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Xirê de Rua, novo espetáculo da CIA de Dança AfroOyá, celebra a resistência ancestral e as estratégias de luta por liberdade do povo negro

Referência da cultura afro-brasileira contemporânea, a CIA AfroOyá apresenta, entre outubro e novembro de 2022, e em diferentes espaços culturais, seu terceiro espetáculo, Xirê de Rua, projetocontemplado pela 31ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura. Dividida em oito quadros, a performance coletiva, que reúne bailarinos e músicos, dá continuidade a um repertório que vem se destacando pela profunda investigação sobre a influência da ancestralidade africana para a construção da identidade sociocultural brasileira.

Formada em 2017 pelas bailarinas e coreógrafas Tainara Cerqueira e Priscila Borges, que também assina a direção de produção juntamente com Caio D´Aguilar,  a

CIA AfroOyá teve como laboratório o Centro Cultural Quilombolas de Luz. Em maio daquele ano, radicadas em São Paulo, as artistas baianas se aproximaram do capoeirista Contramestre Gugu Quilombola, criador do espaço sediado no bairro do Bixiga, e passaram a ministrar aulas de dança para a comunidade local.

“Minha primeira intenção era fazer com que a dança afro chegasse ao maior número de alunos, porque entendia o quanto ela podia interferir na qualidade de vida das pessoas, sobretudo das pessoas negras”, explica Tainara.

Propondo uma imersão sobre ritos ancestrais de matriz africana – a dança dos orixás, o maculêlê, a capoeira, o samba reggae e o samba de roda –, Tainara percebeu que muitos alunos tinham vocação para atuar profissionalmente. Constatação que inspirou a criação da CIA AfroOyá e a produção dos dois primeiros espetáculos apresentados ao público, O Vento Que Acompanha o Tempo (2017) e DidêManda (2018).

Resistência e liberdade

Em 2021, a partir de uma vivência que estabeleceu investigações de novas linguagens, Tainara idealizou o espetáculo Xirê de Rua, elaborado a partir de oficinas realizadas em um processo de residência no Centro Cultural Quilombolas de Luz.

Coletiva, com direção de Tainara Cerqueira e produção de Priscila Borges e Caio D’Aguilar, a concepção do espetáculo contou com a orientação de cinco professores: Tiago Silva (Boogaloo Begins), integrante do grupo de dança urbana Chemical Funk e do coletivo de pesquisa de danças negras Sansacroma; Zebrinha, diretor artístico do Balé Folclórico da Bahia; Caio D’Aguilar, criador do grupo de teatro Projeto Crioulos e coautor do roteiro performático de Xirê de Rua; Nildinha Fonseca, mestra em dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), professora de dança afro, e integrante do Balé Folclórico da Bahia; e o capoeirista Contramestre Gugu Quilombola.

Xirê de Rua vem da minha observação de como a comunidade negra cada vez mais vai criando e se recriando, construindo e se reconstruindo, sem perder a essência de luta, resistência, festa e religiosidade. Então eu trouxe observações sobre movimentos que acontecem nas ruas para a criação desse espetáculo, que começou com a força das oficinas, das linguagens distintas do movimento corporal e artístico do povo preto, e com a força de meus mestres Nildinha Fonseca e Zebrinha”, diz Tainara.

De origem iorubá, a palavra “Xirê” define um ritual do candomblé que se desenvolve de forma circular, uma roda de dança em evocação e celebração aos orixás. Explorando a potência desse simbolismo, o espetáculo Xirê de Rua foi dividido em oito quadros: Cortejo; Caminho da Fé; Xaréu; Ramunha dos Imigrantes; Resistir para Existir!; Cura; Carnaval; e Feira. Segundo Tainara, o quarto quadro, Ramunha dos migrantes, traz também um simbolismo que norteia a narrativa do espetáculo, marcado pela exaltação da herança de resistência e luta como elementos de manutenção dos anseios de liberdade da negritude afrodiaspórica em todo o território brasileiro.

“Neste quadro a gente fala sobre como as pessoas negras, sequestradas do continente africano para cá, foram também forçadas a migrar para outros territórios brasileiros, como acontece com os que migraram do Nordeste para São Paulo. Eu, por exemplo, sou uma artista nordestina e tenho construído minha carreira e minha história aqui em São Paulo. Então, a narrativa que permeia o espetáculo é a consciência política coletiva de quilombo de que, para resistir, essa comunidade precisa estar junta e de que o foco é a liberdade”, conclui.

Entre outubro e novembro, Xirê de Rua estará em cartaz nos seguintes espaços culturais paulistanos: o Teatro de Contêiner Mungunzá, o Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e o CCN – Centro de Culturas Negras.

AGENDA:

Outubro

Teatro de Contêiner Mungunzá

Rua dos Gusmões, 43, Santa Ifigênia, São Paulo.

Pré estreia para convidados: quinta-feira, 27/10, às 20h30.

Apresentações: sexta-feira e sábado, 28 e 29/10, às 20h30; domingo, 30/10, às 16h.

Ingresso popular: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia).

Novembro

Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes

Rua Inácio Monteiro, 6900, Conjunto Habitacional Sítio Conceição, São Paulo.

Apresentações: sexta-feira e sábado, 04 e 05/11, às 20h; domingo, 06/11, às 18h.

Espetáculo gratuito

CCN – Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá

Rua Arsênio Tavolieri, 45, Jabaquara, São Paulo.

Apresentações: quinta e sexta-feira , 10 e 11/11, às 20h; domingo, 13/11, às 18h.

Espetáculo gratuito

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