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A pedido da leitora Iandara Macedo, debrucei sobre as teorias da conspiração sobre a “Facada de Bolsonaro”. Foi real ou foi invenção? Deixem seus comentários no final.

O tempo é pai da razão. Dois anos depois  podemos olhar para esse evento com mais serenidade.

A prudência nos ensina que a nossa aproximação com alguém e a nossa relação afetiva com essa pessoa determina o que é mais fácil e mais difícil acreditar sobre outrem.

Enquanto mais você gosta de uma pessoa mais difícil será acreditar que ela fez algo que ao seu juízo de valor lhe pareça deplorável.

Se você gosta do Bolsonaro sentirá que a facada foi verdade. Se você mantém asco por ele sentirá que foi mentira.

Esse será o desafio de abordar esse tema pelos aspectos circunscritos a ele e olhando com uma percepção contemporânea o que tem de estranho nessas versões, nessas coincidências e nessas incidências.

Nós nos deparamos com duas visões macros desse caso, uma diz que foi uma farsa para ele fugir dos debates e se eleger. A outra diz que partidos de oposição à esquerda fizeram isso intencionalmente para vencer as eleições matando Bolsonaro.

As semelhanças entre as duas, ou três teorias, talvez seja o fato mais interessante dessa matéria, como tudo se mistura, se separa e depois ficam bem parecidas no final. Três? Sim, existe uma terceira teoria que nenhuma das duas leva em consideração. A versão de Adélio de que fez porque Deus pediu. E o fato dos dois “times” o ignorar já é uma triste semelhança de querer se beneficiarem politicamente do fato, independente do que alega o cidadão, nem o ouvem e nem lhe oferecem quaisquer atenção, mas dele querem tirar proveito.

Adélio após protagonizar o ataque vira figurante de uma trama maior que define o rumo do drama, Porém ele detém o poder de alterar o rumo da história mais uma vez, se por ventura ele provar que uma das duas teorias estão certas, voltará a ser o PROTAGONISTA.

O anônimo Adélio, garçom ou pedreiro, instruído politicamente, frequentador do Clube de Tiro 38, o mesmo da família Bolsonaro, é mais um personagem intrigante do Brasil presente e distópico.

Vamos usar a metodologia da desconstrução das hipóteses para ver em qual razão chegamos no final. Essa estrutura consiste em racionalmente desconstruir as teorias já consolidadas com base em argumentos lógicos e analisar o que sobra das teorias, a que tiver mais consistência ficará mais integra e pode ser a verdadeira. Essa metodologia fica limitada a lógica da luz humana, as sombras tudo é possível e é nas sombras que nascem a Teoria da Conspiração ou acontecem as conspirações desafiando a lógica.  Limitamo-nos a alguma lógica:

        1º – Teoria Fake. Armação. Golpe Eleitoral.

A facada envolve três hospitais, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Civil e uma multidão de cúmplices dessa farsa, o que por si só torna muito arriscado inventar essa história e mantê-la até hoje. O Presidente já ganhou tantos desafetos que o ajudaram a se eleger, e já existem tantos arrependidos que tal barbaridade deveria vir á tona.

A armação pode ser mais sofisticada. No dia em que Adélio, estava com os filhos de Bolsonaro no Clube de Tiro 38, eles podem ter combinado uma facada real não letal, para comoção do grande público.

O risco de dar uma facada não letal é enorme, ainda mais no meio da multidão. Algo poderia dar errado, pancadaria para todo lado, muita gente ferida, a facada poderia acertar o lugar errado e causar um desfecho ruim . Já Adélio, corria o risco de ser linchado, morreria por conta de uma certa recompensa financeira, ou por amar Bolsonaro e considerar ele um enviado de DEUS; diz Adélio que fez isso por ouvir a voz de DEUS.

A política é imprevisível, e mesmo com uma cena dessa, ainda sim o candidato ferido poderia perder as eleições. Se foi uma farsa, foi um risco muito grande a ser pago.

Para compreender melhor a tese da Farsa segue o documentário: “A Facada no Mito”,  57 minutos.

https://www.youtube.com/watch?v=l_CXu_E8DNM

É preciso refletir sobre treinamento de guerra e tortura, onde treina-se ferir sem matar. Será que Adélio ficou de 25/06/2018 até 05/09/2018 treinando ferir sem matar?

