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Por: Bruna Guiseline e Carla Caroline

Há dias a palavra empatia permeia o meu consciente e, especialmente, o inconsciente. Ela não vem junto com o empoderamento. Mas, surge a cada instante. Nos sonhos, no elevador e até enquanto assisto ao telejornal. Talvez sejam os acontecimentos do país e do mundo, onde vemos o crescente movimento a intolerância, ao preconceito, a xenofobia, ao racismo. Nada de novo. Sim, verdade. E é por isso que este sentimento vem crescendo em mim e em muitas mulheres com quem tenho conversado.

Por horas sou traída pela memória que traz algo para que eu repense se fui ou não empática com outra mulher. Então, percebo que enxergar a outra com bons olhos é difícil não só para mim, mas para toda uma sociedade. Mas, qual o motivo disso? O que nos faz olhar a mana ao lado com olhos de julgamento?

Depois de muito buscar, ler e olhar aqui para dentro, percebi que somos educadas para isso: apontar as atitudes da “coleguinha” ao lado. Sim. Sim, sociedade. Fomos criadas para competir com a amiga, com a mãe, com a irmã e com todas que passem por nós nas ruas. E, pior, nos ensinaram a indicar as falhas de quem não é “perfeita”. Sim, nos dividiram em castas e transitar por elas pode ser doloroso, pois sentimos que somos todas iguais, no entanto não conseguimos nos acessar e aumentamos mais ainda essa lacuna.

Pare por apenas cinco segundos, olhe ao seu redor e observe os julgamentos que brotaram aí. Aposto que coisas como: “usa essas roupas e depois reclama”, “mulher e falando vários palavrões”, “tem namorado e está aí, de papo com outros homens”, “também com esse dinheiro tinha que ser magra”, “com um homem mais velho? Ela quer é o dinheiro dele”, saíram da sua mente e, em alguns casos, pela sua boca.

E se pararmos então para pensar em quantas palavras pejorativas relativas ao comportamento, estilo e aparência de outras mulheres pensamos por dia. Quantas falamos para outras pessoas, quantas escrevemos em redes sociais. Vamos refletir no modo que nos comportamos após pensar, falar e propagar tais palavras. Afinal, quanto elas impactam no nosso exercício de tentarmos ser mais empáticas?

Poderíamos parar com isso, não é? Seria ótimo se deixássemos essas visões machistas impostas pelo patriarcado de lado e distribuíssemos mais amor para a “miga” ao lado. Ao invés de julgar, seria bom tentar compreender as alegrias e as dores dessa humana aí. Entender os amores, sabores e dessabores da vida dela. E aceitar as escolhas alheias. Se ela sonha em casar, ótimo. Se ela quer ser jogadora de futebol, ótimo. Se ela quer ter filhos, ótimo. Se não quer, ótimo também. As escolhas são individuais, devem ser respeitadas e nós, como mulheres empáticas, não só deveríamos aceitar como auxiliar que os sonhos de outras mulheres possam ser realizados.

Ahhhh, como seria bom sentir um olhar de afeto, ver que ao nosso lado há aquela parceira que se dissermos: “vamos?”, ela segura a nossa mão e vai ao nosso lado (e não é para a balada e nem para falar mal de ninguém) para ser apoio, ser colo, ser carinho, ser MULHER.

Manas, vamos ser empáticas, ou seja, nos colocar no lugar das outras mulheres, solidárias e unidas para lutarmos juntas. Lutarmos por quem quer ser “bela, recatada e do lar” e por quem deseja ser a “rainha da porra toda”.  Segure a minha mão e vamos lá… por mim, por você, nós, por elas e, sim, por ele.

 

Carla Caroline é jornalista, mulher, negra, mãe, esposa e muito mais. A ordem das funções varia de acordo com o dia…

Bruna Guiseline é Internacionalista, psicanalista, bela quando quer, nada recatada, do lar quando dá tempo.

NOTA

Não deixe de curtir nossas mídias sociais. Fortaleça a mídia negra e periférica

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Respostas de 8

  1. Texto digno de reflexão e de olhar para si e para as outras ao seu redor sem o julgamento e sem os preconceitos. Deveríamos ser criados para o amor. Orgulho de vocês mulheres dignas, de voz ativa e de pensamento reflexivo. Orgulho das mamas, das gurias e de mulheres de pensamentos, conceitos e vidas como vocês. Para, leia e reflita. Assim a gente cresce também.
    Sigamos de mãos dadas.

  2. Parabéns pela abordagem bem feita (sem máscaras), com palavras de fácil entendimento e que nos leva a reflexão! Sucesso meninas!
    #por_mais_textos_sem_mascaras

  3. Ótimo texto, reflete exatamente o que vem acontecendo ultimamente no social, e vem acontecendo com força, até um tempo atrás, as músicas falavam de amor, Bethânia por exemplo clamava pela dificuldade em olhar o mundo e ver o que ainda existe, que o sem o amor tudo é diferente e a alegria, assim é triste. Hoje, nos deparamos com mensagens de um empoderamento superficial, de julgamentos, de inveja, de sempre querer TOMBAR, SAMBAR, LACRAR, na cara das inimigas… Enfim, adorei o texto, é uma escada para a compreensão, para o LET IT BE, mas uma escada que apenas sobe. Parabéns ❤

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