na década de 1990 pouco se falava da Síndrome. O meu filho nasceu com problema cardíaco e renal, as pessoas sempre me disseram que ele não seria nada, que eu deveria colocá-lo em uma caixa de sapatos e esquecer, mas nunca desisti. A cada lágrima nos tornávamos mais fortes. O Felipe entrou no Egydio Pedreschi com apenas três meses de vida para receber estimulação e fisioterapia”, falou a mãe de Felipe.
A estimulação precoce é extremamente importante para o bebê com Síndrome de Down, em razão de melhorar o seu desenvolvimento. Segundo a Alessandra, “graças a equipe do Egydio ele andou aos cinco anos. Sempre acreditei no potencial dele, até que no ano passado surgiu o time de Futsal Down e enfim pude ver o meu filho mostrar o seu talento dentro das quadras.
Atualmente, cerca de 300 mil brasileiros possuem Down. O esporte é uma forma importante de estimulação, visto que melhora a condição cardiovascular, aprimora a agilidade, coordenação motora, disciplina, força e repertório motor. No aspecto social, a prática de esportes proporciona a sociabilização entre pessoas com e sem deficiência, além de levar à independência e melhorar a percepção das pessoas sobre a Síndrome. No aspecto psicológico, a atividade é responsavel pelo aumento da autoestima e da autoconfiança.
Doando a oportunidade
Os alunos interessados em compor as equipes no CEEEF Egydio Pedreschi passam por avaliação física na qual são verificadas suas habilidades. De acordo com os técnicos das equipes, Demétrius Nogueira e Matheus Nogueira, “após a seleção dos atletas, eles passam a frequentar oficinas de capacitação e participam das aulas de Educação Física nas quais eles treinam duas vezes por semana, durante uma hora”.
O trabalho realizado com os atletas é voluntário e não tem fins lucrativos. Segundo a Luciane Faria, componente da comissão técnica, “o patrocínio é essencial para manter a equipe, seja na compra de materiais para os treinamentos ou para fornecer suporte necessário para os alunos nas viagens, uma vez que a maioria deles é de origem humilde”.
Hoje, a escola conta com patrocinadores sazonais e somente um efetivo e por isso enfrenta dificuldades na manutenção da equipe. “Aos patrocinadores ainda existe a possibilidade de abater o valor da doação no imposto de renda”, afirmou a Luciane.
A outra questão importante é o apoio da comunidade. De acordo com a diretora Raquel, “o Futsal Down ainda é uma novidade, então há necessidade de promoção de eventos para elevar a visibilidade de tal segmento no esporte”.