A “Tenda Espírita de Umbanda Imaculada Conceição Oxum”, terreiro de Umbanda e Candomblé na Vila Mathias, fundada na década de 70 por Mam’etu Maza Kessy recebeu uma roda de conversa sobre respeito e história das religiões de matrizes africanas.
O evento aconteceu sábado (13/01) foi organizado pelo SESC/SP, para o projeto “Axé – Povos de Terreiro, Intolerância e Racismo Religioso” que acontece entre os dias 09 e 20 de janeiro. Essas ações fazem parte das comemorações do **”Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa“.
**O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído em 2007 e é celebrado em homenagem à Ialorixá baiana Gildásia dos Santos e Santos, fundadora do terreiro de candomblé Ilê Axé Abassá.18 de dez. de 2023
Quem foi mãe Mam ‘etu Maza Kessy?
A nordestina Magnólia dos Santos Fonseca ou mãe Mam’etu Maza Kessy faleceu em 2021, aos 85 anos. Iniciada na década de 1960 no candomblé, mostrou sua mediunidade desde os 06 anos. Conhecida pelo acolhimento, teve mais de 300 filhos (as) ao redor do país.
Uma curiosidade: Hoje, são 16 que cuidam da casa, número que rege o orixá Oxum, o mesmo guardião que cuida da casa há tantas décadas. Informação dada pela Yabassé (é a sacerdotisa que cuida do alimento nos cultos de matriz africana, sobretudo no Candomblé) para o Jornal Empoderado.
UMA CASA RECONHECIDA!
A “TENDA ESPÍRITA DE UMBANDA IMACULADA CONCEIÇÃO OXÚM – “NZO NKISI NDANDALUNDA MBUTU KONKOANGOLA” foi reconhecida como referência já na década de 70. E para evidenciar a importância desse espaço religioso, para a baixada santista, a vereadora Leci Brandão (PCdoB), criou o Projeto de Lei n° 1515/2023 que cria uma emenda que “Reconhece a comunidade tradicional TENDA ESPÍRITA DE UMBANDA IMACULADA CONCEIÇÃO OXÚM – “NZO NKISI NDANDALUNDA MBUTU KONKOANGOLA, como patrimônio histórico Cultural Imaterial do Estado de São Paulo, e dá outras providências”. E o documento continua: “Magnólia desenvolveu mais de 500 (quinhentos) médiuns e fora referência na nação “Congo-Angola” dentro do Candomblé e Umbanda, estando todo seu legado marcado no chão, paredes e história da Rua Luiza Macuco, nº 97, Vila Matias – Santos/SP.
A TENDA ESPÍRITA DE UMBANDA IMACULADA CONCEIÇÃO OXÚM – “NZO NKISI NDANDALUNDA MBUTU KONKO-ANGOLA, no ápice da ditadura, da intolerância religiosa e privação dos direitos humanos, civis e religiosos teve sua Utilidade Pública reconhecida através da Lei Municipal nº 3.895 de 2 de Outubro de 1974 e na esfera estadual através da Lei nº 750 de 5 de novembro de 1975.
Diante do acima exposto, considerando a relevância da presente iniciativa, solicita-se aos nobres membros desta Casa a aprovação da presente propositura.”
COMO FOI A RODA DE CONVERSA?
A Casa recebeu, além dos frequentadores assíduos, estiveram presentes alunos (as) do projeto do Sesc/Santos:: “Toques dos ritmos Nagô e danças dos Orixás”. Muitas coisas importantes foram faladas como a necessidade de mais divulgação dos feitos das religiões de matrizes africanas, mais livros feitos por pessoas negras sobre o tema, o papel das pessoas brancas na Umbanda e Candomblé, que a morte de uma mãe ou pai de santo não seja o fim da casa e o mais importante que a história negra não nasceu numa senzala. Quer saber mais? No Instagram do Jornal Empoderado tem o papo completo. Clica Aqui!
Quem abriu os trabalhos foi a representante da Tenda, Adriana Magalhães Gonçalves. Ela abordou “A História da Construção e Resistência da Tenda Espírita de Umbanda Imaculada Conceição Oxum” e emocionou os presentes quando lembrou os pensamentos da mãe Mam’etu Maza Kessy.
Na sequência a professora e mestranda Andreia Kelly falou como é lecionar sobre (liberdade) religião no ensino público e o impacto positivo nas crianças. A professora trouxe o tema “Irmandades Religiosas e Resistência Negra”
E completando a mesa Priscila Ribeiro, que tratou “As Estratégias de Enfrentamento ao Apagamento da História Negra e a Intolerância Religiosa” e como a escola de samba foi importante para sua formação como mulher negra.
E o dia terminou com uma roda de Candomblé e depois comidas deliciosas feitas pela Yabassé da Casa.
“Eu, Priscila, não quero fazer com os outros o que fizeram comigo, conosco. Eu quero contar a história como de fato ela é. E fazendo com que as nossas crianças e sociedade normalize a nossa existência e presença, com o nome dos nossos Deuses.” – Priscila Ribeiro
“Maior parte do material sobre religião de matriz africana se encontra em Museu da Polícia” – Andreia Kelly
NOTA: Agrdecimento especial para as filhas de santo da Casa, Profa. Andreia Kelly, Izabel Marques, Psicóloga Luiza Passos e Paloma Amorim.
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