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Entrevista com Luciano Cunha da HQ “O Doutrinador”

 

 

 

 

 

 

 

​Batemos um papo com o Luciano Cunha​, mentor dessa obra (Doutrinador) que já desperta e inspira paixões em milhares de brasileiros. 

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A obra que nasce como quadrinho será adaptada para o cinema brasileiro este ano (setembro) e ano que vem vai virar série. As gravações já começaram e o Doutrinador estará nas telinhas já este ano.

O (anti) herói tupiniquim faz justiça com as próprias mãos (armas). Assim como já faz ​áa décadas o Justiceiro, da Marvel e o Batman, da DC (os dois citados tem como marca a justiça com​ ​as próprias mãos após verem suas famílias serem assassinadas).

Já no caso do Doutrinador a luta é contra políticos corruptos. Cansado dos desmandos, corrupção e falta de vergonha na cara de muito governante ele toma as rédeas e faz da sua forma.

A obra que trata de justiça feita pelas próprias mãos suscita grandes debates contra e a favor dessa forma de agir.

Outro personagem que pode ser lembrado é o Juiz Dreadd. O juiz Dreadd acumula os “cargos” de polícia, juiz, júri e executor (quando necessário), na fictícia megalópole: Mega City One. Aqui nas terras de cá também temos um judiciário hoje que manda no Brasil.

O Doutrinador é um quadrinho que nasce do grito popular de mudança no Brasil. Luciano traz um debate sobre fazer justiça com as próprias mãos. Existe quem é a favor e quem acredita que apenas a urna é uma saída para atual crise do país.

O ​ s​impático Luciano falou com o JE. Vamos a entrevista:

Quem é o Luciano Cunha? Como surgiu a ideia de ser quadrinista?

Um cara tranquilo, família, roqueiro e nerd velho – rsrsrs mas revoltado com a classe política do país. A ideia de ser quadrinista deve ter surgido assim que coloquei um gibi nas mãos pela primeira vez. Eu lembro como foi: meu pai me levou na banca e comprou pra mim um gibi do Homem Aranha, eu tinha 6 anos. Ali começou tudo, essa paixão eterna.

Os protestos de 2013 tem qual importância na sua obra?

Muita importância. Eu sempre digo que surfei aquele onda, não só como cidadão que pensava que o gigante finalmente tinha acordado e que iria tomar as rédeas de seu protagonismo, como quadrinista, pois meu personagem ganhou muita força naqueles dias. O Doutrinador ainda tem o espírito daquele Junho inesquecível. É uma grande pena que aquela emoção dos primeiros protestos se perdeu de alguma forma e o gigante cai num sono profundo mais uma vez.

Como se deu e se da o processo de produção do Doutrinador? Quais foram suas motivações e referencias?

O processo sempre foi caótico e fluido ao mesmo tempo. Eu vou criando como dá, como minha rotina de pai e designer gráfico me permitia. Agora, trabalhando na Guará Entretenimento, as coisas só pioraram (rsrsr)! Tenho muito pouco tempo para desenhar pois estou construindo um sonho junto com meu sócio Gabriel Wainer, o sonho de criar um universo brasileiro de protagonistas. Ao mesmo tempo, tenho participado do processo de adaptação do Doutrinador para o cinema, tem sido muito intenso mas não posso reclamar, é a realização de um sonho. Minha motivação vem da minha paixão por quadrinhos, é uma coisa de alma. E minhas referências são muitas, mas sempre Frank Miller e Jack Kirby na frente, sempre.

Teve investimento de terceiros, foi seu dinheiro ou teve financiamento coletivo?

A primeira edição foi financiada por mim e minha esposa, Luiza. A galera que seguia a página pedia muito uma versão impressa e valeu a pena, foi gratificante demais vender pela fan page e enviar cada exemplar pelo correio. Quando negociei a segunda edição, chamada Dark Web, com a editora RedBox, eles ficaram responsáveis por tudo: impressão, distribuição, envio, etc. Eles reimprimiram a primeira edição também. Ambas se esgotaram na última CCXP. Estamos finalizando uma edição especialíssima para ser lançada agora em dezembro, de novo na CCXP. Um encadernado capa dura com as 3 edições reunidas e mais uns extras inéditos, vai ficar linda. Nunca usei financiamento coletivo por uma razão muito simples: sou ansioso demais, eu ia ter problemas de saúde esperando o valor ser atingido, é sério.

Quanto volumes tem o Doutrinador? E qual a forma de distribuição?

Acho que respondi acima.

Você disse em uma entrevista que as Bancas estão em um monópilo criminoso que inviabilizaria a revista ser mensal ou quinzenal. Explique.

O Brasil, um país deste tamanho, só tem uma distribuidora, acredita? Até alguns anos atrás era possível escolher qual empresa seria responsável pela distribuição da sua revista: Dinap, do Grupo Abril, ou a Chinaglia. Mas desde 2009, as empresas são uma só, um braço do Grupo Abril, que também edita revistas! Ora, bolas!

A Abril comprou a Chinaglia e promoveu a fusão das duas empresas de distribuição, que passou a ser a única a prestar o serviço no Brasil. Monopólio? Não de acordo com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Fala sério, né? Então você pode ficar se perguntando: qual produto vende em bancas no Brasil? Álbuns? Mangá? Super-heróis? E eu posso te responder: aquele que a distribuidora QUER! Ainda tem a política de que a editora assume o prejuízo ficando com o chamado encalhe, que muitas vezes sequer dá para ser vendido num evento ou via web, pois chega amassado, molhado, rasgado. Complicado, né? A Panini recentemente decidiu distribuir os próprios quadrinhos, como faz lá fora, numa iniciativa corajosa. TOmara que dê certo e possa iluminar outros caminhos para editoras brasileiras.

