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Em tempos em que o ódio é instrumento de uma perpetuação violenta das desigualdades, principalmente em territórios mais vulneráveis e historicamente criminalizados por estruturas excludentes e opressoras, encontrar caminhos de luta pelos direitos humanos  e pelo direito de existir plenamente, permeados por expressões individuais e coletivas de afeto é construir caminhos de comunicação horizontal e não violenta, apesar de toda violência que nos atravessa cotidianamente de diversas formas e tendo o estado como nosso principal algoz no que tange o conceito de segurança humana (O principal objetivo da Segurança Humana é o de proteger e garantir três liberdades essenciais para os indivíduos e as comunidades: a liberdade de viver sem temor, a liberdade de viver sem carência e a liberdade para viver com dignidade. Ou seja, assegurar que o indivíduo prospere/ humanas.net)

A comunicação pelo afeto é uma alternativa de luta que encontra solo fértil no campo cultural.

E sendo a arte uma expressão cultural de um povo, na estética da escrita muitas vezess encontramos um conjunto de valores siciais e políticos.

Formas de arte como o teatro, a música, literatura e a pintura podem traduzir nosso cotidiano e relações de poder e dominação e opressão que nos cercam. Sendo incontáveis as manifestações de arte política.

A Poesia e essa organização social de palavras que reúne beleza e expressão pode também externalizar, afeto e reinvindicação, como vemos no gênio Solano Trindade que fez seu grito social poético ser ouvido mundo a fora rompendo os limites da desigualdade e dando voz a vulnerabilidade.

Nesse momento de crise humanitária no Brasil e no mundo considerando os recortes de raça, gênero e classe, vemos o nome de uma das poesias de Solano Trindade, intitular uma campanha nacional de coleta e distribuição emergencial de alimentos. A campanha: Tem gente com fome.

Por isso nesse 4 de novembro, dia da favela, escolhemos como expressão de luta e instrumento de reflexão e organização, a cultura, especialmente, a Poesia.

De Solano à jovens mulheres que estão construindo suas escritas a partir de seus territórios e de seus caminhos coletivos de resistência, viva a favela, viva a arte, viva a poesia, viva o afeto e a resistência!

Tem Gente Com Fome

Solano Trindade

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiiii

Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Pisiuuuuuuuuu

“Tem gente com fome e outros poemas, Antologia Poética.
Rio de Janeiro. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1988.”

Correria do cotidiano

Ana Coutinho

a cada suspiro de cansaço me vejo num cenário diferente,
tenho medo desse futuro, pois não me encaixo no corriqueiro presente
sem rumo, o depois me é descrente
e o momento presente se perde na rapidez de cada exalo.
ao fim do dia já esqueci quem sou,
onde fui,
o que fiz.
e a cada suspiro…

Ana Coutinho, tem 18 anos e mora em Duque de Caxias, Rj. Escrevo por diversão e como terapia, amo me expressar com poemas.

Uma concha

Amanda Clara

Queria ser uma concha.?
Sozinha na areia do mar,
Apreciada por muitos,
Linda por dentro e por fora, carregando a mais bela pérola.

Amanda Clara , tem 19 anos , faz Faculdade de Letras, Uesc ( Universidade Estadual de Santa Cruz). Mora em Ilhéus  Bahia .E uma frase q a representa é “Em evolução constante”.

Sobre Seguir

Daniela Lopes

A gente chora a cama vazia do filho perdido pela bala achada
A gente grita o desespero do parto e o vazio do prato
A gente sofre
A gente lamenta a vida e quase todo dia, a morte
Mas a gente segue,
porque a favela, é mulher forte

Imagem destacada: favela da Rocinha, revista Veja, 4 de abril de 2012

 

NOTA

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