Depois voltaremos a analisar a hipótese de armação. Mas vamos ver a possibilidade de ser um ato da oposição.

          2. Teoria Esquerdalha: PSOL ou PT contrataram Adélio para matar o Bolsonaro:

Surgiram de início acusações que Jean Wyllys Ex-Deputado Federal do PSOL teria contratado o Adélio, porém mudaram a narrativa logo depois.

Nessa matéria de 16 minutos:  https://www.youtube.com/watch?v=T_Rgb9s5DZg;  realizada em 11/05/2020, aos 13 minutos e 52 segundos, o advogado Frederick Wassef, afirma que tem testemunhas que dizem que foi o PT que contratou o Adélio, e concluiu que se o Bolsonaro tivesse morrido o Presidente hoje seria o Haddad.

Parece unânime hoje que Bolsonaro comandou um desejo de impedir que a esquerda representada por PT ou PSOL continuasse a governar o Brasil. A essa altura o candidato reuniu uma considerável multidão ao seu entorno aludindo o fim do PT. A lógica de que Haddad herdaria esses votos automaticamente e com facilidade parece a qualquer analista político irreal. A tendência seria começar uma disputa na direita de quem herdaria esses votos. Por ordem possivelmente teriam essa preferência: Mourão, Geraldo Alckimin, Alvaro Dias, Henrique Meirelles,  Marina Silva, e ou Cabo Dacciolo. É improvável de que as pessoas refratárias ao PT ou PSOL migrariam para votar no PT por causa da morte de Bolsonaro.

Mourão, o vice, se prontificou a tocar a campanha e foi censurado pelo clã, que logo suspeitaram dele também e passaram a desferir indiretas contra o mesmo e até cometer gafes de segurança como essa que simboliza uma linda amizade já na presidência:

O protocolo de segurança internacional no qual Mourão se diz especialista diz que o Presidente e o Vice jamais devem andar no  mesmo avião, pois se acontecer algo com um o outro precisa assumir.

A dúvida fica no ar, será que desde aí existe uma ânsia do Mourão para assumir a presidência de fato.

Efeito Marina?

Em 2014, o avião do Presidenciável Eduardo Campos caiu, o levando a óbito e sua vice Marina Silva assumiu como candidata a presidente com um favoritismo enorme, quase foi ao 2º turno, mas os votos migraram na última hora para o Aécio Neves, sem beneficiar prioritariamente a Dilma que venceu as eleições sem esses votos.

Apenas Mourão e Adélio sabiam que o Bolsonaro estava sem colete, ou será que a campanha de Jair Messias mandou um ofício para o PSOL e o PT avisando: “dia 06/09/2018 em Juiz de Fora estarei sem colete contrariando a segurança que sempre uso”?

Quem em sã consciência vai contratar alguém para matar alguém com faquinha. E que estratégia é essa de colocar o matador no meio do território inimigo o expondo a alto risco, quase inevitável de captura e de posteriormente serem descobertos?

O PT, PSOL ou Mourão se desejassem matar o Bolsonaro contratariam um atirador profissional, que não se colocaria em risco e poderia atirar de longe. O candidato estava em um local aberto com muitas possibilidades de êxito e num dia de agendas que o expôs diversas vezes como um alvo muito fácil, teriam muitos locais melhores para realizar a execução. Então por hora Mourão fez-se o principal suspeito, já que se tornaria candidato.

Mourão é General, tem muitos amigos no exército que sabem atirar até de paraquedas, iria optar por uma faquinha? Me parece pouco provável. E dada sua proximidade poderia utilizar outros métodos.

       3 .Teoria de DEUS: Adélio por ele mesmo

Ao observar as falhas das duas teorias da conspiração a que parece mais plausível é a versão de Adélio Bispo que diz: “Foi DEUS a voz que pediu para eu  fazer isso”, e conta que não se arrepende em entrevista à Revista Veja. Conta também que quando saiu de casa para cumprir seu dever divino achou que morreria fuzilado:

https://www.youtube.com/watch?v=3oFIPsBTHY4 15 minutos, 27/11/2020.

