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SOLDADA NEGRA ACUSA BATALHÃO DE RACISMO E MOVIMENTO NEGRO FAZ MANIFESTAÇÃO

O caso aconteceu em Suzano, na Grande São Paulo

A Soldada negra acusa seu superior de constrangê-la dentro durante uma inspeção por conta das tranças que ela usa no cabelo. A vítima sofreu o constrangimento a ponto de ser obrigada a ficar dentro do alojamento enquanto acontecia a inspeção, porque o tenente tinha dúvidas se as tranças que ela utilizava no cabelo estavam em conformidade com as normas de apresentação pessoal da corporação. O fato ocorreu dia 16 de julho no 32° Batalhão de Polícia Militar de Suzano.

O caso está sendo apurado pela Secretaria de Segurança de São Paulo, que falou ao G1: “A SSP disse que a PM instaurou uma investigação para apurar os fatos e, caso seja identificada alguma transgressão disciplinar, medidas cabíveis serão tomadas“.

Cláudio Silva – Ouvidor da Polícia do Estado de SP

O ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Cláudio Silva, falou ao JE que “o caso é revelador quanto ao desafio que nossas forças policias tem em relação a um sujeito chamado racismo. Ao verificar a trança afro da soldado, o tenente não teve a ideia de visitar o manual, ele simplesmente escondeu a policial negra com seu cabelo africano, durante uma confraternização, com receio do batalhão perder pontos em qualificação vindoura. Uma postura que deveria resultar na desqualificação do batalhão, em razão da postura racista do policial. O resultado é: o batalhão recebe medalha de bronze, subindo no pódio do racismo”

A advogada da vítima, Karina Santos da Silva, informou que a soldado ficou mais de uma hora e meia no alojamento enquanto acontecia a averiguação, ela falou ao Empoderado que: “a Karol é uma vítima invisível, que não pode falar, que não pode se manifestar, então, seremos a voz dela”.

O mais importante é que a PM possa dizer se em seu “Regulamento de Apresentação Pessoal da Corporação” nega o direito de uso de tranças no cabelo para sua corporação?

32º Batalhão da Polícia Militar Metropolitano, em Suzano, na Grande SP — Foto: divulgação/ Polícia Militar

Conversa gravada

O g1 teve acesso à gravação da conversa da soldado com o 1º tenente da corporação no dia da inspeção.

Segundo a defesa da soldado, ela foi ordenada a permanecer no alojamento feminino pois o oficial tinha dúvidas sobre a permissão do uso das tranças em relação ao Regulamento de Apresentação Pessoal da Corporação.

Ainda de acordo com a defesa, a soldado ficou no local, mas teve uma crise de pânico ao perceber o motivo da exclusão. Uma outra policial socorreu a soldado, que foi levada para conversar novamente com o tenente.

Durante o diálogo com o oficial, de acordo com a gravação, o tenente diz que “é vedado o uso de postiços e apliques ou perucas”. Em seguida, ele questiona se as tranças dela eram postiças, sendo que ela afirma que não eram.

“Até agora não há um consenso se é um caso de aplicação, se é permitido ou não o seu corte de cabelo. Então, para não ter que explicar no pessoal de fora, eu pedi para que você ficasse no alojamento. Só isso”, teria dito o tenente na gravação.

Representação contra o tenente

No dia 19 de julho, a soldado apresentou representação à PM contra o tenente. O g1 teve acesso ao documento, no qual ela alega que foi vítima de constrangimento ilegal e “o fato de permanecer no interior do alojamento me deixou profundamente constrangida, diminuída e humilhada, considerando não haver motivos para que lá eu estivesse, a não ser minha estética capilar”.

Ainda segundo a representação, a soldado contou que o tenente disse a ela durante a conversa que ” ‘é oficial da PM e, portanto, ele não deveria sofrer, pensando em assuntos administrativos aos finais de semana’, antes, era eu quem deveria sofrer e, caso o referido Oficial ‘determinasse que eu plantasse bananeira, a ordem deveria ser cumprida’, além de me ameaçar dizendo que poderia me ‘prender’ naquele momento, pois encontraria vários artigos que se ‘encaixariam’ a esta sanção”.

“Não é desconhecido que nós, negros, historicamente sofremos por opressões, como as cediças questões da escravidão, segregação e discriminação, ainda hoje temas complexos e não totalmente resolvidos, como se percebe, com todo o respeito, no caso em tela”, argumentou a soldado no documento.

Ela ainda apontou que a motivação da decisão do oficial em ordenar que ela ficasse no alojamento foi racista, pois ela foi reclusa por um “problema estético”.

Ainda de acordo com a representação, a soldado afirmou que, depois do ocorrido, foi transferida para o rancho do batalhão. Para mais informações leia a reportagem do G1 aqui.

Leia o manifesto em apoio a soldado Karol:


Confira as fotos da manifestação de apoio a soldado:

Revisão e edição: Tatiana Oliveira Botosso

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