Como foi o contato e depois trabalhar com o Marcelo Yuka (músico, ativista)? 

Ele me contactou pelo Facebook, eu nem acreditei. Nos conhecemos e foi como um pequeno sonho, pois o cara é meu ídolo, adoro suas canções com o Rappa. Trabalhar com ele e repartir informações e referências com um cara como o Marcelo é uma experiência única. A energia dele é realmente diferente, pra mim é coisa de gênio. Então você pode imaginar como foi gratificante.

Vai sair uma Serie do Netflix ou um longa metragem, do Doutrinador?

Um filme, que vem primeiro, e uma série, mas não é pela Netflix, e sim pelo canal Space, que pertence a Turner.

Onde a galera pode encontrar as HQs? 

Como as edições estão esgotadas, o interessado pode ler no site de streaming www.socialcomics.com.br. Mas em breve o encadernado chega e será distribuído em livrarias e comic shops, além do site da editora.

Como é a divulgação e publicação do projeto? Tem uma equipe que te ajuda? 

Sempre trabalhei sozinho até pouco tempo atrás, quando criamos a Guará Entretenimento. Sempre me divulguei sozinho, eu era o meu assessor de imprensa, fazia meus releases, enviava para os veículos, respondia e-mails e comentários na rede social. Foi um trabalho de formiguinha, mas valeu a pena.

Como é ser quadrinista independente no Brasil? Mudou algumas coisa de décadas passadas?

É um trabalho para apaixonados. Você tem que amar o que faz e não esperar tirar seu sustento disso. Eu sempre tive uma outra fonte de renda, sou designer gráfico e publicitário, também trabalhei com marketing político, que foi de onde tirei ainda mais ódio e indignação para desenhar o Doutrinador, pois vi o sistema de perto.

Costumo dizer que o Brasil ainda não tem um mercado de quadrinhos, o que temos é uma cena de quadrinhos. Que nunca foi tão rica e efervescente como agora. Mas, ainda é praticamente impossível pagar as contas fazendo HQs para o público interno. Muita gente talentosa acaba desenhando para editoras estrangeiras, é uma maneira de manter o sonho vivo. Essa é uma das aspirações da Guará que mais nos entusiasma: que nossos artistas possam trabalhar para formar um público nosso, construir um mercado nosso, com personagens brasileiros. Talento não falta!

O leitor hoje aceita melhor o trabalho nacional?

Sim, mas o bloqueio ainda é grande. Mas com muito trabalho os quadrinistas nacionais estão vencendo a barreira. A gente chega lá.

Falando sobre politica, como você se define? Existe um Fla x Flu e como o Doutrinador e você pensam este cenário de hoje?

Existe um Fla x Flu perigoso e isso é péssimo para o país. Ninguém dialoga mais, virou realmente uma briga de torcidas como no futebol. Isso é muito triste. O pior é que o Brasil adora um salvacionismo e hoje não há ninguém para unir toda a sociedade em torno de um projeto de nação. O que nos dá margem para candidatos populistas que promovem mais extremismo. O ano de 2018 vai ser muito difícil, já disse que espero cadáveres por causa de política na próxima eleição. Infelizmente será assim.

A terceira via seria o Doutrinador?

Não, claro que não. O Doutrinador é ficção. É só um quadrinho que expressa toda a minha revolta e, por que não dizer, da maioria da população. Mas é claro que prefiro o diálogo e o equilíbrio do que uma solução violenta.

O doutrinador seria o Batman(DC) nacional, com pitada de Justiceiro(Marvel)?

São dois personagens que adoro e que me sinto lisonjeado quando comparado com esses ícones do mundo geek. Mas o Doutrinador é nosso, é brazuca, tem nosso sangue mestiço.

Fale um pouco sobre as historias e seus arcos. Você é o Doutrinador?

Sim, ele poderia ser meu alter ego (rsrsrs). As histórias são complementares, mas se lidas de forma separada são independentes. Os arcos se cruzam, mas têm vida própria.

Sua obra da não poupa ninguém. A classe Politica e a Militância aceitou sua obra bem? Chegou a sofrer ameaças?

Sim, já sofri ameaças e também já fui processado por um parlamentar famoso. Mas isso passou, ainda bem. Recentemente não tenho tido muitos problemas, acho que as pessoas já se acostumaram com a ideia de que é uma ficção. Mas não sei o que pode acontecer quando a divulgação do filme começar de verdade e a trama ganhar mais audiência. Vamos ver.

Doutrinador gosta de rock e usa camisa do Motorhead e até usou do Sepultura, mas ele ouviria samba?

Sim, é claro. Mas samba de raiz, por favor! Rsrsrs Nada desses grupos de pagode chorosos e sem alma. Eu sou do rock e heavy metal, mas já tenho 45 anos, já passei daquela fase de ser rockeiro radical. Gosto de MPB e de samba como João Nogueira, Zeca, Luiz Carlos da Vila, Nei Lopes, esses feras da antiga.

Por que não usa Financiamento de Campanha?

Acho que já respondi anteriormente. Sou ansioso demais, não conseguiria ficar acompanhando o alcance das metas dependendo de outras pessoas.

Quer deixar um recado para os leitores do Jornal Empoderado?

Quem não conhece o Doutrinador, que entre na fan page do Facebook e também no Instagram. Conheça também o Universo Guará, acesse nossa página e o site e descubra um universo de paladinos nacionais, personagens com a nossa cara. Apoie o quadrinho nacional, temos os melhores artistas do mundo na nona arte, não é à toa que editores americanos e europeus recrutam nossos profissionais para desenhar os heróis que tanto gostamos. Somos os melhores, acredite. Só precisamos de mais apoio.

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NOTA

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