O tipo de depoimento dele é crível, próprio de certos casos de esquizofrenia. Todo ano, em vários lugares do mundo pessoas tomam atitudes bizarras ouvindo a voz que julgam ser de “DEUS”. Essa é a única coisa típica, “normal” no enredo da facada, que temos diversos casos na história de pessoas que põe a sua vida em risco ou a de alguém por ouvir vozes. Isso está catalogado na literatura médica e policial.

“Não é culpa do Clube se você sair daqui e matar alguém na rua. Quando ele veio aqui (Adélio), não tinha antecedentes criminais”, argumentou um dos instrutores do Clube de Tiro 38, onde se reunia a família Bolsonaro para atirar, quando o assunto no estante de tiro passou a ser a passagem do pedreiro Adélio Bispo pelo estabelecimento em julho de 2018. ( 2 meses antes do atentado)  https://epoca.globo.com/as-atracoes-do-38-clube-de-tiro-frequentado-por-eduardo-carlos-bolsonaro-23651996

Adélio estava desempregado, mas teve dinheiro para pagar 600 reais por uma hora no Club, ficar hospedado por vários dias em Florianópolis, viajar para Juiz de Fora e também pagar 400 reais em dinheiro vivo para se hospedar numa pensão. Após estar no mesmo local de Adélio, Carlos Bolsonaro também foi para Juiz de Fora acompanhar uma passeata do pai, coisa que ele nunca fazia. Inclusive segundo os internautas Adélio e Carlos Bolsonaro conviveram alguns dias no Clube de Tiro 38. (Os dois lados usam esse mesmo argumento para sustentar suas hipóteses um contra outro). Em entrevista a Band, em 04/out/2019 no Programa Aqui na Band, no quadro os dez momentos que marcaram minha vida aos 17:29, confirma que Adélio frequentava o mesmo clube de tiro, aliás, ato falho diz, o mesmo estante de tiro, e sabe que Adélio fez um curso lá.

Matéria: Pragmatismo Político

Carlos Bolsonaro e Adélio Bispo estiveram em clube de tiro no mesmo período

A Teoria de DEUS em que Adélio omite que sabia atirar ao omitir essa informação e a razão da opção de cometer sua obrigação divina com uma faca em vez de bala, fragiliza também essa teoria. Contudo, continua ao meu ver, melhor do que as demais. Adélio afirma que só teve essa ideia quando soube que Bolsonaro iria a Juiz de Fora alguns dias antes. Coincidentemente meses antes Carlos dormia perto do inimigo. Em 06/03/2020 em entrevista ao Correio Braaziliense a família de Adélio Bispo narra uma situação muito precária de extrema pobreza, o que transparece inexistência de benefícios financeiros para um crime tão caro de grande porte, se contratado.

Qualquer semelhança é mera coincidência:

Pausa para uma incidência e divagação:

Vendo e revendo vídeos, fiquei imaginado que tutorial Adélio usaria, que filosofia o inspiraria a agir com as próprias mãos e achar que com o voto não se resolve nada. Encontrei esse vídeo, se o autor não fosse a vítima do próprio discurso arriscaria dizer que Adélio Bispo seguiu ipsis litteris as recomendações do então, Excelentíssimo Deputado: (2 minutos).

Voltando ao tópico…

Noves fora, tirando as supostas posições opostas de Adélio e Bolsonaro, desvanecem as diferenças e surgem as semelhanças: o lema “DEUS acima de todos” os aproxima. Adélio agiu pondo o “Brasil acima de Tudo” com as próprias mãos, como Bolsonaro quer que todos ajam, mas  com armas de fogo.  Ambos negam os partidos – Um presidente sem partido e um esfaqueador sem partido.

O discurso de Adélio traz elementos negacionistas e conspiratórios como: “A Maçonaria se financia roubando o Estado… é um esquema maior que o FBI, maior que a CIA maior que tudo… O FBI já foi atrás de mim pelas coisas que postei no Facebook”. Além de negacionista o viés conspiratório, evidencia-se algum grau de esquizofrenia.

