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Terreiro de Candomblé é depredado por um vizinho durante as festividades para Yemanjá, no Anil, em Jacarepaguá.

Mais um caso de intolerância religiosa, no bairro do Anil, em Jacarepaguá/RJ, ocorrida neste sábado, dia 6 de fevereiro. 
 
O relato foi feito pelos dirigentes do O Ilê Àsé Babami Erinlé e Ogunté, Cristina D Yemanjá, Iyalorixá, de 50 anos e com 43 anos de iniciada e o Babalorixá Felipe D Odé, 33 anos, com 11 anos de iniciado.  
 
O terreiro, localizado na Rua Araticum, 1.505, no bairro do Anil (ZO), festejava homenagem para Yemanjá, quando por volta das 18h30, o vizinho Magnno Gomes Lúcio, que se titulava evangélico, começou a xingar e depredar o terreiro. O que era para ser uma comemoração, virou uma dor de cabeça. Segundo a Iyalorixá, que está há pouco mais de um ano no local, seguindo com sua religiosidade e seu Egbé (comunidade) com as funções religiosas e atendimentos ao público para caridade. O espaço pertence a outro religioso de matriz africana, que é por sinal, cunhado do agressor. Estando inclusive de acordo com a denúncia na delegacia. 
 
O templo fica em uma estrada sem saída, a mãe de santo alega que o vizinho, já tem histórico, que não é a 1ª vez. Já sofreu corte de luz e ouviu reclamação de barulho quando realizava atividade religiosa.  
 
“Ele já vem jogando piadinhas e vem nos incomodando já há um certo tempo, mas não demos importância, até esse sábado”. 
 
Tudo começou com uma discussão sobre a melhor forma de escoar o empoçamento de água provocado pela chuva. Como a casa receberia visitas, a sacerdotisa estava arrumando a entrada do terreiro. 
 
Mãe Cristina acrescenta ainda que tentou deixar a situação de forma pacífica, mas se viu encurralada e receosa com o descontrole do vizinho. Ensandecido, usando uma escada começou a quebrar o telhado (de um espaço reservado da casa – casa de santo), primeiramente com as mãos, em seguida utilizando um pedaço de pau (perna de três). Atingindo objetos sagrados de santo, como Odù de Yemanjá (combinação de jogo), quartinhas (espécie de jarro com tampa, feito em barro ou porcelana), Erê de Xangô (peças como Gamelinha e Trovoada) e pratos de Yemanjá e Oxalá.
 
E ainda proferindo ofensas do tipo: “Vocês são um bando de macumbeiros. Não quero macumba aqui”, “Por isso que não gosto de macumba”, “Odeio macumbeiros”, entre outros. Quando a polícia chegou, da 32ª DP, por volta das 19h, o agressor alegou que o ataque de fúria foi porque se sentiu ameaçado, tendo uma bebe de 4 meses em casa, negando ter cometido intolerância religiosa.  
 
Com princípios e respeito com qualquer outro segmento religioso, a sacerdotisa está estarrecida, ainda mais por ter reverência aos vizinhos, onde sempre evita realizar atividades no domingo, já que bem próximo tem uma igreja evangélica e furta-se de atividades até tarde da noite durante a semana. 
 
“Quem irá arcar com o prejuízo, seja moral,ofensivo ou material?”. Indaga a condutora do espaço. Sem falar que tem em seu terreiro três iniciados, que estão recolhidos para dedicar-se aos ritos, período esse que deveria ter como base: alegria e tranquilidade.
         
Cristina e seu irmão Felipe, denunciaram o caso na Agen Afro, foram orientados a levar o caso para DECRADI RJ- Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância – especializada em casos de intolerância religiosa do RJ. Mas já fizeram registro no domingo, com BO, na 32ª, na Taquara.  
 
Para o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos – interlocutor da CCIR – “Esse caso é uma prova de como estamos sem proteção, qualquer pessoa se acha no direito de profanar e ultrajar nossa religião. Só neste ano, e olha que estamos no início de fevereiro, recebi oito casos, sendo sete deles envolvendo o segmento de matriz africana. É preciso prender, punir, processar…”. Desabafa o sacerdote, que aguarda alguma posição das autoridades públicas.

NOTA

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