130 anos de uma abolição inventada para APENAS encher livros didáticos. E os responsáveis por essas publicações nunca perguntaram aos(as) negros e negras se sentiam libertos antes de escreverem seus exemplares e espalharem a tal “felicidade da libertação”, do 13 de maio.
É sabido em treze de maio a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea deixando livre os escravizados (as). Como se ela em posse de sua pena “libertadora” dissesse ao povo preto(a): “sintam-se livres, eu vos libertei. Pois sou o caminho, a luz e a verdade”. Só que não.
A Lei que veio como libertação, na verdade, já nem era necessária, pois os negros (as) já se eram livres e resistindo em quilombos. Palmares era o mais famoso.
O que o livro nunca quis contar é que negros e negras escravizadas não recebiam salario. A Europa pressiona para terem no lugar das mãos para impulsionar fazendas, os “funcionário assalariados” nas cidades.
Além de sofrer nas senzalas e no açoite do capitão do mato, agora teriam que sofrer sendo a mão de obra que por alguns trocados iria continuar enriquecendo seu novos donos (as), agora chamado de patrões/ patroas/chefes.
Negros foram tratados como mercadoria e a carne mais barata do mercado, mas o que mudou de 1888 a 2018? O que merece festejos e cortejos?
Hoje a comunidade negra está unida por coletivos, entidades, grupos, assim como os quilombos antigos.
As cotas deram oportunidades para que mais pessoas da população negra pudessem estudar na universidade. A mídia preta auxiliada pela mídia social ajuda divulgar muito mais casos de discriminação e se vê, de forma tímida, mais pretos e pretas em cargos de comando e na televisão.
Então está tudo ótimo? Não. Falta muito. O mito da democracia racial ainda atrapalha e permite que alguns brancos vendam a ideia que a reclamação por melhores condições e respeito do povo preto (a) é vitimismo, ou o tal mimimi.
Religiões de matrizes africanas são atacadas constantemente. Mulheres pretas recebem menos e se forem obesas e lésbicas, sofrem muito mais.
E sem falar nas retiradas de projetos e direitos, como SMPIR – A Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, em São Paulo. Também quando se faz uma reforma trabalhista, que atinge negativamente muito mais a população negra.
Em 2018, somente a pressão popular para maior emissora da América Latina colocar meia dúzia de pretos e pretas em uma novela que se passa na Bahia – um lugar de maioria negra. Ou os inúmeros casos de racismo que o JE recebe constantemente, provam que a luta por respeito é longa e não pode parar.
Pensando nisso surgiu uma ideia inteligente do ativista e mídia digital Ad Junior para que negros e negras usem preto no dia 14 de maio, segunda-feira, como forma de dizer: #ObrigadoPorNada2018.
Sobre o evento criado leia mais na página clicando aqui.
Para finalizar deixamos a histórica fala do senador Abdias Nascimento (falecido em 2011) sobre a Lei Áurea:
“Na verdade, o processo que resultou na abolição da escravatura pouco tem a ver com as razões humanitárias. O que de fato empurrou a Coroa imperial a libertar os escravos foram, em primeiro lugar, as forças econômicas subjacentes à Revolução Industrial, capitaneadas por uma Inglaterra ávida de mercados para os seus produtos manufaturados. Explicam-se desse modo as pressões exercidas pela Grã-Bretanha sobre o Governo brasileiro, especialmente no que tange à proibição do tráfico, que acabaria minando os próprios alicerces da instituição escravista. Outro fator fundamental foi o recrudescimento da resistência negra, traduzido no pipocar de revoltas sangrentas, com a queima de engenhos e a destruição de fazendas, que se multiplicaram nas últimas décadas do século XIX, aumentando o custo e impossibilitando a manutenção do sistema”.
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Matéria perfeita
Ficamos felizes de ter gostado Vanessa. Continue nos acompanhando!