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Botão: criação brasileira para quem curte futebol

 

 

Um jogo extremamente popular, que virou esporte e que foi esquecido pelas crianças, junto com dezenas de outros jogos e brinquedos, por causa dessa avalanche que se tornou o videogame, ainda faz sucesso entre os marmanjos: o jogo de botão, ou como se convencionou chamar, o futebol de mesa.

Uma atividade muito comum dos anos 1940 até 1980 entre as crianças de todo o país, o botão é um jogo que surgiu no Brasil, ainda no início do século 20. Inspirado em outro jogo trazido da Europa por imigrantes, o das pulgas, em que um jogador pressionava com uma ficha um botão para que ele disparasse e atingisse outro botão, o futebol de mesa era jogado em qualquer parte, desde que a superfície fosse lisa.
Bastava reunir 10 botões de cada lado e uma caixa de fósforos, sem esquecer também as balizas, para duas crianças passarem o dia jogando, tentando realizar ali, na mesa ou no chão, as jogadas dos craques que tinham visto nos gramados dias antes.
Os botões eram tomados dos casacos e paletós de pais e avós. Mais tarde foram sendo substituídos por tampas de relógio, que podiam ser até pintadas com as cores dos times. Eles eram impelidos por uma ficha, que podia ser daquelas fichas de apostas de jogo de baralho ou até mesmo outro botão.

As regras eram simples e foram evoluindo. Hoje é muito comum a regra paulista, de 12 toques, jogada em praticamente todo o Brasil. Outras regras são bastante difundidas, como a carioca – três toques, e a baiana – um toque.

Nos anos 1980 a atividade foi se tornando cada vez mais organizada, até que em 1988 o governo federal, por meio de portaria, reconhece o futebol de mesa como um esporte de recreação, o que foi um passo enorme para que diversos clubes do país abrissem em suas sedes departamentos para a prática do esporte.

Hoje o Brasil tem quase uma centena de clubes filiados às federações estaduais e à Confederação Brasileira de Futebol de Mesa. Há mais de 3 mil botonistas filiados a essas entidades em todo o país. Clubes como Corinthians, Santa Cruz, Ceará, Ferroviário (CE), Sport Recife, Fluminense (PI), Flamengo, Vasco da Gama, Palmeiras, Fluminense, Botafogo e América do Rio têm equipes de destaque nas mais diversas modalidades do esporte.

Em Moscou

O futebol de mesa brasileiro é tão interessante que, durante a Ditadura Militar, acabou se espalhando pela Europa Oriental nas mãos dos exilados brasileiros que lá se refugiaram. É famosa a história do pianista Arthur Moreira Lima, que promovia campeonatos de botão em Moscou, para amigos brasileiros e soviéticos (a cidade era na época a capital da União Soviética).

Um dos convidados de Arthur, também exilado, passou por problemas na fronteira da então URSS com a Polônia. Arthur era fluminense e, quando ouviu de Alfredo Brito, um arquiteto amigo, que viria para Moscou em 1967, disse para ele trazer um time de botão do Botafogo, para os dois jogarem o famoso Clássico Vovô, o mais antigo do Rio de Janeiro.

Brito trouxe o time, mas foi parado na fronteira da Polônia com a União Soviética. Numa sala separada, policiais soviéticos o interrogaram, nervosos. Queriam que contasse o que eram aquelas pastilhas numeradas e aquela caixa de fósforos cheia de parafusos e chumbo. Os guardas de fronteira temiam que Brito fosse um terrorista prestes a explodir o trem, mas ficaram boquiabertos ao saberem que se tratava do time do Botafogo do Rio de Janeiro. A caixa de fósforos não passava do goleiro Osvaldo Baliza, arqueiro do time nos anos 1940.

Hoje, o futebol de mesa resiste naqueles países, que faziam parte da outrora conhecida “cortina de ferro”, uma modalidade esportiva chamada sectorball, bastante parecida com o nosso futebol de mesa. Provavelmente essas incursões de brasileiros jogaram a semente que transformou o botão em um jogo universal.

Humbrto Scavinsky de Alencar – jogador profissional de Futebol de Mesa do Corinthians

 

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Humbrto Scavinsky de Alencar – jogador profissional de Futebol de Mesa do Corinthians

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