O PRÍNCIPE NEGRO
O Brasil possui várias lendas, e em Porto Alegre não poderia ser diferente entre essas existe uma história bem curiosa, sobre um príncipe negro que vivia na cidade, e faleceu ao 104 anos em 1935. Algumas pessoas acham que seria uma invenção, pois pouco se sabe sobre este desconhecido, outros acham que pode ser realidade. Mas na verdade, o príncipe Custódio Joaquim Almeida existiu , e teve parte de sua caminhada esquecida, e envolta em muita lenda. Como toda personalidade negra brasileira, sua lembrança acaba por ser apagada durante o embranquecimento da história , onde povo negro recebe pouco destaque nos livros sobre a contrução do estados brasileiros.
Custódio nasceu em Benin, na África, e chegou ao Brasil em 1899. Mas na cidade de Porto Alegre, foi fundador de vários assentamentos, sendo o mais famoso o Bará do Mercado Público. Também foi responsável por instituir as religiões africanas no Rio Grande do Sul. A história do Príncipe Negro possui várias versóes, mas alguns fatos se repete como o de ser assim chamado, contam que quando chegou da África sua corte tinha ao todo 48 pessoas, que se instalaram na rua Lopo Gonçalves no bairro Cidade Baixa. Este bairro atualmente é uma área famosa por sua vida noturna, um reduto de diversidade cultural. Estas características iniciaram desde a chegada do príncipe, além de trazer o desenvolvimento cultural para região, começou a se estabelecer um maior interesse sobre as religiões de matriz africanas. A cidade baixa não era apenas frequentada pela população negra, mas também por líderes políticos locais e classes mais abastadas que acolheram Custódio. Se faz necessário lembrar que neste período este tipo de relação entre brancos e negros não era comum, e que havia uma perseguisão contra as religiões de matriz africanas.
O Príncipe Negro tinha uma vida muito luxuosa, as poucas fotos em que aparece, pode-se perceber suas indumentárias, relógios de ouro e pedras preciosas, não há registros de qual era o montante de sua fortuna. A riqueza abria portas , e o príncipe negro frequentava os mesmos lugares que a elite gaúcha. Na reportagem feita pelo Jornal Correio do Povo me 1929, percebe-se a partir do título a ênfase pejorativa ao “batuque”, o texto considera a prática barulhenta, em vários trechos palavras como “praga transplantada” , “gente inculta e humilde”, retrata o preconceito da época. As boas relações que o Príncipe Custódio tinha com políticos e pessoas mais abastadas, nos faz refletir sobre esta aceitação pela sociedade, seus modos e hábitos, os jogos de interesses que talvez estivessem subentendidos.
Nos últimos anos, a história do principe negro vem sendo mais pesquisada, sabe-se que Custódio passou pelas cidades de Rio Grande, Pelotas e Bagé, chegando em Porto Alegre em 1901. Ainda se busca preencher lacunas que ficaram sem explicação, muito do que se sabe sobre seu legado está relacionado à religião. Ainda se pesquisa sobre suas origens, e o motivo de ter vindo para o Brasil.
A vida do principe negro é ainda cercada de mistérios, ninguém sabe ao certo sua idade, e à inúmeras versões sobre sua verdadeira identidade. As lacunas são muitas, e pouco existe de documentos que comprovem a veracidade das histórias. O que o torna a vida de Custódio significativa para ser pesquisada, é além da exentricidade a importância que esta figura teve como precursora na livre expressão de cultos africanos.