A recente campanha promovida pelo Departamento de Responsabilidade Social do Sport Club Corinthians Paulista, “tire o machismo do campo”, em celebração aos 10 anos da Lei Maria da Penha, revelou-se não só oportuna, mas necessária. Nas Olimpíadas, deparamo-nos com episódios e situações lamentáveis, inclusive envolvendo profissionais da imprensa, que por serem formadores de opinião, deveriam agir com responsabilidade e respeito.
Mais do que torcer e competir, a mulher tem o direito de ser respeitada e o homem tem o dever de respeitá-la, sempre. Ela não está no mundo esportivo para sermusa, mas sim para realizar-se como ser humano, independentemente de seu gênero ou orientação sexual. É inadmissível que se julguem atletas pela sua condição sexual, deixando em segundo plano sua performance esportiva.
A ação corinthiana “tire o machismo do campo” precisa ser ampliada para as quadras, piscinas, pistas e todos os locais em que se praticam esportes. E para as diretorias e comissões técnicas dos clubes, federações, confederações, comitês organizadores de jogos, Fifa, redações da mídia impressa, falada e twittada. E lembramos que isso implica, necessariamente, em prover os esportes praticados por mulheres de condições financeiras e estruturais análogas a dos esportes praticados pelos homens, diminuindo a distância existente entre esporte masculino e esporte feminino.
Considerando que feminismo não é o oposto de machismo, pois a luta feminista pauta-se pelo respeito à diversidade, pela não discriminação e pela igualdade de direitos, reiteramos a necessidade de uma educação inclusiva em todos os setores da sociedade, porque para tirarmos o machismo da sociedade, é preciso, antes, tirá-lo da mente de cada um.
Maria Angélica de Oveira Nascimento
Pedagoga, de 75 anos, diretora de escoa aposentada, compromissada com as causas sociais, com a garantia dos direitos da população e com a luta das ‘minorias’.