A semana da consciência negra é tempo de se pensar a cultura negra, do resgate da história e da identidade dessa gente que brilha na música, na literatura, na ciência, na política, em todos os campos. É também, entretanto, tempo para a refletir sobre as desigualdades. A visão crítica sobre os fatos faz a gente enxergar mais longe. Apenas sobre a realidade é possível projetar novos caminhos.
O Brasil tem grandes nomes de negros representando a música, como Tim Maia, Jorge Benjor e Elza Soares, concebeu Pelé como o jogador mais completo do século passado e tem atores como Grande Otelo e Lázaro Ramos, símbolos máximos de sua arte. Entretanto, muito longo pé o caminho para se alcançar a igualdade.
A população negra se concentra historicamente na periferia das cidades. Desta forma, a desigualdade da cor de pele se mistura com a desigualdade econômica. Privam-se milhões do acesso à educação, saúde e bens de consumo essenciais. No bairro de Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, distrito com grande contingente de população negra, a expectativa de vida se equipara à de países africanos como Serra Leoa.
Dados do Ipea apontam que entre 1995 e 2015 o rendimento da mulher negra foi o que mais se valorizou e o do homem branco o que menos avançou. Entretanto, segue a distinção de valores. Os homens brancos tem os maiores rendimentos. A taxa de desemprego é igualmente maior entre as mulheres negras ( 13,3%).
Ainda segundo o Ipea, no período entre 1995 e 2015 em muito aumentou a população negra com 12 ou mais anos de estudo ( de 3% passou a 12%). A população com cor de pele branca, entretanto, tem mais do que o dobro do contingente com 12 ou mais anos de estudo.
Avaliando o acesso à saúde privada, 17% dos negros tinham acesso à um plano de saúde em 2008 contra 34% dos brancos no mesmo ano.
Há de se lançar luzes à esta triste realidade, para que as diferenças sejam bandeiras de luta por um futuro mais justo
Fonte: http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=29526