Moradora da zona leste de São Paulo, ativista pela Educafro, mãe, mulher negra, ex empregada doméstica. Ester Rufino cursou direito na Faculdade Zumbi dos Palmares, formou-se em 2014, e é a nova diretora do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, o IBCCRIM.
Não só a importância de uma mulher negra ocupando um cargo de poder, mas, principalmente, a vivência e realidade que Ester traz com sua trajetória. Segundo a militante, esse é um momento histórico. “É a chance de trazer à tona tantas mulheres grandes, que são invisibilizadas. Mulheres negras, periféricas, atuantes, que não chegam a esses espaços. A chave vira quando balançamos instituições e sociedade, para que pensem sobre o racismo estrutural e institucional deste país”.
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Aprovada de forma unânime, Ester tem o apoio da Presidente deste biênio, Marina Pinhão Coelho Araújo, e dos vices, Alberto Toron e Fábio Tofic. Ela explica que essa decisão é inédita. “É a primeira vez que elegem uma ativista da sociedade civil. Essa gestão 21/22, vem para a ação. A começar pelas mudanças institucionais, como o novo regime que inclui cota de 20%. Isso só demonstrou o quanto o Instituto está pedindo por mudanças na luta antirracista, da mesma forma que isso nos eleva a um patamar de privilégio para que, juntos, possamos intervir nas ações de Ciências Criminais desse Instituto, efetivamente nas ações que impactam as vivências do encarceramento em massa , no combate ao feminicídio e o enfrentamento à letalidade policial”.
Mas, afinal, o que é a IBCCRIM?
Constituída em 1992, após o massacre do Carandiru – tragédia onde 111 presos foram mortos em uma ação da polícia de São Paulo -, a Instituição tem como objetivo construir e monitorar políticas públicas e iniciativas nas áreas de segurança pública, política criminal e direitos humanos junto ao poder público. Agora, 30 anos após sua fundação, temos a primeira mulher negra a ocupar cargo na diretoria. Quer saber mais? Acesse: IBCCRIM.
“Eu ainda estou viva”
Emocionada, Ester lembra Marielle Franco, Débora Maria da Silva – do Mães de Maio -, e afirma: “Eu ainda estou viva, mas levaram nossa Marielle. A luta continua e é preciso ocupar esses espaços. Assim como diz a nossa querida Sueli Carneiro no Brasil, e Angela Davis nos EUA, “se uma mulher vai para o poder, todas vão”.
O Jornal Empoderado parabeniza Ester pela conquista que, sem dúvidas, é de todos nós. Que mais mulheres negras e periféricas ocupem espaços, sejam ouvidas, e representem mudança. Vamos juntos!