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Desde a morte de George Floyd, cujas manifestações nos Estados Unidos da América provocou reações nas redes sociais no Brasil, que se intensificou após o assassinato de João Pedro, dentro da sua residência, já havia, antes destes lamentáveis acontecimentos, muitas lives protagonizadas por pessoas negras com temas diversos como: cultura negra e afro brasileira, conhecimento e reflexões  sobre o racismo e atitudes antirracistas. 

E houve então o Blackout Tuesday, que consistia em postar em sua rede social a imagem preta e neste mesmo dia se engajar através de ações de leitura, estudo e principalmente reflexão sobre o racismo estrutural, realizado majoritariamente pelo branco, segundo a sociedade racista, gente do bem, que atinge principalmente os negros, segundo o IBGE,  soma de pretos e pardos autodeclarados. 

Assim, neste ínterim começou a surgir personalidades famosas de homens e mulheres brancas  para “ceder” o espaço da sua rede social para alguma pessoa negra pudesse, em seu local de falar, tocar sobre o assunto (ressaltamos aqui novamente, algo que já acontecia, na rede social desta pessoa, entretanto, com menos visibilidade).

Sem querer tirar as boas intenções sobre essa atitude dos famosos, sem julgar quem foi pago ou não, afinal, propriedade intelectual também é digna de recebíveis e sem desmerecer o serviço prestado para o grande público, estas lives não mudaram muito o que precisava mudar.

Pense conosco, alguns destes convidados conseguiram deixar mais robusta sua lista de seguidores, nada que passasse a robustez da lista daquele que  o convidou. Havia muitos comentários, enquanto a conversa acontecia, e era majoritariamente para exaltar, ainda mais, aquela pessoa boa e altruísta que cedia seu espaço, ou seja, como podemos lembrar e comparar, com novelas, filmes e algumas histórias contadas pelos livros didáticos, o “homem-branco-salvador” que vem e “ajuda” aqueles indivíduos, coincidentemente pretos.

Então você para aqui, respira e reflete. Não valeu de nada este espaço? Eu não deveria ter assistido ou repostado? 

Claro leitor (a), claro que podia, afinal o mundo é livre e seu país é democrático… Contudo, se ao assistir não existe uma mudança de pensamento, fala e principalmente atitudes antirracistas, acaba dando na mesma. Subir uma hashtag é fácil, o difícil é utilizar essa mesma energia e intensidade para contestar dentro da sua família, trabalho, na rua, no noticiário, na novela e em todo lugar, que não podemos tratar alguém de forma inferior por causa da cor da sua pele, e vamos escrever, para quem ainda tem dificuldade de entender, nem de brincadeira!

Este editorial tem o objetivo de dizer que existem muitas pessoas negras que utilizam-se de suas redes sociais para falar de seus trabalhos intelectuais, artísticos, entre outros e se realmente queremos empoderá-los e respeitá-los devemos seguir suas redes, assistir suas lives, curtir, compartilhar e dar este “lugar de fala” em seus próprios lugares de fala. Também vale fazer o mesmo com aqueles que estiveram nas lives daqueles outros que você segue com tanta dedicação e admiração. 

Precisamos falar de racismo sim! Contudo, também devemos ler livros de autores (literários ou não), assistir contação de histórias africanas e afro brasileiras, ver debates, entrevistas, ioga, alimentação, dança africana e até as lives de autoria e protagonismo negro. Há muita produção de indivíduos que passaram pelos bancos acadêmicos ou não, com qualidade, responsabilidade e afetividade. Veja um assunto que mais te interessa e deixe fluir…

Daí você diz:

  • Eu não tenho nada haver com isso. Afinal, eu sou de pele branca, não entendo para que “estudar” ou me engajar sobre estes assuntos. Eu nem entendo esta coisa de privilégio, nem vejo que acontece na minha vida aqui do meu apê e adoro colaboro muito apenas subindo hashtag.

Ou:

  • Eu não vou ver nada disso, porque sou negro e sei que todos somos tratados iguais. Pera aí que tenho que descer do ônibus…

Então podemos te dizer um exemplo muito próximo a isso que é: nós negros tivemos que ouvir, estudar, ler e saber até as datas de todos os feitos, livros, pesquisas e o que fosse sobre os brancos e nunca, jamais, em tempo algum, te perguntaram se estava interessado nisso. 

Para ser antirracista é preciso saber o que é racismo, concepção de negro, o que é uma cultura diáspora, privilégio branco, que dia 20 de novembro não comemora-se o dia que as pessoas escravizadas foram libertadas, (essa eu sei, foi dia 13 de maio de… Preciso continuar? Não foi também!), que Machado de Assis é negro, que Anastácia do Sítio era tratada de forma diferenciada pela sua cor, saber quem foi Luiz Gama, enfim… Sim é preciso ir atrás, porque infelizmente, não está posto diariamente para a maioria de nós.

Para terminar com algo mais amoroso escreveremos para que não reforce o processo de apagamento do povo negro, respeite, como na África, os mais velhos, que tiveram uma história de resistência, militância, sobrevivência, e por isso, há outros que hoje estão aqui e podem continuar lindamente essa história construída muitas vezes individualmente, entretanto, sempre ganhamos coletivamente. 

Ah! Se você ainda acha que este artigo não muda em nada e não foi relevante para sua vida. Abaixo tem algumas hashtags. Copia e cola na sua rede social que vai dar mais resultado e com menos trabalho.  

E nós que lutamos! Enfim… Nós não somos as suas… lives!

 

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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