A semelhança entre o atual presidente que disse que devia começar matando o FHC e Adélio que fez isso com ele, é muito grande. Em forma o pensamento pode ser um pouco diferente, mas em conteúdo ganham uma simetria contundente. Quantas vezes o atual chefe do planalto ameaçou a fazer guerra e armar a população contra os governantes? Está no congresso a pedido dele o projeto de lei para que Adélio´s andem armados.

Quando Adélio afirma que discorda politicamente do Presidente se torna nula a Teoria Fake, que ele tenha agido para eleição da campanha. Quando ele afirma que foi por “DEUS acima de todos”, ouviu a voz de Deus, anula a Teoria Esquerdalha. E quando é julgado imputável, todas as teorias ficam embaralhadas sem um desfecho razoável, até mesmo o que ele diz. A matéria fica sem um fim, sem respostas definitivas. Porém, pode o leitor dar continuidade nos comentários nos dizendo qual das teorias lhe parece menos plausível e trazendo novos elementos para nossa análise, aí em baixo nos nossos comentários é livre para pensar.

Para termos um final seguiram algumas perguntas e uma conclusão.

Perguntas:

COLETE A PROVA DE BALAS

a. Por que o presidenciável se expôs dessa forma?

b. Quem era responsável pela sua segurança e permitiu que um patrimônio da democracia ( o candidato) corresse esse risco?

c. Por que o clã Bolsonaro não pediu expulsão dos seguranças?

d.  Por que os demais partidos não pedem uma investigação do protocolo de segurança dos candidatos?

e. Por que Adélio sabia com tanta certeza que Bolsonaro estaria sem colete a prova de balas e em seus depoimentos nem avaliou o risco dele usar se na mídia isso era bem destacado, como em 25/06/2018 saiu em vários jornais; 15 dias antes da coincidência de Adélio estar no mesmo Clube de Tiro que o filho do Presidente. Como Adélio, que diz que pesquisou na internet não viu isso?

https://www.metro1.com.br/noticias/politica/56962,com-medo-de-atentado-bolsonaro-chega-a-usar-colete-a-prova-de-balas

MOVIMENTAÇÃO ESTRANHA

I. Como em um dia de sol uma jaqueta de couro andando em direção a um ponto fixo, evidentemente sem estar envolvido com a emoção da passeata sequer chama atenção da segurança para prevenir o ataque?

II. Por que usar a faca se sabia atirar?

III. Por que o PT não processa esse advogado que tenta criminaliza-lo?

IV. As três teorias são completamente divergentes, Por quê?

V. Por que os Bolsonaro´s de São Paulo não vão em clubes de tiro na mesma cidade de sua base eleitoral ou R.J. sua residência natal?

VI.  Por que não conversaram com o clube que são íntimos, para saber como Adélio pagou sua presença lá e etc?

VII. O Clube de Tiro 38 afirma que:  “Adélio não tinha antecedentes criminais“. Como seria contratado como matador? Como podem acusa-lo de criminoso sem antecedentes?

Conclusão:

Para dar ao leitor um final nessa matéria trago a essência da política onde devemos aprender com os fatos antes que seja tarde.

Adélio agiu como Bolsonaro prega que o cidadão deve agir.

Quando Adélio discorda das instituições e decide proteger-se com as próprias mãos, segue a premissa do Presidente.

Na política somos vítimas de nossos próprios preconceitos, somos causadores de nossas desgraças e somos responsáveis pelas consequências de nossas palavras.

Tentativas e falas contra as instituições e até vídeos o Planalto já divulgou como esse:  https://www.youtube.com/watch?v=tGrukTfoPAg .

Ao reagir pensamos que estamos nos defendendo, quando na verdade, estamos nos expondo ao perigo fatal, atraindo justamente o que queremos afastar. Mais armas é mais insegurança.

Se as armas já fossem liberadas Bolsonaro estaria morto e aquela multidão armada poderia ter se tornado um massacre de tiros para tudo quanto é lado.

Deixe nos comentários também a sua conclusão:

Outras matérias desse autor:

Entrevista inédita e única e exclusiva dessa pandemia

https://jornalempoderado.com.br/a-entrevista-inedita-unica-e-exclusiva-dessa-pandemia/

(Q)uem é o ‘Q-Anon’? 

https://jornalempoderado.com.br/quem-e-o-q-anon/