O Empoderado conversou com o artista Aloysio Letra. Boa leitura!
Empoderado – Fale um pouco quem é o Aloysio.
Sou cantor, compositor, ator e articulador cultural. Sou filho da mineira
Joana Roberta e do baiano Aloisio Perminio de Souza. Sou neto de Alcides e Maria por parte de mãe e neto de Antônio Lisboa e Maria Serafina por parte de pai. Desde os 6 anos canto em meu quarto de dormir. A música sempre foi minha inspiração e já aos 6 anos compunha minhas próprias canções, gravando cantigas e musiquinhas em fitas K7.
Nasci no Bexiga e hoje moro em Guaianases.
Empoderado – Por que a música?
A música sempre foi uma forma de eu me ligar aos meus sentimentos. De certa forma é como comunico minhas urgências na vida e também é do que quero viver. Eu faço diversas atividades no cinema, no teatro e na articulação teatral, mas sempre foi tudo para poder viver de cantar um dia.
Empoderado – Tem cd gravado? Ou so via plaforma digital?
Ainda não tenho um gravação oficial, apenas algumas amostras de canções no Soundcloud. Atualmente estou fazendo uma pesquisa pra lançar a primeira canção oficialmente e o primeiro clipe.
Empoderado – Fale do seu novo trabalho e sobre o festival que vc está participando.
Meu show atual, chamado “Instantes” é uma construção dos últimos 6 anos. São canções intimistas e incandescentes. Tem MPB, pop, samba, ijexá. Eu estou desde o ano passado colocando algumas autorias nos Festivais para mostrar o trabalho por aí. Ano passado fiquei em 2° lugar no Festival Nosso Botequim de sambas autorais, nesse ano cheguei a final do Festival Nova Era, agora em Janeiro. Mês que vem estarei no Festival de Marcha Rancho do Bar Ó do Borogodó. Estar em festivais é importante para conhecer mais compositoras, compositores e interpretes.
Empoderado – Como é ser artista no Brasil de hj?
Desafiador. O racismo se acirrou, o machismo se acirrou, a homofobia também. Logo a classe artística que tem visões essencialmente libertárias e progressistas viram alvo cosntante, pois são essencialmente emancipadoras, questionadoras. É preciso seguirmos com a cultura e com a arte. Cultura é tudo. Cultura é linguagem, cuidado, afeto, é saber os limites e sentimentos envolvidos em se conviver em sociedade. Somos ameaça ao projeto de retrocesso. E sempre seremos.
Empoderado – Quais os desafios de ser músico negro?
O desafio de ter menos acessos a formações e menos tempo para dedicar a elas, desafio de ter suas criações subestimadas. Há poucos incentivos ou medidas afirmativas nas artes e cultura, logo artistas negros da música e em outras áreas ainda tem que fazer 3 vezes mais para se manter. Por isso inclusive eu ainda não vivo exclusivamente da minha música.
Empoderado – Quais suas referencias musicais?
Gosto muito da MPB dos anos 80 e 90, gosto de samba do século 20, pop, rock. Eu diria que há várias influências que percorrem minhas canções. Acho que as mais aparentes são Chico César, Djavan, Geraldo Filme e no campo da interpretação Elis Regina e Maria Bethânia. Gosto muito da interpretação feminina na música. Acho que sempre estão num patamar mais alto quando se trata de interpretação.
Empoderado – Musica é…(o que respresenta pra vc)?
Meu direito a voz, a subjetividade, a um ponto de vista, onde posso ser o que quero, quando e como quero. A música é uma companheira para todos os dias.
Empoderado – Sua musica fala sobre?
Minhas canções falam sobre ancestarlidade, permanência, falam contra o apagamento da memória negra e dos povos originários, fala sobre amor e sobre utopias possíveis.
Recado aos leitores: O tempo vai virar. Tudo que está aí ameaçando nossa existência, já esteve aqui. Esse ciclo vai passar. Como disse o Milton: “Fé cega e faca amolada”
Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=ndWvJFzgaE8
Abraço e obrigado pela oportunidade !