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TRANSFORMAR A POLÍTICA É PRECISO (E URGENTE)

Angela Davis nos ensina que quando uma mulher negra se move, toda a sociedade também se movimenta junto dela. Trazendo-a como referência, penso que o movimento de travestis e pessoas trans também remexe as estruturas da sociedade como um todo. Tal transformação é comprovada pela experiência recente em nossa democracia de ter a oportunidade e privilégio de contar com travestis eleitas pelos quatro cantos do país, trazendo um novo vocabulário e modo de fazer política. De Érica Malunguinho na conservadora Assembleia Legislativa de São Paulo, à Benny Briolly na Câmara Municipal de Niterói, temos trazido uma agenda de (TRANS)FORMAÇÃO da política, título esse que acompanhará esta coluna, não por acaso. 

Podemos pensar diversos momentos em que o olhar e atuação de parlamentares travestis foram fundamentais para a construção de um novo marco civilizatório e para impedimento de retrocessos em matéria de direitos humanos. Temos o caso do projeto de Lei Estadual 346/19, que de forma transfóbica e cissexista busca excluir pessoas trans e travestis de competições esportivas, atribuindo o sexo biológico como critério para competição. Se não fosse a atuação da Mandata Quilombo de Érica Malunguinho, que empreendeu em potente campanha de oposição a este retrocesso, muito provavelmente hoje nossa comunidade seria marginalizada de mais esse espaço.

Olhemos então para a Vereadora Erika Hilton, cujo mandato empreendeu na primeira Comissão Parlamentar de Inquérito do país presidida por uma travesti e responsável por investigar a violência contra pessoas trans e travestis no município de São Paulo. Ou então pensemos na potência que é Benny Briolly propor um projeto de lei que institui Maria Mulambo, pomba gira cultuada em religiões de matriz africana, como protetora da cidade de Niterói. 

Nossa presença tem movido estruturas por todo o país. Segundo dados da ANTRA, contamos com 30 parlamentares travestis e trans eleitas em 2020, um grande salto se compararmos com as 8 eleitas em 2016. Os números nos são otimistas e obrigam a lembrar que “nossos passos vêm de longe”. Afinal, esses números, ainda singelos, são fruto de luta voraz e histórica da população travesti e trans no Brasil. Kátia Tapety, em 1992, foi a primeira travesti eleita a um cargo eletivo no país, como vereadora do Município de Colônia do Piauí. E as portas para Kátia não se abriram sozinhas, estando seu acesso diretamente ligado a um contexto histórico de efervescência política do movimento travesti, com a fundação no mesmo ano da ASTRAL,  Associação de Travestis e Liberados, primeira associação composta primordialmente por travestis na luta por seus direitos em toda a América Latina, nascida sob a liderança de Jovanna Baby e muitas outras figuras importantíssimas. 

Essa bela história, no entanto, não é recebida pela elite dominante de homens cis brancos sem nenhuma reação. Há setores muito interessados em silenciar as nossas vozes. Em maio de 2021, a vereadora Benny Briolly teve que deixar o país sob ameaças de morte, não tendo qualquer proteção efetiva do Estado do Rio de Janeiro. Diversas outras parlamentares ELEITAS relatam o mesmo, como Duda Salabert em Belo Horizonte, Erika Hilton em São Paulo e por aí vai. Esses casos foram até mesmo levados à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pela ANTRA – Associação Nacional de Travestis e Transexuais – que, em 23 de março de 2021, denunciou a violência política contra travestis e pessoas trans no Brasil. Lembremos do brutal assassinato político da vereadora Marielle Franco em 2018, até hoje sem respostas.  Não basta elegermos travestis e mulheres negras, é preciso que a gente cuide delas e as proteja. 

E em 2022 temos mais uma oportunidade de evoluirmos enquanto sociedade, continuando a eleger travestis e mulheres negras. A questão é, além do voto, estaremos lá também para cobrar as autoridades de sua proteção? A democracia sem travestis é uma democracia fajuta, pela metade. Nossas vozes são fundamentais para construir o futuro que o Brasil PRECISA. Estamos prontas para isso? Espero que sim. 

 

Foto: Banco de imagens do Canva/Divulgação

 

Victória Dandara e Ingrid Mariano

NOTA

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4 respostas

  1. Oláǃ
    Ρeço desculpаs рelа menѕagеm ехсеѕsivamente еspеcíficа.
    Εu e minhа namorаdа nоs аmamоѕ. Ε еѕtаmоѕ todoѕ ótіmоѕ.
    Мaѕ… precisаmоѕ de um hоmem.
    Тemos 23 anоѕ, dа Rоmênіa, também ѕаbemоѕ inglêѕ.
    Nunсa fiсamoѕ entеdiadоs! Е não ѕó na convеrsа…
    Мeu nome é Iѕabеlla, mеu perfіl eѕtá aqui: http://micfirelha.tk/rdx-86397/

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